De volta pra.... casa?

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No dia seguinte eu acordei enjoada. Corri até o banheiro, que era próximo de onde estávamos dormindo, e passei mal como da primeira vez. Não que eu comesse maravilhosamente bem, no entanto pelas coisas que já tinha ouvido falar que o primeiro trimestre era difícil e eu passaria por aquilo no meio de um apocalipse e sem estrutura nenhuma. Aquele pensamento estava grudado em minha mente e eu permanecia sentada no chão, ao lado da patente e com a cabeça encostada na divisória do banheiro. Com a auxilio da garrafinha com água, bebi um pouco do líquido e fiz uma higiene bucal com coisas que havíamos pego de mercadinhos abandonados pela cidade.

- Acordou cedo. – Lea brincou ao entrar em uma das cabines e eu estava apoiada na pia do banheiro, sorri e instantes depois a vi sair.

- Melhorou? – ela se aproximou de mim.

- Vou melhorar só daqui a 9 meses. – brinquei, mas ela permaneceu séria pensando no que eu havia dito e arregalou os olhos pra mim.

- Tá brincando?

- Você sabe que não tem como eu ter 100% de certeza, né? Mas já vomitei, ando enjoada, cansada, com sono, com dores nos seios e com a menstruação atrasada, claro. – fui irônica.

- Posso te abraçar? – ela indagou sorrindo e eu meneei a cabeça positivamente sentindo os braços de Lea me envolverem. Eu a amava. Ela era pura e verdadeira. Só conseguia ver o bem nos outros e era uma das minhas melhores amigas. A beijei no rosto carinhosamente. – você sabe o que isso significa, né?

Estranhei franzindo o cenho sem saber do que ela estava falando.

- Que precisamos voltar pra Apollon. Você não pode estar grávida e aqui fora.

- Martin vai adorar a ideia. – suspirei passando as mãos na testa.

- Ele é o pai do seu bebê e quer o melhor pra você e a criança. Ele vai aceitar. – ela pegou em uma das minhas mãos me passando força.

- CAROL? LEA? NÓS ESTAMOS QUASE DE SAÍDA. – ouvi a voz de Martin do lado de fora.

- JÁ ESTAMOS INDO. – respondi alto.

- Vamos? – indaguei quando Martin e Patrick se aproximaram de mim e Lea.

- Você está bem pra ir? – ele me perguntou preocupado e eu meneei a cabeça positivamente.

- Sim, eu passei mal agora de manhã, mas estou bem. Sobre isso, precisamos conversar.

Ele ficou me olhando como se esperasse eu continuar. Sabia que a conversa seria difícil.

- Precisamos voltar pra Apollon. – falei.

- O que? Por quê? – ele perguntou rapidamente.

- Você realmente está me perguntando por quê? – estava chateada com aquelas palavras.

- Carol, não é isso... Eu entendo, eu...

- Se você entende como diz que entende sabe que precisamos voltar. Eu não posso estar assim aqui fora.

Eu percebia que Patrick e Lea olhavam para mim e Martin esperando o desenrolar da discussão.

- Seu irmão é perigoso. Você esqueceu o que ele fez? O que ele fez com Jean?

Aquilo doeu em mim, mas não doeu mais que em Lea que abaixou o rosto ao meu lado.

- Desculpa, Lea. Eu não quis... – Martin falou.

- Eu perdoei o Rasmus, Martin. Por que você não pode? – Lea alterou um pouco seu tom de voz.

- Ele matou o Jean. Como você consegue?

- Eu o perdoei por mim, não por ele.

Vi Lea sair em passos rápidos e Patrick ir atrás dela. Com decepção no olhar eu olhei para Martin e neguei levemente com a cabeça.

- Saímos em alguns minutos. Se você quiser ficar eu não posso fazer nada. – falei me aproximando da minha mochila, colocando-a em minhas costas e saindo dali o mais rápido possível.

De onde estávamos até a Apollon não era uma distancia muito significativa, mas levando em conta a minha situação e o cansaço que sentíamos, sabíamos que aquela viagem poderia demorar mais do que o normal e ainda nos preocupávamos com a chuva que poderia vir a cair.

Com sorte, ou não, pela floresta nos aproximamos da Apollon. Quando vi de longe aquele enorme lugar um arrepio percorreu meu corpo e minha mente passou flashs se lembrando do que ocorrera há meses.

Em silêncio andamos lado a lado até os portões e fomos recebidos, nada amigavelmente, por guardas que já nos conhecíamos, mas mesmo assim usavam de deboche para falar conosco.

- Eu gostaria de falar com o meu irmão. – fui séria.

Os dois guardas tinham as armas apontadas para nós como se fossemos alguma ameaça. Ele riu ironicamente e puxou o walkie-talkie que estava no bolso, falou com outro guarda que estava lá dentro e segundos depois eu ouvi uma voz que fez com que meu coração quase parasse.

- Carol? Você está aí?

The Rain: GêmeosOnde histórias criam vida. Descubra agora