Capítulo 11 - Sem Rótulo Para Amar

31 6 0
                                    


Depois de uma semana de funcionamento, animais recolhidos e a confusão em que Júlya arrumou com o prefeito, decidi tirar férias do meu emprego oficial como gerente de uma loja de roupas e ajudar os Destinados.

O local era grande, bem projetado e estava fazendo sucesso. Carol conseguiu movimentar as redes sociais e atrair muita ajuda e doações. Porém, havia algo que precisava ser feito na infiltração onde os animais eram lavados. Júlya pediu que entrasse em contato com a empreiteira, havia garantia do projeto e como boa gerenciadora de conflitos, me disponibilizei para supervisionar.

Meu recrutamento no Moto clube foi ímpar. Sempre adorei motos e quando decidi comprar a minha, saí da concessionária em busca de pessoas que tinham a mesma paixão que eu. Encontrei o bar Destinados, conheci Dai e me apaixonei aos saber que o clube era quase exclusivo feminino. Precisava fazer parte, de qualquer jeito, a feminista em mim gritava por isso, então, pedi que me recrutasse, que era perfeita para a irmandade.

Minha audácia foi posta em prova na sinuca. Claro que ganhei e ainda deixei algum dinheiro no bar, de tanto que bebi para comemorar. A presidente do Moto Clube, depois de um tempo, falou que me aceitou não só por ter ganho, mas pelo meu jeito empreendedor e determinado em defender as causas femininas.

Era uma mulher moderna!

Sempre fui muito profissional, mas também desapegada. Muita gente me acha séria, porém, dois minutos comigo, ninguém acredita que por trás da pose de poder, existia uma sem vergonha!

De todas as Destinadas, eu era uma das poucas que mantinha duas casas, uma dentro da sede e uma fora. Minha rotina era atribulada, não tinha tempo nem para respirar, já que a loja ficava dentro do shopping e meu turno era de mais de doze horas.

Ajudar no centro de acolhimento de animais foi uma ótima desculpa para desacelerar.

— Bom dia! — animada e disposta a colocar a mão na massa se necessário, vim vestida para guerra. Com calça jeans rasgadas, blusão velho e cabelo preso, entrei pela porta da frente e inspecionei todos os cômodos e todos os canis.

Mentalmente, elenco tudo o que precisa ser feito ou averiguado. Tinha uma ótima memória, poucas vezes precisei anotar antes de delegar as tarefas.

Comprar ração especial, verificar estoque de vermífugos, pedir para a responsável da limpeza dos canis limpar os dois últimos do primeiro corredor...

Enquanto pensava, não olhei por onde andava e escorreguei. De bunda no chão, olhei para os lados e minhas mãos, constatando que minha vergonha foi além, era água suja e malcheirosa.

Eca, que nojo!

— Você está bem? — Um homem com capacete de segurança se aproximou e estendeu a mão. Ele vestia uma camisa xadrez vermelha, com as mangas dobradas até os cotovelos, calça jeans clara e botinas. Depois de averiguar todo o seu corpo, olhei para seu rosto e engoli meu constrangimento. Ele percebeu minha avaliação e seu sorriso era cativante.

Hipnotizada, estendi minha mão suja e quando ele a pegou, me puxou e fez uma careta.

— Merda, eu te sujei... — eu ri e olhei para todos os cantos, sem saber o que fazer. — Merda dupla, preciso me limpar e te limpar também. Estou fedendo!

— É previsível esse tipo de situação estando onde estamos — soou apaziguador.

— Bem, não no meu turno, porque estou aqui para organizar tudo. — Em modo profissional, marchei até a torneira mais próxima e lavei minhas mãos. — Venha você também, deixe que eu te limpe.

Destinados Moto ClubeOnde histórias criam vida. Descubra agora