Prólogo

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Quando o Destinados Moto Clube nasceu

Música: Blondie - One Way Or Another

Instagram: destino.literario 

Depois de tudo o que elas passaram, estavam se reunindo pela primeira vez. Não era algo que evitavam, mas a rotina e a vida em família mudaram as prioridades. Antes, a irmandade era prioridade acima de tudo, hoje, restou o amor e carinho por ela.

Destinados Moto Clube deixou de ser um local que acolhia pessoas sem família ou destino certo. Não era à toa que o nome cabia tão bem para os vinte integrantes que faziam parte.

Dai e Jhenny foram as idealizadoras do projeto. Tornaram-se amigas por acaso, quando ambas estavam na fila do supermercado e apenas dois caixas estavam disponíveis para atender mais de 15 pessoas.

— Cadê o gerente desse lugar? Além de não ter caixa preferencial, há muitos clientes para serem atendidos! — Dai saiu da fila com seu carrinho e abordou um funcionário que observava tudo acontecer e não fazia nada. Esse mercado era o mais próximo da sua pequena casa, que alugava com tanto custo. Ela não poderia se dar ao luxo de ir em outro lugar, já que sua locomoção eram os próprios pés.

— Senhora, eu não tenho culpa — o homem de olhar nem um pouco amistoso se apressou em responder, causando ira e revolta.

— Mas poderia estar fazendo algo ao invés de ficar apenas olhando.

— O gerente não veio. Não sou pago para ficar no caixa — assim que as palavras saíram da boca do homem, Dai arregalou os olhos e quis soltar uns palavrões. Que tipo de pessoa era essa, que não movimentava nenhum músculo para resolver algo da empresa que trabalha?

— Ah, você não é pago por isso, mas eu pago para ter um bom atendimento. — Jhenny saiu da fila, mas abandonou seu carrinho. Vestida com roupas pretas no estilo roqueira, ela parecia uma mulher em uma missão. Pegou com força e precisão no braço do homem que fazia corpo mole, colocou-o sentado em um dos caixas vagos e apontou para o monitor do computador, que registrava as compras. — Ligue!

— Você não manda...

— Se eu fosse você, obedecia. — Dai entrou na provocação e Jhenny não desviou seu olhar mortal do funcionário, que se intimidou e começou a trabalhar.

— Venha, senhora e gestante, vocês têm preferência. — A heroína do dia pediu para as pessoas, que tinham direito ao atendimento preferencial, fossem atendidos por ele. — E ai de você atender mal algum deles — ela completou de forma conspiratória e ameaçadora, causando nervoso ao homem.

Depois desse acontecimento, Dai e Jhenny se apresentaram e foi amizade à primeira vista, daquelas que a alma se reconhece, como se fossem irmãs de outros tempos.

Jhenny era vocalista de uma banda universitária e morava em uma república ali perto. Era estudante de música, para desgosto dos pais, mas felicidade plena dela. O ápice do seu dia era juntar os integrantes de sua banda e soltar seu espírito nas palavras de amor e protestos das músicas de rock que fazia cover.

Totalmente diferente, Dai faz de tudo para não largar a faculdade de educação física, a pedido dos pais. Longe da família, ela aluga um estúdio de Pilates e dá aulas, supervisionada, para todos os tipos de pessoas enquanto tenta continuar seus estudos. Seu maior orgulho é saber que pode ajudar com a recuperação de quem está debilidade, desde o mais simples ao mais complexo.

Às vezes, a ajuda era mais psicológica que física.

Dai começou a frequentar os shows de Jhenny e ela, a pequena casa da estudante de educação física, uma vez que a república onde residia era um antro de bagunça e desordem.

Aos poucos, elas compartilharam a casa, então os sonhos. Ambas gostavam de ajudar as pessoas e um velho e louco homem, em um dos shows de Jhenny, entregou um galpão e motos para ambas.

Assim que o show acabou, Jhenny largou os meninos da banda e foi sentar na mesa em que Dai estava ocupando. Era um ritual, elas tinham duas doses de bebidas, conversavam sobre a performance e depois se reuniam com o resto da banda.

O velho motociclista, vestido em couro e jeans, cabelos longos e barba espessa, as abordaram e soltou sem cerimônias.

— Tenho algo para vocês, moças. — Colocou um molho de chaves na mesa e as encarou. — Esse era o meu Moto Clube, mas meus irmãos fraternos decidiram me abandonar por um futuro longe de mim. Estou velho, não tenho família e tudo o que queria era que meu legado continuasse.

— Moço, acho que...

— Venham, valerá a pena — o homem insistiu.

As duas trocaram olhares curiosos, avisaram os amigos e acompanharam o homem, que não estava em uma moto, mas um carro.

Loucura?

Quem sabe...

Elas dizem que foi sorte, o destino batendo a porta e preenchendo um espaço na vida que realmente valia a pena.

Destinados Moto Clube virou a casa delas e em pouco tempo, de outras pessoas de garra, a maioria mulheres. Esse local há muito transformou vidas e hoje, trouxe recordações.

Sentadas confortavelmente em sofás, cadeiras e no chão, os integrantes do destinados conversavam na sala comunitária do Moto Clube. Hoje, nenhum deles moravam no galpão. Os quartos se transformaram em alojamento de emergência, já que todas possuíam família, sejam ela apenas mais um ou várias pessoas.

O que importava eram que todos haviam encontrado o seu destino, o amor que tanto ansiamos, o sincero e eterno.

— Vocês já ouviram a história de quando Dai conheceu Castiel? — Jhenny, sempre a mais desinibida da turma, interrompe a conversa paralela e fazem todas focarem em Dai e sua história.

Destinados Moto ClubeOnde histórias criam vida. Descubra agora