1 - Olhos de fogo

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Quando o navio da Marinha Real atracou no porto do Reino de Áquila, Kiera soube que sua vida nunca mais seria a mesma

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Quando o navio da Marinha Real atracou no porto do Reino de Áquila, Kiera soube que sua vida nunca mais seria a mesma.

— Por aqui, princesa Kiera de Valois.

Os guardas lhe estenderam a mão e a ajudaram a descer.

Ela manteve o queixo erguido. Mechas avermelhadas do cabelo escapavam do penteado elegante, misturando-se aos bordados do vestido e às joias que carregava no pescoço e nas orelhas.

Controlou a vontade bufar.

Estava vestida com elegância para ir em direção da gaiola de ouro onde passaria o resto de sua existência.

— Bem-vinda ao Reino de Áquila, princesa.

Assim que terminou de descer, a fúria do vento a açoitou, fazendo Kiera ofegar. O oceano, de um azul brilhante, jogava na areia do porto a espuma branca das ondas. O céu brilhava azulado acima de sua cabeça, e o sol derramava um brilho luminoso pela água, promovendo um jogo de luz e sombra com um navio ancorado à distância, que pareciam cintilar quando seus raios o tocavam.

Ali, na infinidade dos mares, havia uma liberdade que nunca teria.

— Princesa Kiera? — um dos guardas a chamou respeitosamente, fazendo uma mesura. — Precisamos ir em frente. A carruagem do príncipe Leopoldeison deve estar à sua espera.

Kiera mordeu o lábio, controlando a vontade de rir. O nome do tal príncipe a quem seus pais a prometeram sempre soava engraçado quando dito em voz alta.

Quem diabos batizava o filho de Leopoldeison?!

Antes de partir do castelo e de seu lar, sua mãe — a rainha — a fizera jurar três vezes de que não riria do nome de seu futuro marido.

Para Kiera, o destino gostava de zombar dela. Fizera-a ser a caçula e única filha mulher dos quatro herdeiros de seus pais. E havia uma sina em ser mulher naquela linhagem. Em sua família, as meninas não carregavam no sangue o segredo que os meninos carregavam.

Kiera bufou e praguejou baixo, de um jeito que sua professora de etiqueta a teria repreendido severamente.

Por causa disso, ela não passava de uma peça em um jogo político.

E agora ela teria que se casar com um príncipe que se chamava Leopoldeison, para que a união dos dois reinos pudesse formar uma barreira contra os avanços de um misterioso e perigoso lorde do Oeste, que vinha ganhando poder e influência nos últimos tempos.

É claro que havia discutido com os pais sobre o casamento.

Mas aquela era uma batalha que perdera desde o dia em que nascera.

— Por aqui, princesa.

Ela acompanhou os guardas, atrasando os passos pouco a pouco, absorvendo aquele pedaço do Reino de Áquila.

A Rebelião do Oceano | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora