7 - Canção distante

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Não houve como salvar o vestido

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Não houve como salvar o vestido. Era uma pena; Kiera até gostava da cor e de alguns bordados, apesar da extravagância do tecido. Mas um navio — um navio pirata — não era um lugar para rendas e fitas elegantes.

Foi um alívio se lavar e se limpar, e ela usou até a última gota da bacia, embora seu verdadeiro desejo fosse mergulhar em uma banheira com água quente e ficar ali até o sol se transformar na lua.

Aproveitando que estava sozinha, Kiera permaneceu despida e checou outra vez o ombro ferido. Apenas uma cicatriz pálida, e nada mais. Não entendia muito de flechas, porém, já tinha visto seus irmãos caçando, e sabia que o dano em sua pele deveria estar muito pior.

Talvez a dor houvesse sido maior do que o ferimento.

Demorou um tempo até que ela encontrasse um par de calças que coubesse nela, e a camisa exigiu uma dobra estratégica para permanecer em seu corpo sem mostrar mais do que devia. Kiera quase pulou de alegria ao char um cinto de couro. Amarrou-o na cintura, sentindo-se muito mais a vontade com o caimento do tecido. Foi surpreendida ao se deparar com um par gastos de botas femininas; como havia calçados como aquele em um navio pirata repleto de homens?

Deixando as perguntas de lado, Kiera respirou fundo e trançou as madeixas avermelhadas do cabelo. Ainda havia um pouco de terra nos fios, mas já se sentia infinitamente melhor do que antes.

Seu maior dilema agora era saber se podia ou não confiar no pirata.

Derek Morgan.

Uma mistura de beleza, enigmas, perigo e trapaça.

Podia confiar na palavra dele? Podia confiar que tudo ficaria bem quando chegassem em terra firme? Não conhecia nada do código pirata.

Seria bom colocar as mãos em uma faca ou algo do tipo. Apenas por precaução. Deve haver lâminas de sobra em um navio pirata, ponderou, andando de um lado para o outro. Posso deixá-la escondida no cinto.

De qualquer forma, tinha que bolar algum plano. Não era do tipo que bancava a dama indefesa, embora compreendesse, com amargura, que suas chances contra uma tripulação pirata eram algo perto de zero.

Kiera gemeu baixo.

Através da janela da cabine, tudo o que podia ver era um pedaço do oceano; sabia que ainda estava longe de qualquer porto, distante do Reino de Áquila e de seu futuro noivo.

Ela não dava a mínima para o que o príncipe Leopoldeison estaria pensando ou sentindo; sua única preocupação eram seus pais e seus irmãos. Pelos deuses, se as notícias da emboscada no Reino de Áquila já houvessem chegado ao Reino de Minera — sua terra natal, seu lar — sua família certamente estaria desesperada.

A Rebelião do Oceano | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora