6 - Barganha

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Tudo o que Kiera pôde fazer foi piscar, forçando o ar em seus pulmões através do aperto que crescia no peito

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Tudo o que Kiera pôde fazer foi piscar, forçando o ar em seus pulmões através do aperto que crescia no peito. Ela se forçou a engolir, a buscar por palavras para confrontá-lo, mas sua garganta reclamava de secura.

O pirata esticou os braços sobre a cabeça enquanto se levantava e se aproximava da cama. Kiera o encarou, acompanhando cada sonar do passo dele, cadenciando pelo vai-e-vem do oceano, desejando ter alguma coisa além dos braços doloridos para se defender.

Ela notou que havia um jarro e uma concha ao lado da cama. Com cuidado, o pirata os pegou e se acomodou na beira do colchão.

— Aqui — ele ofereceu, mergulhando a concha na água.

Ainda receosa, mas com uma sede aterradora, Kiera aceitou a água. Levou a concha aos lábios, batalhando com a dor surda na cabeça e o embrulho no estômago.

Assim que o líquido fresco umedeceu seu paladar, Kiera percebeu que nunca havia dado valor verdadeiro à água. A primeira concha acabou antes que ela pudesse se sentir saciada. O segundo gole foi de puro alívio. Cada vez que ela esvaziava o recipiente, o pirata o enchia pacientemente. Um pensamento lhe ocorreu sobre venenos e sedativos; mas, se ele a quisesse morta ou inconsciente, já teria feito aquilo antes.

Kiera perdeu a conta de quantas conchas bebeu. Pode ter sido todo o recipiente; ela não se importava. E, pelos deuses, queria se banhar e trocar as vestes sujas de terra.

Quando o pirata colocou o jarro de lado, a concha bateu no fundo, tilintando em ecos pela cabine.

— Quem é você? — Kiera mais bradou do que perguntou. As batidas do seu coração latejavam nos ouvidos. — Onde estou?

Ele abriu um sorriso enigmático, fazendo uma mesura teatral.

— Para sua primeira pergunta, amor, sou o Capitão Derek Morgan. E, para sua segunda pergunta, lhe informo que você tem a honra de estar a bordo do meu navio, o Tempestade da Caveira, Vossa Alteza.

Não passou despercebido, aos ouvidos de Kiera, a ironia que ele empregou ao título real.

— E o que estou fazendo a bordo do seu navio, capitão? — ela devolveu o título com a mesma ironia.

— Foi você quem se jogou desesperada nos meus braços, princesa. Lá na floresta. Recorda-se, amor?

Involuntariamente, as bochechas de Kiera coraram.

Suas mãos comprimiram os lençóis da cama, e ela tentou contabilizar a respiração. Um, dois, três. Precisava se acalmar. Um, dois, três. Precisava raciocinar com clareza. Edward, seu irmão mais velho, sempre lhe dizia que ele se metia em problemas por conta do temperamento impetuoso e explosivo. E, por mais que odiasse admitir, sabia que, naquele momento, estava em uma posição vulnerável.

— O que aconteceu com os soldados do brasão de salamandra? — ela perguntou. — Suponho que eles não façam parte do seu grupo.

— Eles fugiram durante nossa tentativa de saque. E, quando você se jogou nos meus braços...

A Rebelião do Oceano | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora