Capítulo 1

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Fiz esse livro por você,
Gabriel

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Há coisas que acontecem só uma vez na vida. Como ganhar na loteria, achar cem reais na rua, amar alguém tão profundamente que chega a doer, ou morrer.

Eu conheci o amor. O observei de tão perto que quase pude tocá-lo.

Não, não é uma história sobre mim. Eu sou apenas um elo entre duas almas. Quase um cupido. Essa é a história sobre Samael e Lianne, duas almas perdidas que precisavam se encontrar.

Gostaria de começar dizendo como eu os conheci. Foi em épocas próximas, como se o destino planejasse desde cedo.

Era um dia frio. Eu tinha 15 anos e estava sentada num banco de um parque solitário; um parque para idosos alimentarem as aves que ali passavam ou casais jovens que gostam de contemplar a natureza.

Estava observando os pássaros voarem para o sul e a queda das folhas velhas quando vi um garoto extremamente agasalhado passar por perto. Naquele momento não pude fazer nada a não ser pegar meu caderno preferido e fazer a única coisa que realmente gosto.

Era lindo. A pele tão pálida que qualquer mínimo raio de sol podia queimá-la, branco como a neve. Os cabelos tão claros que parecia um jovem idoso. Os olhos tão azuis quanto o céu em seu melhor estado de humor. Seu olhar irritado foi para o céu, enquanto murmurava algo que eu não pude escutar.

Enquadrei aquele anjo que apareceu de repente em meus dedos enquanto voltava o meu olhar para o caderno.

– Eu posso ver? – quando percebi, ele já estava próximo de mim olhando para o meu caderno – Você estava escrevendo? – perguntou surpreso – Eu pensei que estivesse desenhando.

– Escrever é minha forma de desenhar. – disse enquanto fechava o caderno – Registrar as coisas a minha volta, as pessoas, as árvores, o mundo.

– Essa é uma forma interessante de ver o mundo. – sorriu.

Meses depois, eu a conheci.

Estava na parada esperando meu ônibus chegar. Tinha largado mais tarde da escola, estava exausta, irritada com o Sol batendo na minha cabeça e com os espertinhos que tentavam furar a fila. Até que uma mulher entrou na fila e começou a falar sozinha.

– Eu amo as pessoas. Amo o Sol! Amo essa agitação, essas conversas. – até que gritou: – EU AMO VIVER!

Era linda. O Sol batia na sua pele exposta, porém protegida pelo excesso de melanina. Seus cachos cheios e escuros eram desmanchados com o vento. Olhos tão negros quanto a noite mais escura, brilhava como se ali houvessem estrelas. Seu sorriso enorme foi para o céu enquanto falava.

Dentro do ônibus, ela ficou em pé ao meu lado. Fixei meu olhar na parada onde estivemos. Queria escrever algo sobre uma mulher que sempre vê o lado positivo de tudo.

– Eu vejo o mundo como uma grande floresta cheia de árvores diferentes, porém conectadas. – ouvi, de repente. – E você?

– Eu... Eu o desenho com palavras.

– Essa é uma forma interessante de ver o mundo. – ela sorriu.


Assim eu os conheci, porém demorou um pouco para termos contato. Esse ainda não é o início.

Samael e LianneOnde histórias criam vida. Descubra agora