Minha Parceira

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A seriedade daquela reunião endurecia todos os músculos de meus pescoços, as sombras espiralado ao meu redor, escondendo minha aparência de pouco sono. Era muito, simplesmente muito para resolver. Nem o brilho de seu filho pequeno tirava o peso que eu enxergava em Rhys naquele momento.
Faziam duas semanas desde aquela noite com Elain. Desde quase um grande erro, desde quando Rhysand havia cruelmente e verdadeiramente insinuado, que eu não merecia Elain. Ela era a parceira de outro, afinal. Eu conseguia sentir o cheiro do laço.
Minha mente era um turbilhão negro de tensões e preocupações prestes a romper, sobrepujando tudo. Tudo, menos uma luz. A luz que eu via ao imaginar aqueles olhos castanhos. Não importando o quanto eu não a merecesse, pensar nela ainda me iluminava. As vezes, eu pensava em Gwyn... Mas não era a mesma coisa. A luz daqueles cabelos caramelos, dos olhos castanhos claros... A luz que me cegou, naquele momento, arrancou meus sentidos, sem aviso prévio.

Eu caí de joelhos, na frente de meus irmãos, Cassian se pressionando contra meu peito para me impedir de cair. Rhysand levantou de sua cadeira, assustado e preocupado, minha queda fazendo um som estrondoso ecoar, os ossos dos joelhos sofrendo intensamente o impacto. Eu não podia respirar, e as sombras gritavam tanto que pareciam estar em um silêncio enorme. Eu estava ficando surdo e engasgava, até que a visão agora, não era mais minha.

Um olho vermelho e outro dourado estavam voltados para mim, expressando agonia. E eu sentia desconforto - _ela_ sentia desconforto. Eu vivia pelos sentidos dela naquele momento. Ela havia... Elain havia me puxado para dentro de sua mente e eu duvidava que ela sequer soubesse. Mas como?! Com que conexão, com que...

Aquele caminho, a linha até meu corpo, na sala com Rhys e Cassian tentando me amparar, pulsava, fraca e tênue, por baixo de uma linha estranha, que parecia errada e ao mesmo tempo, cheia de luz, que ligava Elain a Lucien. A linha do laço de parceria. A ponte, que parecia rachada e deslocada. Aquele laço não estava na alma imortal de Elain. Aquele laço estava ligado a parte do caldeirão que Elain carregava em si, em sua vidência, suas premonições. Não a sua alma, ao seu corpo imortal e ao seu coração feérico. Aquele laço não era um laço de parceria. Não como Lucien, naquele quarto na corte Outonal, tentava provar. Era algo diferente, mais... Cruel.

O que Elain estava fazendo lá? Ela deveria estar com Nestha, segura em Velaris, enquanto tentávamos descobrir como lidar com aquele imenso monte de problemas na Casa dos Ventos.
Senti a dor de um tapa dado por Cassian. Qualquer coisa para me fazer acordar ou respirar direito, percebi, pela linha que me ligava a mim. Aquela linha imperfeita e escura, impura como eu. Ela nem deveria estar ali, mas estava, brilhando como se grãos de pólen das flores que Elain cultivava, estivessem pulsando nas minhas sombras.

Eu sabia... que havia algo ali.

Elain deu dois passos para trás, contendo um soluço na garganta:

- Lucien, por favor, me deixe sair daqui.

O ruivo balançou a cabeça.

- Você é minha parceira... Eu quero... Eu preciso entender. Eu preciso disso Elain. Preciso sentir você e saber que ainda posso sentir. Que essa sensação horrível pode ser boa.

Ela veemente sacudiu a cabeça.

- Eu não aceito esse laço de parceria. Eu não vejo ele e ele não me parece certo - Dessa vez, ela realmente deixou um soluço escapar - Isso não é um laço de parceria. Você não vai conseguir firmar ele assim. Por que ele não existe da forma que você acredita, Lucien. Me deixe sair.

Elain se partia. Medo preenchia meus sentidos, junto com o desespero de querer alguém para lhe salvar.

- Você verá, Elain.

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