I'm Sorry for Leaving (BakuDeku)

Capítulo 10 - Fuga

- Aquela época foi bastante incômoda para mim. Sempre que eu saía de casa o Toshinori estava comigo - Encarei a mesa distraído enquanto contava - Ele era um homem sério mas também era gentil e sempre se mostrou disposto a conversar. Eu particularmente não tive nenhum problema diretamente com ele, afinal ele só estava cumprindo ordens e não teve culpa do que aconteceu - Apesar das palavras de compreensão, minha expressão não demonstrava um pingo de afeto - Aqueles dias foram realmente muito dificeis para mim. Conforme os dias foram passando eu comecei a me acostumar com a presença de Toshinori, mas minha mãe ainda estava muito preocupada comigo. Ela ficou muito superprotetora depois de tudo o que aconteceu e não me permitia mais ir na casa do Shoto, Kacchan, nem de qualquer outro amigo meu. Claro que tentei me opor mas ela continuava dizendo que era tudo pelo meu bem... então eu sempre acabava me rendendo e aceitando as suas ordens, por mais absurdas que elas eram.

Dei uma pequena pausa para recordar mais detalhadamente de algumas coisas e continuei logo em seguida.

- Kacchan até me questionou algumas vezes sobre eu ter me afastado e eu sempre dava uma desculpa esfarrapada - Sorri de leve com um pequeno divertimento - Eu contei a Shoto sobre Yagi e ele compreendeu a situação pacificamente, como sempre - Meu sorriso foi se desfazendo a medida que eu continuava falando - A obsessão de minha mãe chegou ao ponto de ela monitorar meu celular, e eu precisava constantemente apagar as mensagens que meu pai me enviava todos os dias para evitar que ela as visse e fizesse um escândalo - Suspirei e olhei para o rosto da doutora que me encarava atenta - A cada dia que se passava mais da minha liberdade e privacidade foi tirado de mim, e eu não podia nem questionar, pois era sempre... "tudo pelo meu bem"... - Falei baixo a última parte mas tendo certeza que seria audível para Fumiko - Eu estava começando a ficar muito esgotado mentalmente pela quantidade de estresse que eu guardava para mim, e Kacchan pareceu ter notado isso...

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- Hei, por que não vamos no nosso esconderijo hoje? Já faz um tempo desde que fomos juntos - Sugeriu o loiro. Estávamos no intervalo sentados debaixo de uma árvore que ficava no canto do pátio da escola, o lugar perfeito para um dia ensolarado e quente como aquele.

- Eu não posso - Disse cabisbaixo após terminar de mastigar um pedasso de meu sanduíche. Eu queria e muito ir para a casa na árvore, o lugar onde não havia nada com o que me preocupar além de levar algo para comer, mas as objeções da mamãe não permitiam.

- E por que não? - Questionou o loiro curioso se sentando de de frente para mim.

- ... Não posso dizer... - Respondi lamentoso. Desejava poder contar para Katsuki tudo o que estava escondendo em meu interior, mas eu não conseguia. Ele era o único que me fazia sentir alegre e me distraía dos meus problemas em casa. Não queria estragar nossos momentos juntos com aquelas coisas problemáticas.

- E eu também não posso deixar que você fique dentro de casa deprimido! - Protestou meu amigo de infância fazendo-me corar de vergonha ao perceber o quão óbvio estava sendo. O loiro suspirou e continuou a falar - Por que a gente não foge durante a noite? - Propôs e eu o encarei assustado. Como assim fugir? E para onde nós iríamos? - Estou falando de ir para a casa na árvore, imbecil - Explicou na tentativa de me acalmar. Novamente minhas expressões podiam ser facilmente lidas por ele. Por que eu não conseguia as controlar quando estava com Katsuki?

- Ainda assim isso é loucura! Eu nunca conseguiria fazer isso, e se fizesse eu estaria ferrado se minha mãe descobrisse - Disse ao finalmente terminar meu sanduíche e me encostar no tronco da árvore atrás de mim.

- É bom se arriscar de vez em quado - Contou o maior me acompando em meu ato.

- Isso não é uma brincadeira de criança, Kacchan! - Falei emburrado lhe acertando um fraco soco em seu ombro que resultou em nada menos que leva-lo as gargalhadas.