É isso. Acabei de contar toda a minha vida para uma completa desconhecida. Não me restava esperança de que depois disso minha vida fosse dar um salto para a vitória e todos os meus problemas desapareceriam.
Por que então fiz isso? Por que desenterrei meus segredos para alguém mesmo sabendo que não posso ser ajudado?
Um longo e arrastado suspiro encerrou meu enorme e quase interminável monólogo. Meus braços estavam esticados sobre minhas pernas enquanto meus dedos da mão esquerda brincavam com minha luva na outra mão.
Estava ansioso esperando as palavras da doutora. Essa que permaneceu os próximos minutos digitando em seu computador sem me olhar diretamente.
Depois de um tempo ela apertou a última tecla e finalmente olhou para mim enquanto ajeitava seus óculos.
- Izuku, você passou por inúmeros acontecimentos traumáticos durante toda sua vida até aqui. - Estendeu seus braços sobre a mesa e entrelaçou seus dedos. - São questões a serem tratadas com o tempo e somente com acompanhamento poderemos tratar suas feridas internas. Quero que entenda que o tratamento leva tempo e apenas você poderá dizer quando estiver bem. Não posso garantir que todas as dores serão curadas, mas juntos vamos aprender a como lidar com elas e as tornar mais suportáveis no dia a dia. - Ela se afastou um pouco da mesa e apontou com o indicador para a tela do computador. - Você deve ter notado que durante nossa conversa eu fiz algumas anotações. São tópicos que eu criei para lidarmos com as situações uma a uma. De pouco em pouco nós iremos trabalhar com seus sentimentos perante a tudo e vamos superar essas dificuldades. - Sua mão agora apontava para si mesma, perto de seu coração. - Eu garanto que darei o meu melhor para te acompanhar nessa jornada e farei o que estiver ao meu alcance para te ajudar da melhor forma possível. Você pode confiar em mim nesse caminho? - Seu olhar estava sério enquanto esperava uma resposta.
Inconscientemente mordi o interior de minha bochecha. Não consegui sustentar meu olhar em sua figura. Meus dedos se apertavam ao ponto da pequena dor voltar e meus olhos se guiaram para o chão.
- ...A-Acho que sim... - Não sabia dizer o que era aquele sentimento. Meu coração batia acelerado em meu peito e minha respiração ficou levemente desregular.
- Fico feliz com essa resposta. - Um grande e doce sorriso brincava em seus lábios. - Infelizmente nosso tempo acabou, mas estarei esperando ansiosamente para encontrar você em nossa próxima consulta, Izuku. - Tombou sua cabeça para o lado enquanto se levantava de sua cadeira.
- É... Obrigado... - Ainda estava confuso com aquela sensação em meu peito. Me levantei da cadeira e fiz uma breve reverência antes de me guiar até a porta.
Do lado de fora, Todoroki aguardava pacientemente. Eu devia estar fazendo alguma expressão engraçada, pois seu olhar se tornou preocupado ao se encontrar com o meu.
- E aí? Como foi? - De pé, ele andou até ficar de frente a mim.
- Não tenho certeza... - Disse breve com a mão pousada em meu peito sentindo meu batimento ainda desregular.
- Entendo... - Pude ver sua expressão suavizar. - Devemos ir? - Perguntou de forma suave enquanto apontava para a saída. Em resposta, apenas concordei com a cabeça.
O caminhou ficou silencioso por um tempo até que eu pudesse me acalmar daquela nova sensação. Todoroki, paciente como sempre, me deixou tomar o meu tempo.
- Me desculpe por te fazer esperar tanto tempo. - Mais calmo, decidi iniciar uma conversa.
- Não foi tanto tempo assim. - Levantou sua mão para checar seu relógio de pulso. - Cerca de 50 minutos, acredito eu.
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I'm Sorry for Leaving (BakuDeku)
RomanceMidoriya Izuku, 17 anos, um passado do qual o leva a ter pesadelos nos dias atuais, um pai alcoólatra, uma mãe que trabalha duro todos os dias para sustentar sua família, um irmão que não o suporta e uma paixão por alguém que o odeia. Na prova da de...