💗CAPÍTULO III💗

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Capítulo Três.


Kaleb se mantinha sentado na cadeira à horas, esperando a garota acordar. Ele não se importava em ficar olhando para ela, pelo contrário! Ela chamava sua atenção, como ninguém nunca o fez. Passou a noite toda ali e nem se importou, por estar no mesmo lugar quando o sol nasceu.

— Bom dia. —  Kaleb falou, tentando ser simpático, ao ver que a garota abriu os olhos.

Ela se levantou, sentando-se, assustada, por ver aquele homem ao lado da cama.

— Por favor, fique calma. Não vou te machucar. — Kaleb se levantou, caminhando até ela. Tentando acalmá-la.

Ela o observou e se encolheu, abraçando as pernas, escondendo a cabeça no meio dos joelhos. Celina ficou apavorada ao ver aquele homem enorme.

— Por favor, não me machuque. — Disse ela, em um sussurro de medo, pelo que aquele homem poderia fazer a ela.

— Não vou te machucar. — Disse ele, triste, por ela pensar aquilo. Pela primeira vez, Kaleb se sentiu mal, em ver alguém com medo dele.

Algo que sempre o deixou bem, causar medo, pânico, pavor, mas agora, ele não queria que ela tivesse medo dele.

— Eu te ajudei ontem, se lembra? Eu protegi você. — Falou, tentando acalmá-la.

Ela ergueu seu rosto calmamente, olhando para o Kaleb parado a sua frente. Parece que finalmente ela se recordou dele.

— Você não vai me machucar? — Perguntou ela, um pouco receosa, olhando timidamente para ele.

— Não! — Confirmou ele e Kaleb percebeu os ombros dela relaxarem.

Celina o encarava, se recordando da noite passada, de como ele lhe ajudou. Ele não poderia ser mal, ele a salvou, não é mesmo?! Pensava ela.

— Por que você estava fugindo daquele homem? — Kaleb perguntou, a fim, de algumas respostas. Queria entender o que estava acontecendo.

— Ele é meu padrasto. — Contou ela, sem rodeios. Não tinha porque mentir, afinal de contas, ele a salvou.

— E por que estava fugindo dele? — Kaleb queria mais detalhes.

— Porque ele é um monstro. — Disse ela, abraçando mais as pernas, parecendo querer se proteger. Celina não gostava de lembrar do que passou.

— Foi ele quem fez isso com você? — Kaleb perguntou, apontando para o rosto dela, com o hematoma e um corte no lábio.

— Sim! — Afirmou ela.

— Sua família não te protege? — Perguntou, com raiva, por alguém ter deixado aquele homem fazer aquilo com ela.

— Não tenho família! — Disse ela, com peso na voz. — Não mais… — Falou e uma lágrima caiu em seu rosto.

Kaleb não sabia o que dizer, nunca teve esse momento em sua vida. Nunca sentiu nada por ver alguém morrer, mas percebeu como ela ficou triste pela conversa, em dizer sobre sua família, que não tem mais ninguém.

— Por que tentou se matar? — Kaleb perguntou, olhando os pulsos dela, enfaixados pelo doutor Lorenzo.

Ela olhou para suas mãos, pegando nos seus próprios pulsos e, lágrimas encheram seus olhos, por se recordar do que a levou a fazer aquilo.

— Porque não suportaria a vida que ele estava me obrigando. — Disse ela e as lágrimas caíram pelo seu rosto.
— E qual seria essa vida? — Kaleb perguntou, querendo saber por que ela tentou tirar a própria vida. Talvez, se ele não tivesse encontrado ela, nem mesmo teria sobrevivido.

Ela olhou para o Kaleb, encarando seu olhar sobre ela. Kaleb queria enxugar suas lágrimas, nem ele entendia suas ações, mas achou melhor não tocar nela.

— Porque a vida, a qual ele queria me obrigar, seria me casar com um homem, para pagar suas dívidas. — Contou ela.

Mais uma vez, Kaleb não sabia o que dizer. De todos seus pensamentos, aquele foi o único que não passou por sua mente. Como alguém poderia fazer tal coisa?! Ele nunca foi um homem bom, mas aquilo, era anormal até mesmo para ele. Obrigar alguém a se casar, sem sua vontade.

— Mas você é maior de idade, não é? — Kaleb perguntou, querendo saber porque ela não foi embora.

— Tenho vinte e dois anos. — Disse ela e Kaleb se espantou, não pensou que ela teria essa idade.

Kaleb acreditava que ela era mais jovem. Com seus trinta e três anos, ao se comparar a ela, diria que ela, no máximo, tem vinte anos, mas vinte e dois? Nunca!

— Então por que ficou com ele? — Kaleb, queria entendê-la. — Poderia dizer não e, ter ido embora.

— Não é como se eu tivesse muita escolha... — Disse ela, querendo contar toda sua história. — Quando minha mãe morreu, fui embora estudar e por ter dezessete anos na época, meu padrasto ficou responsável por tudo, até mesmo minha tutela. Eu confiava nele, afinal de contas, ele foi casado com a minha mãe por cinco anos e nunca fez nada que pudesse duvidar da sua capacidade em cuidar do patrimônio da minha família. — Ela foi desabafando, contando sua história e Kaleb ouvia com atenção. — Só que a um ano, me ligaram da faculdade, pedindo para pagar as mensalidades, que já não era paga a uns bons meses. No começo eu não entendi bem, mas voltei para casa conversar com meu padrasto... — Disse ela, triste. — Quando cheguei aqui…não tinha mais nada.

— Como assim? — Kaleb perguntou, sem entender direito.

— Não tinha mais casa, carro, dinheiro, ele acabou com tudo. Não existe mais nada. — Disse ela e, às lágrimas mais uma vez molharam seu rosto. Kaleb se mantinha em pé ao lado da cama, mas sua vontade era pegá-la em seus braços e mantê-la junto dele, para que soubesse que estava protegida. — A pouco mais de três meses, ele disse que tinha arrumado um casamento para mim e que com isso nossos problemas seriam resolvidos. Na mesma hora eu disse não, mas minha resposta não foi bem aceita! — Contou ela, tentando segurar o choro. — Então ele me trancou em um quarto, quase nunca me levava comida e quando queria saber se minha resposta tinha mudado, ele me batia. — Celina já não conseguia mais segurar o choro, então deixou às lágrimas mais uma vez molharem seu rosto. Lembrando de toda a dor e sofrimento que passou nos últimos três meses.

Kaleb, se mantinha indiferente, parecia não se importar com as palavras da garota, mas por dentro sua raiva, fervia, borbulhava, querendo transbordar. Ele já matou por muito menos e esse verme não seria diferente, mas ela não precisava saber das suas intenções. Ela já estava sofrendo demais.

— Estamos conversando, mas eu nem mesmo sei seu nome. — Perguntou, tentando descontraí-la. — Me chamo, Kaleb. — Disse ele, com simpatia.

— Meu Deus! Como são meus modos. — Celina falou, secando as lágrimas do seu rosto. — Me chamo, Celina. — Contou a ele, com um pequeno sorriso, olhando para o Kaleb e ele ficou sem reação.

Kaleb, ficou pasmo, olhando aquela garota, sorrindo docemente para ele e, sentiu seu coração martelar dentro do peito. Não sabia explicar o que era, mas uma certeza ele tinha. Apenas ela fazia isso com ele!

— Agora que nos apresentamos, gostaria de convidá-la para tomar café. Ficarei ali fora, esperando. Pode usar o banheiro e, se desejar, pode tomar banho. Tem tudo o que precisa. — Disse ele, atencioso, querendo que ela se sentisse à vontade, em sua casa. — O banheiro fica ali. — Falou, apontando para a porta do banheiro.

— Obrigado! — Agradeceu ela, pela forma gentil dele. Tinham se conhecido a pouco, mas ele estava cuidando dela, como ninguém nunca fez.

Kaleb se virou para ir embora e deixá-la à vontade, mas ela o chamou.

— Kaleb. — Celina chamou por seu nome, assim que ele passou pela soleira da porta. Kaleb se virou, olhando para ela. — Obrigado por ter me salvado ontem. — Agradeceu ela, com o mesmo sorriso doce, fazendo seu coração mais uma vez martelar dentro do peito. — Se não fosse por você… não sei o que teria acontecido. — Disse ela e Kaleb pôde ver ela estremecer.

— Não precisa agradecer. — Falou, não querendo nem pensar, no que teria acontecido, se não tivesse encontrado ela e, saiu, meio atordoado, por aquela garota estar afetando tanto seu juízo.

MINHA PEQUENA REDENÇÃO. Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora