💗CAPÍTULO VIII💗

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Capítulo Oito.



Celina não conseguia entender o porquê do Kaleb, estar sendo tão indiferente com ela. Ele mal olhava para ela, depois que ele saiu todo apressado da piscina. Queria perguntar o que estava acontecendo, mas nem mesmo teve tempo, assim que chegaram de viagem, Kaleb recebeu uma ligação e saiu às pressas.

E se isso já não fosse o suficiente, quando chegaram em casa, a tia do Kaleb estava hospedada na casa e, ainda por cima, ficaria por alguns dias o que a deixou muito preocupada, já que, o Kaleb mencionou que a Daiana estava desconfiada do casamento dos dois e não sabia como seria as coisas com ela ali, vigiando tudo.

— Como foi a viagem, Celina? — Daiana perguntou, curiosa.

— Foi bem. — Celina respondeu, sem dar muitos detalhes, até porque, nem tinha.

— Você está com uma carinha triste. — Daiana falou, avaliando a Celina.

— Estou um pouco cansada da viagem. — Celina falou, um pouco nervosa, pelo rumo da conversa. Será que estava tão na cara assim, sua frustração?

— Descanse um pouco, minha querida. — Daiana sugeriu a ela.

— Vou para o meu quarto descansar um pouco, logo estarei bem melhor. — Celina falou, se levantando do sofá.

— O quarto do Kaleb, você quis dizer? — Daiana perguntou, ainda mais desconfiada daquela história toda.

— Sim! Claro que sim! — Celina respondeu rapidamente, vendo que a Daiana estava lhe avaliando.

— Bom descanso, minha querida. — Daiana falou com simpatia e Celina saiu às pressas.

Daiana estava com um pé atrás por esse casamento, mas agora ao ver a Celina, como ela estava estranha, em responder suas perguntas, ela ficou com os dois pés atrás. Tinha algo de errado com aqueles dois!

[...]

NAQUELA MESMA TARDE...

— Hora hora hora, se não é o tão procurado, Jorge! — Kaleb murmurou, entrando no galpão, velho e abandonado. O mesmo que esteve a alguns dias atrás, quando conheceu a Celina.

Por dias, Scott e alguns dos seus homens, procuraram pelo Jorge a mando dele, até que finalmente o encontraram, escondido em um beco, junto a uns moradores de rua. Foi bem esperto da parte dele, mas Kaleb, o encontraria do outro lado do mundo, se fosse preciso!

— Estava escondido, feito um rato de esgoto! — Scott contou, dando um forte tapa na cabeça do homem que estava amarrado e amordaçado, em uma cadeira. Olhando apavorado para os dois homens a sua frente.

— Não sei por que eles ainda tentam se esconder. — Kaleb falou, arrancando a fita da boca do homem, sem nenhuma delicadeza.

— Por favor, você se casou com ela, Kaleb. Não vou fazer nada com a Celina. Só não me machuque, por favor... — Pediu ele, apavorado, em meio aos seus gemidos, pela dor em seu rosto pela forma que Kaleb puxou a fita adesiva.

Kaleb já teve o desprazer em conhecê-lo, antes mesmo da noite que conheceu Celina, Jorge era um frequentador de suas boates. Só não sabia o que o Jorge fazia, nunca se importou com a vida dos clientes, até porque, não era conta dele, mas Kaleb se importava muito quando se tratava da Celina.

— O que te faz acreditar, por que me casei com a Celina, não devo te matar? — Kaleb perguntou, olhando profundamente nos olhos daquele homem.

O homem ficou branco, pelas palavras rudes e sinceras do Kaleb. Aquele olhar assustador, ele estremeceu amarrado a cadeira.

— Por favor, não faça isso, Kaleb... — O homem tentou se soltar da cadeira, sem sucesso.

— Antes me diz uma coisa... — Kaleb, se aproximou do homem, se abaixando. Ficou a centímetros de distância do rosto dele. — Por que fez aquelas atrocidades com uma menina tão meiga? — Perguntou, querendo uma resposta.

— Eu só queria o dinheiro. — Contou ele, chorando em desespero. — Eu não pensava em fazer mal a ela, mas ao fim… eu perdi o controle. — Falou, como se aquilo fosse comovê-lo, mas kaleb nunca se importou e não seria agora que iria se comover com aquele choro.

— Vamos fazer assim! Você me conta a história toda e no fim eu decido se você vive ou morre, mas começa desde o começo. — Kaleb falou a ele.

Kaleb queria saber de tudo, mesmo ele sabendo de grande parte, queria tudo, os mínimos detalhes.

— Quando a mãe da Celina, morreu... — Jorge começou a contar a história. — Eu fiquei com a guarda da Celina. Ela só tinha dezessete anos na época. — Disse exatamente o que a Celina contou ao Kaleb. — A Celina ficou muito abalada e foi embora estudar. Depois de um tempo eu perdi meu emprego. Procurei por trabalho sem muito sucesso... Comecei a beber, ir a boates... Fiquei completamente perdido e logo foi se tornando um vício. Eu só queria beber, estar com aquelas lindas mulheres e fui perdendo o controle... Logo eu não tinha nada. — Contou ele, olhando para o Kaleb que parecia tão tranquilo ouvindo ele contar a história.

Kaleb ouvia com atenção suas palavras. Não que ele estivesse comovido com qualquer palavra que ouviu daquele homem, ao contrário, fez ele odiá-lo ainda mais. O que o Jorge fez com a Celina não tem perdão, não para o Kaleb!

— Foi quando a Celina voltou… — Continuou com a história. — Nem parecia aquela garota que foi embora, Era uma mulher feita. Ela ficou com muita raiva quando contei que tinha perdido tudo... — Disse ele, chorando, tentando ser comovente, mas Kaleb nunca teve esse sentimento, nem mesmo o conhece. — Em uma noite em sua boate, o velho Dimitri, contei o que estava acontecendo, das dívidas que eu estava tendo. Então ele me disse que pagava todas minhas contas e ainda me daria um bom dinheiro se a Celina se casasse com ele. — Kaleb precisou de todo seu autocontrole para não arrebentar a cara daquele verme.

— Aquele velho nojento? — Scott perguntou, mal acreditando no que acabou de ouvir. Só o pensamento o fez se arrepiar.

Dimitri é um velho de aproximadamente oitenta anos, que acredita ser o todo poderoso devido ao dinheiro que tem, mas não passa de um velho nojento, que quase nunca toma banho e vive fedendo a charuto. Nem mesmo as garotas da boate o suportam.

— Você queria casar a Celina, com ele? — Kaleb perguntou, transtornado, fechando as mãos, para se manter no controle.

— Eu precisava do dinheiro. — Jorge falou, como se fosse algo natural vender uma pessoa em troca de dinheiro.

Kaleb perdeu o controle e acertou um murro em cheio, no rosto daquele homem, fazendo a cadeira onde ele estava amarrado voar para trás e ele caiu de costas no chão. Sem conseguir se mexer por estar amarrado na cadeira, Jorge só sabia gemer e gritar para o Kaleb não o matar.

— Seu bastardo maldito! — Kaleb praguejou furioso, quase espumando pela boca, por conta do ódio que estava sentindo e foi para cima do Jorge, querendo muito mais, mas o Scott o segurou.

— Se acalme, Kaleb, vamos ouvir a história primeiro. — Disse ele, abraçando o amigo, para tentar acalmá-lo. Scott sabia que se o kaleb perdesse a cabeça, não conseguiria segurá-lo.

Kaleb respirou fundo, tentando se acalmar. Depois de ver que o amigo estava mais calmo, Scott se afastou e levantou a cadeira com o homem caído.

—  Termina logo a merda dessa história, que não tenho a noite toda! — Kaleb falou, olhando pelas janelas quebradas do galpão, já estava escuro lá fora.

O murro foi tão forte, que sangue escorria pelo nariz dele, escorrendo pela boca. Com toda certeza devia ter quebrado. Mesmo com muita dor, ele continuou a história, ou sabia que apanharia mais.

— Falei sobre o casamento a ela e que nossos problemas estariam resolvidos. — Falou, olhando assustado, com medo que o Kaleb batesse nele novamente.

— Seus problemas, você quer dizer! — Scott comentou sarcástico.

Ao ver o olhar de repreensão do amigo, se calou no mesmo instante. Kaleb estava com o diabo no coro.

— Ela não aceitou. Eu fiquei perdido, eu precisava de dinheiro e não tinha... Foi quando perdi a cabeça e bati nela. Ela tentou fugir, mas eu a tranquei. Uma hora ela ia ter que mudar de ideia, mesmo com as surras... — Disse ele, tremendo de medo, receoso, olhando a reação do Kaleb. — Só que ela não mudou! Naquela noite que você a encontrou…ela estava cortando os pulsos. Fiquei furioso e bati nela, foi quando ela aproveitou, me empurrou e fugiu e você a encontrou. — Contou ele, terminando a história.

— Foi uma bela história. — Kaleb mencionou, se afastando. — Solta ele, Scott.

— Como assim, Kaleb? — Scott perguntou, irritado, por Kaleb o mandar soltar o Jorge. Teve tanto trabalho para achá-lo e agora ele iria soltar aquele verme.

— Obrigado, Kaleb. — Agradeceu o homem, sorridente, mesmo com o sangue escorrendo em seu rosto, estava feliz, porque iria ser solto.

— Mandei você soltar! — Kaleb pediu mais uma vez, sem dar explicações.

Muito a contragosto, Scott foi até o homem soltando suas mãos e depois desamarrou ele da cadeira.

— Obrigado, Kaleb. — Agradeceu ele, esfregando os pulsos doloridos, pelo aperto das cordas.

Sem ninguém esperar, Kaleb tirou a arma da cintura e disparou um tiro certeiro, bem no meio da testa do homem, fazendo ele cair feito uma jaca podre no chão.

— Qual foi, Kaleb? — Scott falou, bravo, olhando a roupa coberta de sangue. Estava bem próximo ao Jorge e respingos sujaram sua roupa. — Podia ter esperado ele estar mais longe. Sabe quanto custa esse terno? — Perguntou ele, ainda irritado, olhando a roupa toda manchada. Sua camisa branca estava horrível.

— Você ganha muito dinheiro, para estar reclamando por causa de uma roupa. — Comentou Kaleb, sem dar muita importância ao amigo. — E além do mais, não foi só o seu que sujou. — Disse ele, olhando sua camisa azul clara, cheia de respingos de sangue também.

— Por que soltou aquele idiota, se iria matá-lo? — Scott perguntou, intrigado.

— Queria dar a ele o último suspiro de liberdade. — Kaleb comentou rindo, com sarcasmo. — Ele foi muito idiota… pensar que o deixaria ir embora, depois de tudo o que fez para a pequena Celina.

Scott percebeu como Kaleb falou com tanto carinho sobre a Celina. Nunca viu seu amigo se importar com ninguém, mas nunca seria louco de mencionar nada. Então ficou calado.

Os dois caminharam em direção a saída, enquanto Scott fazia uma ligação, pedindo para que seus homens viessem e limpassem o galpão. Nunca iriam ter notícias do corpo, mais um verme que ninguém dará falta!

— E falando na Celina… Como vai o casamento? — Scott perguntou, curioso.

— Vai indo... — Kaleb comentou, sem ter muita certeza. Nem ele mesmo sabia explicar.

Scott sabe do acordo do casamento, mesmo ele achando uma loucura, deu total apoio ao amigo.

— Só minha tia, que agora resolveu pegar no meu pé. Vai ficar lá em casa por uns dias. — Disse ele, entediado. — Ela deve estar desconfiada e vou ter que ficar no mesmo quarto que a Celina. — Kaleb contou, sabendo que não seria nada fácil esses dias.

— E isso é um problema? — Scott perguntou, brincalhão, vendo Kaleb suspirar fundo de frustração. 

— Você sabe que é! A garota é linda, Scott, e você sabe que eu não posso tocar nela. Não quero machucá-la, nunca me perdoaria se fizesse algum mal a ela. — Disse ele, com peso na voz, ainda mais frustrado, conhecendo bem a si mesmo. Precisava ficar longe.

Scott sabia bem do que seu amigo estava falando, compreendia o que Kaleb tinha medo. E conhecendo bem seu amigo há anos. Scott sabia que o Kaleb devia temer mesmo se aproximar da Celina.

— Mas foi você mesmo, que veio com essa ideia maluca de se casar com ela. — Scott falou, se lembrando quando Kaleb contou a ele sobre a ideia do casamento para tirar Daiana do seu pé.

— Só não pensei que teria tanta dor de cabeça assim! Queria proteger ela, e também fazer minha tia sair do meu pé. Não aguentava mais a Daiana me enchendo, querendo me casar. Você mesmo viu. — Kaleb falou, respirando fundo, lembrando das tantas conversas que teve com sua tia.

— Você tem razão! Sua tia estava alucinada, querendo te ver casado e se ela descobrir, que você forjou seu casamento... — Scott comentou, rindo. — Você vai morrer! — Completou ele, sem conseguir conter o riso.

— Não sei qual é a graça? Idiota! — Kaleb falou, entrando no carro e os dois foram embora, passando pelos carros dos homens que trabalham com eles, que vieram limpar a bagunça no galpão.












MINHA PEQUENA REDENÇÃO. Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora