Capítulo 4 - Daniel

292 77 8
                                    

A garota seguiu seu caminho, mais uma vez, sumindo no meio da multidão. Infelizmente para mim, ela já tinha carona.

Mesmo depois do paspalho deixá-la sozinha, sabe-se lá por quê! Ela recusara minha ajuda para ir embora com ele.

Eva Barreto...

Sentia vontade de rir sempre que ouvia o nome dela. Não podia crer que a encontrara depois de tantos anos. Era como se voltasse no tempo. Boca seca, coração acelerado. Eva, minha primeira paixão. Amor de adolescente... Tinha ficado ainda mais bonita com os anos.

Será que ela se lembra de mim? Claro que não, Daniel, seu estúpido! Ela nem olhou para você.

Eu definitivamente, não deixaria uma garota como ela sozinha em um bar... Tonto! Se soubesse o quanto eu havia pensado nela, cuidaria melhor de quem tinha ao seu lado...

Toda molhada e cheia de hortelã... A garota era linda, mas tinha um imã para desgraças!

— Você por aqui! Não acredito! — uma voz feminina falou bem perto do meu ouvido, trazendo-me de volta a realidade.

Virei-me para encontrar Lívia, a garota que me fizera perder o horário da reunião e ter o prazer de rever Eva Barreto de um jeito muito mais interessante.

Eu tinha uma dívida de gratidão com ela.

— Você não me ligou... — reclamou, oferecendo o rosto para que eu beijasse.

Perdón... Meu pai ocupou todo o meu dia...

— Que bom que nos encontramos por acaso, então... — sorriu. — O que acha de me pagar uma bebida.

Encarei a garota em minha frente. Era bonita, sensual de um jeito pronto, como a maioria das garotas que eu tinha por perto. Chamava-se Lívia, mas podia ser Carla, Carmem, Lucia... Não havia nada nela que me fizesse olhar novamente.

Estava cansado de mulheres como ela. Fora exatamente por isso que deixara minha noiva na Espanha. Não pretendia viver o resto da vida ao lado de uma garota superficial. Eu queria me apaixonar de verdade, loucamente e desesperadamente. Olhar para a pessoa no travesseiro ao lado do meu e pensar que valia a pena. Que tudo valia a pena, com ela ali.

Respirei fundo, aproximando-me de Lívia.

— Vamos ter que deixar para a próxima, corazón... Tenho um voo amanhã bem cedo. — Beijei seu rosto e me afastei.

Caminhei pelo estacionamento vazio com Eva na cabeça. Pensar que estava na cama de outro deixava um gosto amargo em minha boca.

Destravei o carro e entrei, dirigindo direto para a casa do meu pai.

Acionei o controle do portão e estacionei meu carro ao lado do dele. As luzes estavam apagadas, então imaginei que todos estivessem dormindo, mas assim que desci do carro, a cozinha se iluminou.

Dei a volta no jardim e encontrei Maria, junto a porta.

— Sabe que não precisa me esperar acordada, não sabe? — passei o braço em torno dos seus ombros e beijei o topo de sua cabeça.

Maria era realmente uma mãe para mim, já que eu mal havia conhecido a minha.

— Tenho certeza de que você não comeu nada! Fica por aí, atrás dos seus amigos... Sabe o que vai acontecer, não sabe? Vai acabar doente! Veja como está magro, Dani!

Não pude conter o riso.

— Venha, vou esquentar a sopa.

— Não precisa. Prometo que como um sanduiche, se você for se deitar! — propus.

Meu Acaso PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora