🔺Capítulo 4🔺

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— Onde a gente tá?! — Dreed perguntou chutando o infeliz do rato transfigurado que passou em sua frente, fazendo o mesmo cair além da escadaria abaixo. Olhou em volta, nunca nem pensou pudesse mesmo haver um lugar horroroso como aquele.

De frente a porta, tudo o que viram, foram enormes paredes e a escadaria de pedra que provavelmente levaria a entrada daquele extenso labirinto. De onde estavam conseguiam ver as paredes que formavam o labirinto e mais a frente alguns pontos maiores onde pareciam haver casas, no cento, haviam um longo quadrado. Mas era tudo o que conseguiam ver já que as grandes paredes deviam ter mais de quatro ou seis metros cada uma.

— Aliás, — ele voltou a falar passando a mão pelos cabelos vermelhos em um ato quase desesperado. — O que diabos é isso?!

— Um labirinto. — Higley falou sem qualquer expressão, Aula o olhou porem não viu nada além de alguém que tentava manter seu controle.

— Não brinca! — ele respondeu gritando. — Eu sei que é um labirinto! Bom... Eu nunca vi um tão de perto — ele disse pensativo. — E nunca pensei que que fosse tão macabro. Olha só pra essa droga! — falou esasperado.

— Somos dois cara! — Higley falou tocando seu ombro.

— Por que vocês ficaram tão quietos? — Dreed perguntou ainda exaltado.

— Não sei — Ayla respondeu encolhendo os ombros. — mas vocês não acham que foi fácil de mais escapar da prisão?

— Não foi nada fácil. — Dreed discordou.

— E ainda caímos em outra... — Higley comentou.

— Você também tá calmo demais. — Dreed acusou encarando Higley.

— Já basta você surtando — ele respondeu dando de ombros. — e um rei deve saber se controlar. — disse cruzando os braços. Dreed bufou e falou rindo de nervoso.

— Você e essa baboseira.

— Vocês dois irritam — Zaac resmungou. — vamos logo embora.

— Eu não vou me enfiar nessa coisa. — Dreed falou irritado.

— E você vê alguma outra saída? — Higley perguntou vendo Dreed ficar vermelho e ir de um lado para o outro.

— Tem que ter — ele falou meio desesperado. — a gente pode ter se ferrado desse jeito pra nada.

— Eu concordo — Aula falou. — mas não há outra saída...

— Eu realmente não quero entrar aí, é sério- Dreed disse ainda andando de um lado pro outro. — Isso não me trás boas lembranças...

— O que você vê? — Higley perguntou curioso.

— Eu vejo ela... Morrendo? — ele respondeu pressionando suas têmporas. — e ele atrás de mim.

— Dreed - Zaac chamou fazendo ele se virar. — estamos todos juntos nessa — falou sério. — Não tem ninguém que vá matar você aí, e mesmo se tiver, não deixaríamos.

Ele respirou fundo olhando pra baixo.

— Talvez sejam só traumas — Ayla falou. — não consigo esquecer a imagem do homem que dizia ser seu meu pai, tentando me matar.

— Não há qualquer outro jeito — Higley falou indo em direção a escadaria que levaria ao horrível labirinto.

— Vamos pelo labirinto — Zaac falou sério. — se saímos da prisão, podemos passar por aqui.

— Se é que realmente saímos... — Dreed resmungou.

Os outros concordaram com acenos, Higley continuou descendo e Dreed seguiu atrás dele que contragosto, Zaac e Ayla foram se arrastando logo atrás dos dois.

Eles continuaram descendo a escada feita de pedras. As paredes pareciam cada vez maiores e mais assustadoras. Cipós cresciam pela extensão das mesmas, deixando a aparência de um lugar velho e abandonado.

Chegaram ao final da escadaria e viram duas alas abertas, com o número um e nove.

— O que raios isso significa? — Dreed perguntou perdendo a paciência de novo.

— Não faço ideia — Higley respondeu dando de ombros.

— Nove é um número de azar! — ele falou encarando feio.

— De onde você tirou isso? — Ayla perguntou segurando uma risada.

— Não sei — respondeu dando de ombros.

Respirou fundo e fechou os olhos passando a mão pelos cabelos quase arracando os fios vermelhos.

As paredes não eram paredes normais, o sol estava encoberto por nuvens escuras e pesadas, raios riscavam o céu a cada instante. O garotinho de cabelos como fogo chorava enquanto se arrastava pelos cantos, a mulher de cabelos como os seus ainda sangrava no chão com os olhos arregalados. Levou as mãos aos olhos e os esfregou na esperança de acordar daquele pesadelo, olho novamente para o chão e a mulher continuava ali, morta.

Sentiu todo o seu corpo tremer e as lágrimas encheram novamente seu rosto.

Ouviu passos apressados em sua direção e então o homem de sorriso horripilante apareceu com um facão na mão.

Não teve forças para se manter de pé, suas pernas fraquejaram de medo o levando ao chão. O homem se aproximou lambendo o sangue da faca, um sorriso macabro apareceu em seu rosto e então o garoto se pôs de pé aos tropeços e voltou a correr, com o homem vindo atrás de si.

Acabou tropeçando em uma raiz solta e bateu a cabeça contra o chão, as lágrimas banhavam seu rosto. Ouviu os passos se aproximando e se virou, o homem vinha rindo de prazer por ver sua pequena presa encurralada, e então, com um último impulso se jogou em direção ao garoto.

Dreed abriu os olhos cerrando os punhos, o lugar parecia mais macabro e assustador, suas pernas vacilaram e ele quase foi ao chão, porém se recompôs logo.

— Dreed? Você está bem? — Ayla perguntou o observando, ele mordeu os lábios e então respondeu.

— Foram só lembranças ruins — ele resmungou em resposta e encolhendo seus ombros. Ayla tocou seu ombro em um gesto de conforto, ele sorriu e então se virou para frente de novo, voltando a andar junto com os outros.

Deram apenas alguns passos quando um homem apareceu se arrastando, ele os viu e então correu até eles, praticamente pulando em cima de Zaac e Ayla. Os dois acabaram no chão, Ayla ao lado tentando se levantaras sem sucesso e Zaac tentando afastar o homem de cima de si, os olhos estavam escuros e uma mancha enorme dominava seu pescoço se espalhando por toda a base de seu rosto. Dreed e Higley correram até ele para tirá-lo de cima dele. O homem se debateu e acabou agarrando outra vez o pescoço de Zaac.

— É culpa sua! — ele rosnou. — Foi você! Desgraçado! É culpa sua. — disse enquanto Dreed o puxou mas ele o empurrou pra longe e voltou a enforcar Zaac. — Desgraçado! É culpa sua!

Um barulho de tiro foi ouvido e então o homem caiu ao lado de Zaac.

— Que loucura foi essa?

— E vocês ainda querem entrar aí? — Dreed perguntou irritado.

— Não tem outra saída — Ayla falou guardando sua arma. — agora, vem me ajudar.

Dreed foi até ela e a puxou a deixando de pé Higley foi ajudar Zaac logo depois.

— O que ele quis dizer com isso? — Higley perguntou.

— Não sei — Zaac respondeu. — mas sei que ele não gostava de mim.

— Isso foi estranho. — Dreed comentou.

— E como está seu ferimento?

— Piorou com certeza — Zaac respondeu. — mas não foi nada tão grave.

— E seu pé? — Dreed perguntou em um sussurro para Ayla.

— Estou bem — ela respondeu. — obrigada.

— Vamos continuar?

— Não — Dreed resmungou.

— Vamos.

Perseguidos - O Labirinto L/2Onde histórias criam vida. Descubra agora