El Noivo del Dios del Dolor [ Tradução PT/BR]

Capítulo 24: "Um Largo Caminho a Casa"

Todos os capítulos serão traduzidos e revisados por: merilyncatherine

Tradução e revisão por: merilyncatherine

KHAOL

Uma grande desvantagem de ser um deus menor como eu é que sou basicamente inútil quando deixado sem nenhum contato humano.

Muitos dos deuses antigos zombam de mim por causa dessa fraqueza particular. Porque, ainda que agora compartilhamos sua imortalidade, seu poder e, às vezes, seu temperamento, ainda somos diferentes. Menor. No final, não somos muito diferentes de nossos corpos mortais e fracos anteriores, depois de tudo. Embora, infelizmente, não podemos morrer tão facilmente quanto nossos predecessores.

Eu gostaria de poder dizer que fiquei surpreso quando vi a esse maldito de Heil na frente do meu santuário, mas não fiquei. No mínimo.

Porque existe uma coisa ainda mais vergonhosa do que precisar de um ser humano para aquecer sua cama…

E isso é outro deus roubando seu humano.

Mas, é claro, meu noivo não vai entender. Não, não posso, é quase impossível distinguir entre os dois quando se trata de River. Porque quando ele levanta as sobrancelhas douradas e os cantos de seus lábios se dobram, tudo o que posso sentir é o ar de decepção se dissipando dele.

Tudo o que ele sabe é que Heil é um deus parceiro e, por tanto, meu cúmplice. E que Heil tentou violar sua mente várias vezes durante aqueles cinco minutos de seu primeiro encontro.

Quero dizer a River que 99.9% de minhas reuniões com Heil nunca foram bem… nem eram esperadas. Heil só estava sendo um idiota típico e infernal, aparecendo sempre que ele queria e fazendo o que queria. Ele torna minha vida imortal o mais miserável que pode.

Como ele é um deus antigo e eu não, ele me odeia por ter o poder que tanto anseia: a capacidade de absorver e infligir dor no reino mortal.

“Você sabe o que ele fez comigo”, River ainda se queixa, e não acho que ele esteja dando sinais de parar tão cedo. “-Pode se considerar violação. Quando fecho os olhos, ainda posso sentir suas mãos bisbilhotando aqui dentro”. Ele aponta para a testa. “É retorcido, o que ele pode fazer. Você pode fazer isso também? Entrar em minha mente?”

Sacudo a cabeça e vou até ele. Esta será a primeira vez que deixo meu santuário em 100 anos, e não posso acreditar que esteja caminhando com um garoto adulto no meu primeiro passeio. Muitas coisas mais significativas  aconteceram e eu me recusei a sair. Há 55 anos, um terremoto (enviado pelo deus da Terra a pedido de Heil, eu acho) atingiu uma área onde muitos de meus fiéis residiam. Eu nem saí naquela época.

A caminhada do meu santuário até a casa de River não é tão longa, e me surpreendo que vi árvores muito pequenas e verdes na estrada. As coisas não eram tão cinzas há 100 anos. A maioria dos edifícios se parecem mais a blocos retangulares e têm muito pouca decoração. Meu pequeno santuário parece ornamentado em comparação com essas casinhas humanas. Mas posso sentir o modernismo, a bela simplicidade desses blocos.

“Muita coisa mudou desde a última vez que estive fora”, comento.

“Quando foi isso?”

Lhe disse o número, e River parece visivelmente surpreso. “A última vez que saiu, a primeira guerra mundial nem tinha acontecido.”

Ele passa a me contar uma breve versão da história dos últimos 100 anos, que, até onde eu sei, aconteceu exatamente como antes em minha época. As nações em guerra, e logo as nações tratam de compensar enquanto constroem ressentimentos entre si. Dou-lhes mais algumas décadas antes de que se rompa outra guerra.