Entre reinos: A Guardiã Da Luz Vol.1

Capítulo 2

Acordei com um mal pressentimento, mas ignorei completamente não tenho tempo para isso, não hoje, não exatamente no dia que começa a temporada de caça. Levantei da cama ainda muito tonta de sono, o sol já estava pra nascer e eu tinha que me apressar pois queria entrar antes dos caçadores reais que caçavam hoje também e quem vem da capital com sede de sangue.

Os caçadores reais são de maioria da raça maior, matando qualquer um que apareça na sua frente, principalmente humanos. Imagine o que eles fariam comigo, humana e mulher. Além dos caçadores maiores do reino branco tem os do reino negro que por sinal compartilham a floresta conosco.

Essa época é a mais perigosa de se estar na floresta para qualquer um.

Eu fui direto lavar meu rosto na sala de banho do meu chalé, sempre encarando um rosto triste, além dos meus olhos de cores diferentes que me faziam lembrar de quando criança e o quanto me aborreciam, me chamando de aberração, eu sempre evito me olhar por conta dessas lembranças horrorosas.

Meus cabelos negros parecem estar maiores desde o meu último surto quando o cortei, o que me deixa aliviada. Assim que sai do banheiro troquei minha roupa de dormir por uma calça de couro especifica para caça e uma camisa branca de manga longa confortável, peguei todas minhas armas de caça e comi o último pão que restava.

Essa caça tinha que render, pois eu não tinha mais o que comer. Talvez depois que chegasse eu criaria coragem para ir para a festa de abertura do verão. Eu não tinha ido desde a morte de Thomaz, que me obrigava a ir.

Fazia com que eu fosse até o muro das preces não atendidas levar oferendas ao grande Deus dos mortais. Nenhum de nós dois acreditava realmente, mas era uma tradição de família e ele a manteve. Mas eu não consegui manter, pelo menos não sozinha, não queria chegar lá e ficar chorando igual uma louca provando o que todos do condado já acham de mim.

***

Cheguei na floresta, o sol tinha acabado de nascer, respirei fundo, e adentrei nela com toda a coragem que ainda possuo. Um passo em falso eu estaria morta, sem direito a velório, me mantive a maioria do tempo nas sombras das árvores. Durante um tempo não consegui nenhuma presa até que eu avistei alguns caçadores ao longe, mas nada que me preocupasse, até o momento.

Só depois de algumas belas horas eu finalmente consegui avistar uma pequena corça na clareira. Então me preparei para matá-la, peguei o meu arco me aproximei o mais quieta que consegui, respirei fundo mais uma, duas, três vezes. Mas quando eu estava quase pronta para soltar, alguém pula bem em cima de mim.

Não conseguia ver quem era, me debati embaixo dele, pois era um homem que me prendia contra si. O mesmo me virou para olhá-lo, já que cai de cara no chão, ele era bem mais velho que eu e graças ao grande Deus não era um da raça maior, pelo menos, pois se fosse eu já estaria morta antes mesmo de piscar duas vezes com toda certeza desse mundo.

Ele tinha uma grande barba castanha-avermelhado, os cabelos da mesma cor com entradas na testa, mas longo, com ombro e tronco largos se ele quisesse me quebraria ao meio com um pensamento. -O que uma donzela está fazendo sozinha na floresta em plena temporada de caça? - Perguntou mostrando os dentes.

Tentei puxar o ar pois o peso dele estava atrapalhando minha respiração.

- Não é da sua conta. - Respondi tentando chutá-lo.

- Não é da minha conta lindinha? - Disse ele se aproximando de mim. - Eu achei que hoje só iria encontrar pequenos animaizinhos, mas não uma bonequinha linda e exótica como você. - Completou com um sorriso monstruoso.

Eu comecei a gritar, não que alguém fosse aparecer para me ajudar, mas era minha única opção, ele tapou a minha boca com uma das suas mãos enorme.

- Não adianta gritar ninguém vai te aju... - Ele não terminou de falar alguma coisa o tirou em cima de mim sem que ao menos eu percebesse.

Ele começou a gritar e implorar, virei meu rosto para onde o mesmo tinha sido arrastado por um animal enorme em cima dele parecia um urso, mas não era. Eu nunca tinha visto nada igual, a cabeça lembrava um dente de sabre que eu tinha visto nos livros, mas com grandes chifres prateados, o corpo de urso com uma cauda enorme ele era inteiro roxo com detalhes prateados na pele.

Eu não conseguia sair do lugar, minhas pernas pesavam toneladas só de pensar em fazer tal coisa. Fiquei assistindo a besta matar o caçador e jogar seus restos para bem longe. Quando ela acabou, se virou em minha direção. Chegou até mim em passos largos e lentos, eu não movi um dedo de onde estava.

Sabia que era a hora da minha morte quando senti o cheiro da coisa. Um perfume único, ele possui o mesmo cheiro da floresta quando chove. Fechei os olhos esperando o que já estava escrito para mim há muito tempo.

- Vai ficar o dia inteiro deitada com os olhos fechados?

Eu tinha morrido e não tinha sentido?

Abri os olhos e ainda estava na floresta, só que ao invés da besta havia o homem mais belo que eu já tinha visto na minha vida inteira, com seu cabelo longo preto como a noite.

- Quem... quem é você? - Gaguejei ainda no chão, as minhas pernas não me respondiam. - A...a...a besta onde ela está? - perguntei gaguejando novamente.

- Então é isso que acha que eu sou? Uma besta? - Ele falou levantando uma sobrancelha, mas não respondeu minha primeira pergunta.

- Você é a besta? - Eu disse um pouco esganiçada.

- Primeiro eu não sou uma besta e sim um metamorfo, tenho outros poderes é claro, mas esse é o que mais gosto, e segundo qual o seu nome? - Ele ignorou as minhas perguntas exigindo que eu responda a sua primeira.

Era óbvio que ele era uma raça maior, mas eram muito raros os metamorfos, pelo menos nesse reino e o que diabos ele estava fazendo ali? Não perguntei, mas respondi à pergunta que ele fez mesmo assim. - Kaya Sage, mas eu perguntei primeiro quem é você? - Ele apenas sorriu para mim, me pegando em seus braços musculosos.

- Depois Kaya, depois. Agora você precisa descansar. - Ele disse suavemente com um sorriso no rosto.

Eu não tive tempo para de retrucar sentindo uma vontade enorme de dormir, já tonta com alguma coisa apaguei totalmente.

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Até próximo capítulo