Capítulo 1

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Parte 1

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Parte 1 ...

Amanhã começa a temporada de caça dos reinos, eu particularmente não estou nada ansiosa, prefiro caçar fora desta época, é bem menos perigoso para mim já que sou a única mulher que caça no condado cinco o mais perto da fronteira, governado pelo governador Fúlvio Evans, como eu e todos os chama cadelinha do rei branco.

O governador é uma das piores pessoas que já conheci na minha vida. Ele me contratou novamente para ser uma de seus caçadores este ano, quase que recusei, mas como não era uma opção para quem não tem o que comer pelo resto da estação, então eu aceitei.

O desgraçado mesmo na frente da esposa, tentava, ou melhor, tenta flertar comigo, eu como boa atriz que sou fingia que não era, que não é, comigo e simplesmente o ignorava. Para um homem de meia idade quase careca e com uma pança exageradamente grande, sem falar no sinal falso que ele estampa no resto, tenho vontade de rir toda vez que penso, não tem um pingo de respeito pelas pessoas à sua volta.

Além de tratar todos como se fossem nada, como se ele fosse o próprio rei imortal do reino branco, Noah Aiken, o charmoso rei branco. O reino que vivo desde que nasci, onde ganhei e perdi tudo em apenas dezenove anos de vida que para humanos como eu já é o bastante, mas para os da raça maior principalmente um imortal não é nada.

O rei branco veio apenas uma vez para o nosso condado, eu era muito pequena, acho que sete anos no máximo. Os meus pais e o meu irmão eram vivos na época, lembro que vesti meu vestido mais bonito, minha mãe fez uma trança em cada lado da minha cabeça e pôs duas fitas da cor branca, todos nós estávamos de branco inclusive, até mesmo Thomas que não era nem um pouco fã do rei.

Para Thomas, meu irmão, o rei não passava de um verdadeiro tirano que não ajuda ninguém que precisasse de verdade, só os que são da raça maior, que ele verdadeiramente se importava, mesmo assim não era o suficiente já que muitos vão para guerra com dezoito anos, diferente dos humanos que vão aos vinte, mas sempre voltam sem vida.

Eu nunca entendi o porquê de ele ser tão pé atrás com o rei, ele também nunca me explicou o porquê. Teve uma época que pensei que era apenas porque éramos pobres demais e ninguém nunca levantou nenhum dedo para nos ajudar, mas desisti desse pensamento pouco antes dele morrer o mesmo começou a insinuar que o rei não abolia as arenas por causa de alguma coisa muito perigosa que envolvia elas. O Thomas estava muito decidido a descobrir o que era, por isso que começou a lutar na arena logo depois da morte dos nossos pais em parte também para me sustentar.

As arenas são um lugar de luta e entretenimento para os súditos do reino Branco. Muitos até fazem riquezas com apostas ou lutando, não sei se esse era o objetivo de Thomas quando lutava, pois, o que ele conseguia mal dava para comer.

***

Os meus pais morreram na véspera dos meus quinze anos, pegaram 'a febre' uma epidemia que matou desde crianças a idosos em todo o reino. Eles não duraram mais que três semanas depois do diagnóstico do curandeiro. Nenhum dos dois eram muito carinhosos conosco, mas mesmo assim sinto falta deles.

Thomas tinha dezessete na época, ele quis assumir toda a responsabilidade do nosso sustento, mas eu não deixei, foi aí que eu comecei a caçar. Ele se foi dois anos depois dos nossos pais, eu tinha acabado de fazer dezessete quando aconteceu, lutando na quinta arena branca um ano depois ele seria recrutado para o exército.

Nunca consegui recuperar seu corpo, pois quem morre na arena não tem o corpo devolvido para família, eu tentei durante meses, mas foi em vão. Todos os mortos são dados para as bestas que vivem embaixo do monumento, nunca vi nenhuma, mas sei que existem.

Tem noites que não consigo dormir fico apenas escutando os ruídos guturais das bestas, mesmo morando alguns quilômetros distante. Conheço pessoas que já viram algumas e disseram que são de diferentes tamanhos, cor, formas e espécies, mas todas assustadoras.

Lembro como se fosse hoje o momento em que a vida sumiu dos olhos do meu irmão. Tenho pesadelos quase todos os dias desde então, com ele todo ferido e ensanguentado o seu oponente com o pé em cima das suas costas. Ele levantou parcialmente a cabeça em minha direção e falou um já sem som "eu te amo".

***

O dia de hoje foi muito exultante, não consegui me sentar em algum lugar para descansar ou ao menos parar para comer. O governador não parou com suas reuniões de exigência para a caça de amanhã, a lista é tão grande que me pergunto se vou conseguir achar pelo menos metade de um dos animais.

Depois desse dia cansativo chegar em casa é a melhor coisa que me aconteceu. Não preciso escutar a voz estridente da megera da esposa do governador e nem ter que fingir que não estou percebendo os flertes dele para com a minha pessoa.

Meu chalé está tão escuro quando chego que só não tropeço nos móveis que nele ainda existem porque essa não é primeira vez que chego a essa hora e mesmo se fosse eles estão sempre no mesmo lugar desde quando Thomas ainda era vivo e organizou sozinho o nosso "novo lar".

Morávamos em uma bela casa na entrada do condado, mesmo ela não sendo enorme ou até mesmo aconchegante para nós quatro. Eu e Thomas tivemos que vendê-la pois precisávamos de dinheiro para comer e não podíamos arcar com as despesas da casa.

Aquela casa sim eu considerava meu lar, lembro de ter chorado por dias por termos vendido. Mas logo Thomas me convenceu de que o chalé era melhor para nós por estar mais próximo da cidade e por dar menos trabalhos com suas possíveis manutenções.

Cansada e pensando me troquei, deitei-me em minha cama que eu e Thomas dividimos por não podermos comprar outra ela parece tão grande agora, diferente de quando dormíamos um chutando o rosto do outro tentando de toda forma ter uma noite tranquila depois de um dia de trabalho duro para ambos.

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Obrigada pela leitura

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Entre reinos: A Guardiã Da Luz Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora