Capítulo 26 — Retorno.
Francisco voltava para dentro de casa, suspirando, Gregório tinha acabado de ir embora e havia levado todo o seu fôlego consigo. Não sabia o que tinha feito de tão bom para ser presenteado daquela maneira pelo universo. Agora já dava onze horas da manhã e mal acreditava que das nove até pouco tempo atrás, ficaram na cama.
Ria como um bobo, a sua vontade era sair espalhando aos quatro cantos o que tinha acontecido, mas nem mesmo ao melhor amigo poderia contar. Queria manter o gerente confortável e se para isso precisasse do silêncio, manteria a sua palavra.
Ia para a cozinha, precisava botar tudo em ordem da bagunça que havia feito no café da manhã, assim lavando a louça. E enquanto enxugava os copos, sentiu seu celular vibrar, vendo que era uma ligação do amigo.
— O almoço tá quase pronto, Fran, se quiser já pode vir. — Augusto avisou.
— Ah, Guto, nossa, eu esqueci totalmente! — Informou, arregalando os olhos. — Me desculpa, não vai dar pra eu ir, não consegui fazer nada pra te levar...
— Não começa, hein. Eu o Gui estamos te esperando, pode vir.
— É sério, podem almoçar em paz, vou na minha mãe daqui a pouco...
Mesmo que ainda estivesse na ligação, Augusto resolveu surpreender o amigo, aparecendo no portão dele e dizendo para que ele fosse lá abrir. Francisco não conseguiu segurar a risada, pegando as chaves e desligando a chamada, indo cumprimentá-lo na entrada.
— O Gui tá lá esperando, você tá pronto?
— Espera só um pouco, eu vou trocar de roupa. — Riu, sabendo que não teria como negar.
— Vou entrar com você para que não possa fugir. — Augusto afirmou brincalhão, caminhando até a sala do amigo. — Mas então, você não me mandou mensagem ontem nem hoje, eu tô curioso, o que que aconteceu ontem aqui com o Gregório depois que eu e o Gui fomos embora? Você nunca ficou quieto tanto tempo e eu tô imaginando que deu algo errado... Se bem que você tá com uma carinha de felicidade impagável.
— Por incrível que pareça, a minha fama de atrapalhado não deixou que nada desse errado. — Respondeu, tentando não comprometer o sigilo de Gregório, indo ao seu quarto para trocar a camiseta.
— Ei! Não some, não. Continua contando! — Seguiu-o.
— Depois que vocês foram embora, nós ficamos assistindo as sequências daquele filme e também começamos a ver uma série juntos. — Respondeu, mudando de roupa.
— Só isso?
— Bom e ele foi embora bem tarde, então acho que gostou de ficar aqui. E é isso. Mesmo assim já foi muito bom, ele é uma ótima pessoa. — Francisco falava de costas para ele, torcendo para que ele não reparasse na sua mentira.
— Não rolou beijo nem nada?
— Bem que eu queria, viu? — O estagiário abriu um sorriso arteiro, virando-se para ele.
Augusto sentou-se na cama do amigo para esperar enquanto ele se arrumava, vendo-o ir ao banheiro. Com tédio, rodou todo o cômodo com seus olhos, vendo um inusitado objeto ao chão perto da cama, não somente parecia uma carteira, como era uma carteira; chegando mais perto, pôde reparar que não era de Francisco.
Tomou a carteira em mãos e abriu-a com grande curiosidade. Ao ver a foto de Gregório em um dos documentos, seu impulso foi perguntar ao amigo o que aquilo significava, mas resolveu colocá-la de volta, perto dos pés da cama.
— Tô pronto. — Francisco saiu do banheiro, o assustando.
— Vamos? — Augusto disfarçou, levantando-se.
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Workaholic
RomanceGregório é um executivo de notável sucesso financeiro atribuído a trabalho duro. Não apenas duro, como também excessivo. Diante das complicações de sua vida pessoal, Gregório não percebe que se tornou um Workaholic e que usa seu ofício para fugir de...