Capítulo 35 - Revista.

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Capítulo 35 — Revista.

Francisco estava tendo um péssimo dia, para ajudar, todo aquele nervosismo acumulado fazia com que seu estômago embrulhasse. Não conseguia pensar direito, estava zonzo, não se sentia bem. Seu mal-estar claramente se dava por todos os últimos fatores, juntando com a imagem de Gregório ao lado de Otávio.

Sabia que o gerente era uma boa pessoa, mas não imaginou que ele conseguiria estabelecer novamente uma relação amigável com uma pessoa que lhe fez tão mal. Pensamentos ruins invadiram sua cabeça e não conseguia se concentrar em mais nada, não decidindo outra coisa senão ir embora, precisava descansar.

Queria desligar-se de tudo aquilo, pois enquanto estivesse ali, provavelmente continuaria se sentindo mal. Avisando seus colegas que iria mais cedo para casa, não perdeu tempo, não querendo esperar Gregório sair da sala de reuniões com o ex-namorado, não queria ver aquela cena novamente.

Francisco foi embora pensando nos motivos plausíveis para aquela visita inesperada de Otávio. O gerente sabia que ele viria? Estariam eles se falando a tempo suficiente para Gregório não parecer surpreso daquela forma quando o viu?

O estagiário caminhava para fora do prédio, sentindo-se ingênuo por pensar daquela forma, principalmente depois de ter estimulado o namorado a ter liberdade e opinião própria, coisa que pensava que ele não tinha antes.

Francisco havia se enganado novamente, pois não conseguia digerir aquela imagem dos dois juntos, sabia que poderia muito bem não significar nada, mas aquilo tomava conta de seus pensamentos e deixava-o ainda pior. Seria difícil ignorar aquele sentimento, mas seria ainda mais difícil, ficar sem perguntar nada a Gregório, não iria querer questionar o namorado, se foi liberdade que prometeu a ele, era liberdade que ele teria.

•••

— Nós poderíamos almoçar para terminar de resolver as últimas coisas. Só se você quisesse, é claro. — Otávio ofereceu, ainda dentro da sala de reuniões.

— Eu agradeço, mas não é necessário. — Gregório sorriu. — Obrigado por vir hoje.

— Eu que agradeço, você está me ajudando muito. — Otávio recolheu as folhas que foram entregues pelo gerente, colocando-as dentro da pasta. — E me desculpe se eu estou parecendo invasivo, não é a minha intenção, eu juro.

— Invasivo?

— Eu sei que você deve estar pensando que eu voltei a vir aqui só para te ver e bom... Isso não é verdade, não completamente, pelo menos, já que eu acho que ninguém seria melhor que você para tratar disso.

— Eu não estou pensando nada, Otávio. — Gregório desviou o seu olhar do dele. — Eu não misturo as coisas quando estou no trabalho.

— Não é verdade, eu sei que você deve pensar que é um pé no saco eu estar vindo aqui, mas saiba que o motivo de eu estar voltando a cuidar dos negócios como antes, é justamente ter percebido que o trabalho é muito importante para manter a minha vida nos eixos e era o que estava me faltando. — Explicou. — Indo ao terapeuta eu percebi que estava parando de fazer o que eu gostava e isso não estava me fazendo bem.

— Terapeuta? — O gerente perguntou.

— Ah... Sim. — Falou, desconcertado. — Eu precisava, você sabe.

— Você faz bem, fico contente em saber. — Olhou-o, carinhosamente.

— Bom, então é isso, eu só tenho a te agradecer, eu vou voltar a trabalhar como nunca e sei lá, tentar focar em ser uma pessoa melhor, por mais que seja impossível, né? Eu sou um idiota. — Riu de si mesmo.

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