Capítulo 3 - Trato.

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Capítulo 3 — Trato.

Terça-feira, sete de março.

Gregório havia chegado ainda mais cedo ao escritório naquela manhã, não queria deparar-se com ninguém que pudesse interromper sua rotina metódica. Sempre chegava, colocava um copo d'água sobre o protetor da mesa e abria a gaveta para escolher a pasta que usaria.

Após isso, antes mesmo que espalhasse os papéis sobre a mesa, conferia em sua agenda eletrônica os compromissos para o dia, já sabendo que tinha uma reunião para dali duas horas, por mais que sua memória não costumasse falhar, confirmar nunca era demais.

Conferiu as mensagens do celular e deixou-o no modo silencioso, guardando-o. Começou a trabalhar na campanha que estava tomando a maior parte de seu tempo nos últimos dias e teria que se apressar, pois tudo tinha que estar terminado para ser apresentado na reunião de mais tarde.

•••

— Ei, você pode me ajudar um instantinho? — Francisco cochichou próximo a Olívia. — Tô em dúvida de uma coisa, além disso, acho que meu computador tá tirando uma com a minha cara.

— Ah, aquele computador que você está às vezes trava mesmo, todo mundo foge dele, é a máquina mais antiga daqui. — Ela riu, afastando sua cadeira e levantando-se, caminhando com ele até sua mesa. — Bom, qual é o problema?

— Eu não sei se o que eu estou fazendo é o certo, sei que vocês estão me dando uma força, mas ainda fico perdido, segmentação de mercado não é a minha parte preferida do curso.

— Olha, por mim, acho que você tá indo bem, sinceramente. — Olívia analisou rapidamente o que ele já tinha feito. — Quando eu cheguei aqui, mal sabia usar esse programa, então você tá super bem encaminhado.

— Acha mesmo? — Francisco abriu um sorriso. — E se eu te disser que eu também não manjo muito de informática? Até agora estou procurando onde salvei esse arquivo.

— É normal. — Soltou uma risada baixa. — Mas vem cá, se quiser saber mesmo se tá fazendo a coisa certa, acho melhor você falar com o Gregório.

— Ah, nem morto, isso não.

— Prefere que ele veja seu trabalho depois de pronto e ele mande você refazer do zero caso tenha algum erro? Melhor ver isso agora. — Ela aconselhou.

— Eu prefiro procurar a opinião de qualquer outra pessoa menos a dele, sério.

— Olha, eu sei que eu posso ter te assustado em relação a ele, mas por mais que ele seja exigente, ele sempre me ajuda muito quando preciso.

— Mas você já está aqui há um tempão, quero só ver se fosse comigo. — O estagiário rebateu.

— Quer apostar quanto que ele não vai se incomodar em te ajudar? — Ela apoiou uma das mãos no quadril.

— Eu aposto até a minha vida que ele iria me olhar com aquela mesma cara de quando viu a gente rindo.

— Então façamos assim, você vai chamar ele, se ele te ajudar numa boa, você me paga uns bons drinks, caso contrário, você escolhe o que quer. — Olívia propôs.

— Tá, pode ser uma bebida também. — Ele ergueu os ombros. — O problema é que das duas maneiras, sou eu quem vai dar a cara a tapa, né?

— Relaxa, Chico, se ele ficar muito pistola contigo, eu prometo que amenizo a situação, digo que a ideia foi minha, sei lá.

— Beleza, feito. — Francisco selou o acordo com um aperto de mãos.

Poucos minutos depois, o estagiário já se arrependia do trato, caminhando até a sala do gerente, parando de frente a porta, vendo a placa com o nome "Gregório S. Montenegro" estampado em letras prateadas. Pensava no que o "S" seria, até quando se assustou em ver a porta se abrindo.

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