Letters To Camila

Not Alone

Quando eu sabia que podia ver Camila a qualquer hora do dia aquilo me deixava extasiada e totalmente elétrica. Mas uma tristeza começou a tomar conta do meu corpo quando eu percebia que não tinha ideia de quando iria vê-la novamente, quando nós iriamos nos beijar mais uma vez, ou quando o meu abraço poderia protege-la de tudo.

Eu tinha uma certa raiva de seu pai, por fazer tudo o que ele fez e principalmente agir como está agindo, fazem duas semanas desde o ocorrido e eu marquei de me encontrar com Dinah para ter uma longa conversa sobre o que nós poderíamos fazer para que Camila e eu continuássemos nos encontrando.

Me sentia em Romeu e Julieta... só esperava que diferente do grande sucesso de Willian, o nosso romance não acabasse com um final trágico.

Olhei para o vidro da cafeteria e suspire. Aquela é a cafeteria que eu havia me encontrado com Camila pela primeira vez... sorri feliz com as lembranças. O jeito que ela mexia no cabelo, a forma que ela mordia o lábio inferior para demonstrar o seu nervosismo quando eu a elogiava, até mesmo a forma que ela segurava a caneca com as duas mãos... desde o começo tudo em Camila me encantava de uma forma assustadora.

O sininho da porta fez o barulho e eu vi Dinah entrar na cafeteria, dei um leve aceno e ela sorriu triste andando até mim. Nós nos abraçamos rapidamente e ela se sentou na minha frente, fizemos os pedidos e então ela sorriu abrindo a bolsa, me entregando um pequeno envelope... aquele envelope me lembrava os que Camila me escrevia cartas.

- Como ela está? – Questiono guardando o envelope dentro da bolsa.

- Mal... – Suspira cansada – Só come algo quando eu apareço por lá, Alejandro mal dirige o olhar a ela e até mesmo fez com que eu não a visitasse tanto! – Da de ombros.

- O que aconteceu depois que eu sai de lá, na quinta-feira? – A garçonete coloca nossos pedidos na mesa e eu sorrio agradecendo com um aceno de cabeça.

- Uma gritaria, assustadora... – Dinah fecha os olhos – Sofia acordou e chorava baixinho, eu não podia deixa-la sozinha e achei que Camila precisava ter uma conversa a sós com o seu pai, então fiquei trancada no quarto da pequena... Alejandro gritava que era inaceitável e ridículo, eu não ouvi a voz de Camila em momento algum – Sorri de canto – Sempre disse a ela que a indiferença machuca mais do que qualquer outra coisa... mas isso funcionou até um certo ponto, Alejandro gritou que Sinu jamais iria aceitar algo como aquilo...

Encarei Dinah, totalmente abestalhada. Como um ser humano estúpido pode citar o nome da própria esposa morta para levar a própria filha para baixo e consequentemente tentar criar um peso na consciência dela?

- Foi então que eu escutei Camila surtar... em anos de amizade eu só a vi se descontrolar duas vezes e na noite daquele dia foi a terceira vez e provavelmente a mais assustadora de todas. Mila disse que seu pai jamais poderia entender a sua mãe porque sua mãe sempre foi boa demais para ele... ela se descontrolou e começou a jogar tanta coisa que ela vivia reclamando pelos cantos, na cara dele. – Dinah suspira e dá um gole na sua caneca, franziu o cenho levemente e olhou no fundo dos meus olhos – Camila berrou para quem quisesse ouvir que seu pai não era merecedor do amor de sua mãe e muito menos era merecedor de qualquer respeito, também falou que ele não podia opinar nas suas escolhas... – DJ sorriu de cantinho – Ela falou que para alguém opinar em suas escolhas precisa a conhecer e conviver com ela, coisa que ele não faz... – Então a sua expressão ficou séria.

- O que foi? – Questiono preocupada.

- Foi então que eu ouvi um barulho de um tapa... eu só não sei dizer se foi dele ou dela, porque eu escutei passos na escada e uma porta se fechando!

- Ele bateu nela? – Questiono exasperada e Dinah dá de ombros.

- Camila jamais iria dizer, caso ele tivesse feito isso... Alejandro é muito cabeça quente, eu pessoalmente não duvido nada que ele tenha feito algo assim, principalmente com Camila – Meu sangue ferve e eu sinto uma vontade absurda de ir dar umas porradas naquele homem maldito.