Parecia comum...

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O sol raiou e logo o dia começou na vila de Sooga. Uma garota, com cabelo preto longo e solto, levantou de sua cama após um confortável sono. Após um bocejo, ela se espreguiçou e foi tomar seu banho, mas não antes de beijar um retrato no criado mudo dela, contendo a foto de um ninja muito especial. A mulher se banhou, escovou os dentes e se arrumou da maneira mais conhecida: Com seu vestido vermelho e seus coques duplos. Ela estava prestes a fazer 18 anos, mas mantinha o mesmo visual, e também a mesma personalidade, sempre correndo atrás de Garu, seu grande amor. Já se sentindo animada logo pela manhã, abriu as portas de seu quarto e desceu escada abaixo, não demorando para ser avistada pelo seu tio Ho.

— Bom dia Pucca, já de pé logo cedo? — Disse o homem alegremente, sendo retribuído por um sorriso de Pucca. Logo outro homem saiu da cozinha segurando um prato de macarrão e se aproximou. 

— Bom dia Pucca, os pedidos ainda não estão prontos, coma algo primeiro e se prepare para as entregas! — Tio Dumpling disse sorrindo, entregando uma tigela de macarrão para a sobrinha. Pucca apenas segurou a refeição e ficou encarando o tio, que não demorou para entender o que ela queria saber — Sim, Garu já fez o pedido da manhã.

O sorriso da garota dobrou de tamanho e ela se sentou para comer. Quando terminou, entrou na cozinha para pegar os pedidos já prontos e correu para sua moto. Ela estava ansiosa para ver seu amor! Como sempre, deixaria a entrega de Garu por último para ter mais tempo com ele. Colocou o capacete e sem demora começou com as entregas. Alguns minutos depois, a garota dirigia em alta velocidade para a casa do certo ninja, e o encontrou meditando. Ela queria fazer uma surpresa, mas deveria priorizar primeiro o trabalho. Por sorte, a porta da casa dele estava aberta.

Pucca entrou e deixou o pedido em cima da mesa. Pronto, entrega feita! Agora pode beijar e abraçar Garu! Ela então saiu rapidamente da casa, mas a paz anterior havia sido substituída por uma cena intensa de luta. Tobe estava lá. Ele atacava Garu com golpes fortes, 8 anos haviam se passado afinal, o homem teve muito tempo para treinar, e agora com seus quase 22 anos de experiência Tobe deixou de ser um vilão bobo e passou a ser uma verdadeira ameaça.

Tão cedo e Tobe já está incomodando Garu? Ele nunca vai se cansar de perder?

Pucca revirou os olhos. Ele estava atrapalhando um momento muito fofo de casal que estaria acontecendo agora. Bom, ela iria ajudar Garu a acabar com Tobe e ter tempo de sobra com seu amor, antes de voltar para seu trabalho.

Garu não precisava da ajuda de Pucca, ele, sozinho, estava praticamente derrotando Tobe e seus ninjas, mas acabou se distraindo e iria receber um golpe do encapuzado por trás. Ele poderia desviar, sem problemas, no entanto a garota de coques fez um ataque surpresa e chutou o rosto do vilão com força, fazendo-o voar longe. Pucca sorriu e correu até Garu, dando um beijo em seus lábios. O garoto não tinha tempo para ela, se virando na direção que o seu inimigo tinha caído. Tobe estava de pé, com seus ninjas machucados ao redor dele. 

— Você sempre vai precisar dela para te salvar, não é, Garu? Precisou ontem, precisou hoje e precisará amanhã. Nunca terá honra se for derrotado sempre que sua namoradinha não estiver por perto. — O vilão riu e usou uma bomba de fumaça, ele e seus ninjas sumindo do local.

——— 

Honra? Quem Tobe pensava que era para ousar falar da minha honra?

Garu bufou irritado, chutando uma pedra pela decepção. Ele queria se provar o suficiente, vencendo Tobe sozinho, mostrando que ele era forte o suficiente para derrotar seu inimigo, mas Pucca sempre se metia onde não era chamada e vencia o vilão por ele! Ele estava farto! Como poderia se provar merecedor? Para piorar, a garota ainda o abraçou com força, beijando seu rosto sem parar, várias e várias vezes.

Garu, com muita dificuldade, se soltou do aperto da garota e saiu andando, na direção da casa dele. Ele não estava bem, não queria lidar com Pucca naquele momento, ou poderia fazer algo que se arrependeria depois. O ninja está cansado de lidar com ela, só quer um dia em paz. Mio, seu gato, havia sumido, e Garu passou a noite o procurando, mas não achou. De manhã cedo derrubou café em si e teve que limpar tudo. Quando foi meditar para tentar melhorar, Tobe o atacou, e agora, para fechar com chave de ouro, teria que lidar com Pucca? Não. Ele não merecia aquilo. Seu dia mal havia começado e já estava péssimo.

Pucca percebeu que Garu não estava bem, e dessa vez, mais calma, se aproximou e o abraçou por trás, tentando transmitir conforto. Ela queria mostrar para ele que estava ali para apoiá-lo. Mas o ninja não entendeu, ele só achou que ela continuava tentando forçá-lo, forçá-lo a estar com ela, forçá-lo a amá-la. Só que isso nunca vai acontecer! Ele tentou afastá-la, mas o aperto de Pucca estava mais forte, então ele teve que fazer muita força para sair do abraço, com sucesso, mas sem querer derrubando a garota. Garu poderia ajudá-la, mas estava farto daquilo!

"Pucca, você não consegue entender? Eu não te amo! Nunca amei, nunca vou amar, e não te quero por perto! Só me deixa em paz! Meu dia já está ruim e você está piorando tudo! Não consegue ver que só quero um tempo sozinho? Um tempo sem abraços, beijos, assédio, droga, um tempo sem você! Você nem mesmo me deixa lutar sozinho, para eu provar que sou o suficiente! Já tem 8 anos que te rejeito, nunca vai perceber que eu não sinto o mesmo? O único sentimento que estou desenvolvendo por você é ódio! Então sai!" 

Usando língua de sinais, Garu deixou tudo bem claro para Pucca, seu olhar de raiva confirmando que não eram palavras da boca para fora, não, ele expressou sentimentos que estavam guardados a muito tempo. O ninja entrou na casa dele em seguida e fechou a porta com força, deixando Pucca sozinha ali, caída.

Lágrimas grossas se formaram em seus olhos delicados, observando a casa do garoto que amou por toda a sua vida, e que agora, mostrou estar completamente farto desse amor. Uma dor forte cobriu o corpo da garota, e tudo que ela fez foi se levantar e andar até a moto dela, digerindo as palavras cruéis ditas. Ela dirigiu o mais rápido que podia de volta para casa. Pucca abriu as portas do restaurante e passou por todos correndo, subindo as escadas que levavam até seu quarto e trancando a porta. Ela se sentou no chão ali mesmo, abraçando os joelhos e escondendo a cabeça entre os braços. O que ela tinha feito?

Gestos também machucam - GaruccaOnde histórias criam vida. Descubra agora