S/N ousou não acreditar em seus próprios olhos quando viu Armin parado na porta de sua casa. Já faziam-se anos desde que o vira pela última vez, quando ele a deixou para se juntar à Tropa de Exploração e lutar para proteger o povo das muralhas. Era um garoto naquela época. Tinha cabelos medianos batendo nos ombros e olhos inocentes, repletos de esperança e sonhos.
Agora, não parecia mais restar sequer um resquício daquele brilho, e uma parte da garota apaixonada morreu ao vê-lo tão ofuscado pelos traumas da guerra.
— Armin Arlert — S/N arrisca dizer, ainda não acreditando na presença de alguém que havia considerado morto há anos. Para ela, o garoto era tão frágil e ingênuo quando se juntou ao Reconhecimento que não passaria de alguns meses e quando as cartas que a enviava pararam de chegar, pensou que já tinha falecido.
Mas não. S/N estava errada. E percebeu seu equívoco quando pôs lentamente as mãos sobre os ombros largos de Armin, percebendo que ainda eram os mesmos de anos atrás. Alguns centímetros mais compridos e robustos, com toda certeza, todavia ainda eram os mesmos.
— Armin — Ela conclui, sorrindo, com lágrimas se formando nos cantos dos olhos. É um choro de alívio por ele estar vivo; um choro de saudade por ter ficado tanto tempo longe; mas também é o jeito de demonstrar toda sua dor guardada e Arlert sabe disso, entende a dor dela e também expõe à ela toda a sua angústia, puxando-a para um abraço enquanto lacrimeja sobre seu vestido.
A pele de S/N ainda é tão macia quanto ele se lembra. E Armin ainda tem cheiro de orvalho e pinho. Mesmo depois de anos, de tantas mudanças físicas e psicológicas, ambos parecem os mesmos: jovens, apaixonados, inocentes e esperançosos. Talvez a presença um do outro cause esse sentimento de renovação.
— Pensei que você estivesse morto — S/N balbucia entredentes, segurando seus braços ao redor do pescoço do loiro como se ele fosse fugir. Ela não quer deixá-lo, nunca mais. E por mais que tente não imaginar, a ideia e possibilidade a faz soluçar e se perder em suas próprias palavras.
Armin está chorando no mesmo ritmo. Não porque vai abandonar sua amada em breve, mas porque sente saudades, mesmo que estejam perto agora, com tempo suficiente para ficarem juntos.
— Eu estou aqui — Arlert assegura, mais para si do que para ela. Ele também mal pode acreditar que estão próximos, trocando um abraço apertado depois de passarem alguns anos – que mais parecem séculos – separados, lamentando a distância um do outro. Armin até cogitou S/N já ter se casado, mas assim que a viu, checou as mãos vazias, sem nenhum anel.
— Eu senti sua falta... — Ela conta, passando a mão pelo cabelo recém-cortado do amado. Esses fios ralos um dia foram madeixas médias que ela adorava trançar e logo surge a vontade de perguntar a Arlert se ele ainda se lembra dos nós acidentais que ela fazia no cabelo dele.
Uma parte dela acredita que sim, que Armin lembra de tudo, de cada detalhe.
— Eu também senti a sua, minha estrela.
O coração de S/N pula uma batida ao ouvir o apelido.
Estrela. Era bobo, mas ele ainda se lembrava do cognome inocente. Ainda se recordava do dia em que disse à ela que seu amor era como os astros, eterno, inabalável, infinito. Armin prometera amá-la para sempre, e ali estava ele, depois de anos, esperando por ela. S/N também aguardando por sua vinda, amando-o na mesma intensidade. Nada havia mudado entre os dois, nem o tempo havia conseguido lhes roubar isso.
— Por favor, entre — ela abre espaço e o soldado não hesita em atravessar o limiar rapidamente, assistindo quando as mãos trêmulas de S/N fecham a porta, a chave rodando duas voltas. Ele também está nervoso, ansioso, engolindo seco a cada minuto enquanto tenta disfarçar a explosão de sentimentos que é vê-la.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐼𝑀𝐴𝐺𝐼𝑁𝐸𝑆, +18
FanfictionColetânea de oneshots extensos com personagens fictícios. Espero que se divirtam e que desfrutem bons momentos nesta obra. (PEDIDOS SEMPRE ABERTOS)