MELLO (Death Note)

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Ser a única mulher na máfia era um desafio diário. O crime em sua volta, o poder excessivo de certos indivíduos e principalmente a desconfiança de todos – homens – parecia-se mais como estar em uma prisão. Suas habilidades, inteligência e em especial força física eram questionadas de modo usual, onde você sentia que teria que dedicar ainda mais tempo para provar a todos que podia ser tão perigosa quanto eles... Todavia, nenhum daqueles carrascos desejavam vê-la matando, roubando ou usando de violência contra o inimigo. Eles queriam que você agisse como isca, como alguém inocente o bastante para adentrar território hostil sem ao menos ser notada. Você seria o cavalo de Troia perfeito para qualquer trabalho, principalmente seduzir.

Aquilo te enojava, claro, mas não era nenhuma novidade. Você sabia cada pedra que iria pisar quando pôs os pés no meio de todos aqueles criminosos, você estava ciente dos riscos, do perigo iminente de cair em ciladas ou até mesmo tramas contra sua vida, e mesmo assim, nada no mundo parecia ser maior que sua obsessão por poder. O desejo de ser temida, adorada e até mesmo louvada era maior que qualquer medo seu. Seus almejos focavam em um único e solo objetivo de liderar aquela organização como uma verdadeira e corajosa mulher faria. E por isso naquela noite, você andou decidida e determinada pelos corredores do casarão, pronta para derrotar seu primeiro homem: Diablo. Ele quem avaliaria de modo crítico suas habilidades de sedução, julgando ou não ser o bastante, mas...

Sua tão admirável coragem se esvaiu no momento em que pôs os olhos na porta do escritório. A placa contendo o nome verdadeiro do tão temido mafioso te deu calafrios e você por um momento questionou se ele realmente estava ali, dado o silêncio ensurdecedor da sala. Diablo era assustador, até mesmo tenebroso. O bigode espesso e as tatuagens cobrindo o que parecia ser uma multidão de músculos pareciam prestes a te sufocar por telepatia. A imagem cogitada de tê-lo te tocando, mãos grandes percorrendo seu corpo, suas curvas e outras partes era absurdamente nojenta, e assim que retomou sua consciência, percebeu que toda a situação havia lhe revirado o estômago.

Não havia qualquer chance de você se prestar àquilo, àquela humilhação. E felizmente, haviam outros líderes mais agradáveis que poderiam te levar ao seu tão esperado pedestal. Alguns não tão longe de você.

— [Nome]? — A voz atrás de sua silhueta foi o suficiente para te assustar e então, notou que ainda estava parada na frente da porta do escritório. Como uma idiota faria, como uma maldita covarde que não desejava ser.

— Mello — você soprou, tentando disfarçar o susto — eu acho que o Diablo não está aqui.

E você cruzou internamente os dedos, torcendo para que ele não estivesse realmente. Ser pega mentindo, em especial para Mihael Keehl, era uma gafe enorme e com danos irreparáveis.

— Ah, claro — seu corpo tremeu quando você notou o quão perto a mão dele estava da maçaneta, os olhos analisando seu vestido preto apertado que deveria ser a armadilha para encantar Diablo. — Você teria um momento para falar comigo a sós?

A questão te levou ao inferno e te tirou, e hesitante, você assentiu, seguindo Mello para o andar de cima do casarão. Para a sala dele, que, por algum motivo, era a mais afastada de toda a casa.

— Por favor — ele murmurou, abrindo espaço para que você passasse primeiro pelo limiar. Nenhum dos outros líderes faria isso por qualquer mulher, e por um momento, tal cavalheirismo te fez desconfiar profundamente de Mihael. Teria ele planejado algo pelas suas costas? Ou será que o próprio Diablo havia marcado sua execução pela demora de provar sua dignidade?

— Obrigada, Mello — você agradeceu, se sentando na cadeira, mas Keehl não respondeu, na verdade, simplesmente tomou o assento à sua frente e te encarou; olhos castanhos fissurados em sua imagem, como se pudessem ler sua alma.

𝐼𝑀𝐴𝐺𝐼𝑁𝐸𝑆, +18Onde histórias criam vida. Descubra agora