OIKAWA (Haikyuu) - PARTE DOIS

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Embarcar na jornada de deixar Los Angeles e traçar um novo rumo para minha vida revelou-se uma escolha não apenas fácil, mas também incrivelmente libertadora.

Enquanto seguia em direção ao meu novo lar, permiti-me divagar sobre a possibilidade surreal de encapsular a deslumbrante cidade dos astros numa caixa simbólica. Nessa caixa, eu me vi guardando não apenas os arranha-céus iluminados, mas também as intricadas memórias e os rostos que moldaram minha trajetória até então. A fantasia ganhava contornos mais vívidos à medida que ponderava a ideia de, simbolicamente, atear fogo a tudo, contemplando o espetáculo efêmero de minha antiga realidade transformando-se em cinzas resplandecentes.

Um riso espontâneo escapou de meus lábios ao contemplar meu próprio pensamento. Embora a visão de ver toda Los Angeles envolta em chamas pudesse ter um apelo momentâneo, reconheci a futilidade dessa fantasia, optando por saborear o momento com uma promessa mais sensata: nunca mais colocar os pés na Califórnia.

E eu honrei minha promessa, tomando medidas drásticas para dissolver qualquer vínculo que pudesse conectar conhecidos ao meu novo destino. Alterei meu número de telefone, meticulosamente apaguei qualquer rastro digital que pudesse conduzir a pistas sobre minha localização atual e, por um breve instante, até considerei a possibilidade de trocar meu nome, embora pouco tempo depois tenha descartado essa ideia.

Dois anos depois, distante de Los Angeles e de tudo que ela sempre me ofereceu, eu percebo que é impossível fugir das memórias. Embora eu tenha abandonado os trabalhos clandestinos da cidade dos anjos e embarcado em um emprego lícito, eu ainda consigo sentir as lembranças de quem eu fui cutucando os recônditos da minha mente, me perturbando de forma constante.

Degusto um gole generoso do escasso uísque do Tennessee, ao mesmo tempo em que arrumo o comprimento do meu vestido vermelho, provocante, curto e decotado, numa tentativa fútil de ocultar um pouco mais as minhas coxas. Consciente de que a bainha teimosamente insiste em subir, graças ao aperto do tecido que exibe cada curva do meu corpo, eu desisto, vestindo meu sobretudo preto e saindo do cassino.

— Tchau, darling! — Minha colega de trabalho, que está recostada na saída fumando um cigarro, exclama para mim.

Eu apenas aceno de volta para ela, virando a esquina.

Las Vegas, a cidade do pecado, assemelha-se a um sonho utópico quando se pisa nesse solo pela primeira vez.

Dois anos depois, você começa a desejar que, por pelo menos cinco minutos, todas as luzes e sons se desliguem. E e esse desejo cresce, especialmente quando há um gigantesco outdoor luminoso na rua, praticamente gritando em letras brilhantes: "TOORU OIKAWA, ATLETA DE VÔLEI, VAI SE CASAR NA CIDADE DO PECADO!"

— Puta que pariu — eu murmuro, incrédula, parando para olhar.

O outdoor é, de longe, a coisa mais horrenda e brega que já tive o desprazer de testemunhar em toda a minha vida. Não apenas pela profusão de cores desconexas e vibrantes, que o fazem parecer mais um convite para um espetáculo circense, mas principalmente porque nele está estampada uma pequena parcela do meu passado que jurei enterrar.

Tooru Oikawa, o homem cujo tive um relacionamento exclusivamente sexual por meses após drogar sua bebida em um evento, está estampado na minha frente. Seu rosto? Sempre lindo, sorridente e brilhante. Sua noiva? Mais linda, sorridente e brilhante ainda. E eu? Me perguntando por que diabos eu tinha que ter visto essa merda cafona justo hoje, no meu aniversário.

A verdade é que nunca dei muita importância à data do meu nascimento, preferindo tratar ela como apenas mais um dia no calendário gregoriano. No entanto, a visão desse outdoor horroroso adicionou uma pitada extra de amargura à monotonia da minha semana. E eu posso afirmar que esse painel, é de longe, a coisa mais feia e esquisita que eu estou vendo em dois anos desde que deixei Los Angeles.

𝐼𝑀𝐴𝐺𝐼𝑁𝐸𝑆, +18Onde histórias criam vida. Descubra agora