DEZ

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— Não me encontrei com ele ainda

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— Não me encontrei com ele ainda. Deve estar com a paciente – ele parou e riu de algo – Prefiro não me envolver. Ele insistiu tanto.

Seus passos eram lentos, despreocupados.

— Não ligo muito para isso. O importante é que não estamos mais gastando como antes. Ivy, não se lembra como gastávamos com ela há quinze anos atrás? Hoje, nada mais sai do meu bolso.

Ele ficou em silêncio por menos que um minuto.

— Esse projeto não nos dá resultado em nada. Estamos perdendo tempo. Nosso chefe já disse que deveríamos deixar para lá. Não importa o plano que fazermos amanhã, todos são ineficazes. Ela realmente não se lembra de nada.

O senhor Barbora virou a direita no corredor. Eu me lembrava para onde aquilo dava. Era o jardim de inverno. Mamãe gostava de ir trabalhar lá.

— Ivy, você sabe que eu quero a verdade tanto quanto você. Estamos nessa há muito tempo. A desgraçada está toda fodida da cabeça. Deixe ele resolver isso agora. Não somos mais tão jovens quanto antes.

Do bolso, ele tirou um molho de chaves. Dentre milhares de chaves de cor e tamanho igual, ele pegou quase que uma aleatoriamente. Não pude deixar de me esticar mais um pouco para ver o que estava fazendo. Ao contrário do que eu pensava, ele não abrira a porta que dava ao jardim. Não. Ele abriu uma porta que ficava escondida atrás de uma poltrona, na parede do castelo. Não fechou a porta quando passou por ela.

— Esse lugar é cheio de caminhos secretos. As pessoas daqui são realmente geniosas – sussurrou o médico.

Me puxando ainda pelo braço, fomos até lá. Senti frio na barriga ao entrar ali. Era o lugar da mamãe e eu nunca era convidada para ali. Isso significava que era uma área proibida. Meus pés ficaram pesados.

— Não me diga que também não pode vir aqui – zombou o médico – Do que adianta ser princesa se não pode aproveitar o seu castelo?

Espiamos pela brecha da porta. Era uma escada muito iluminada, com paredes de ferros. Uma fumaça fria, tão visível quanto uma nuvem, gelavam nossos pés. Infelizmente, perdemos Barbora de vista.

— É frio – constatou o homem ao meu lado – O que poderiam guardar aqui?

A voz do senhor Barbora ecoava. Não ficava muito claro o que ele dizia, mas repreendia com veemência a tal de Ivy.

— Do que você acha que ele está falando? – o médico me perguntou.

Engoli em seco e o olhei de soslaio. Como eu poderia saber?

— Ele estava falando de mim. E do projeto.

Franzi o cenho.

— Que projeto?

Não obtive resposta. Ficamos em silêncio por mais alguns estantes, até que o médico sugerisse que deveríamos voltar. Não discuti com ele. Não queria encontrar o senhor Barbora. Mas, ao invés de voltarmos ao meu quarto, fomos ao seu consultório.

𝐍𝐨𝐢𝐭𝐞 𝐄𝐬𝐭𝐫𝐞𝐥𝐚𝐝𝐚 - 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨 𝐔𝐦Onde histórias criam vida. Descubra agora