SETE

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Observei, atrás das grades, o senhor Babora ajudar no concerto do portão da propriedade

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Observei, atrás das grades, o senhor Babora ajudar no concerto do portão da propriedade. Já havia passado da hora do almoço. Estava no meu quarto, escondida dele. Não precisei pedir ao meu médico que nos mantivesse longe dele. Assim que mamãe foi embora, viemos para o meu quarto. Ele tinha trazido uma pesada poltrona de seda para dentro e por quatro horas seguidas, seus olhos estavam fixos nos documentos que mamãe deixara.

O senhor Babora não tinha buscado vingança ainda pelo tapa que eu dei nele no outro dia. Ele saiu com mamãe e todos os outros médicos e enfermeiros antes deste médico irresponsável chegar. Fiquei aliviada, a princípio, por não tê-lo mais aqui. Mas de repente ele voltou para passar dois dias aqui. Para concertar os portões que ele mesmo quebrou.

— Gosta tanto dele assim?

— O quê? – me virei.

— O enfermeiro. Gosta tanto dele assim?

— De forma alguma! – exclamei – Se eu pudesse, faria...

— Faria o quê? O mataria e jogaria seu corpo para os cães comerem? Posso perfeitamente te ajudar com isso.

Ele descansou os documentos no colo e olhou para mim. Abaixei a cabeça e senti minha barriga coçar.

Não seria rápida com sua morte. Eu o bateria o tanto de vezes que ele fizera comigo. Não, eu o faria três vezes mais. O deixaria sem comer. Riria de sua cara. Trancaria em um quarto escuro. O humilharia exatamente da mesma forma como ele fez comigo. E depois, enfiaria tantos remédios na sua garganta que o querido senhor Babora engasgasse até a morte.

— Não temos cães – esclareci.

O médico deu uma gargalhada.

— Atrevida e sempre com uma resposta na ponta da língua. Você não mudou nada.

Franzi as sobrancelhas.

— O que quer dizer com "você não mudou nada"?

Por mais que ele me assistisse pelos equipamentos quadrados nos cantos das paredes, eu não tinha com quem falar direito. Ou com quem ser atrevida.

— Eu sei muita coisa sobre você. Coisas que nem imagina.

Andei até minha cama. Sentei-me lá, com os joelhos dobrados debaixo de mim. Apoiei minha cabeça na barra de ferro ao pé da cama.

— O que você sabe?

— Sei que você continua linda como sempre foi.

— Minha beleza já se foi há muito tempo. Eu nem me arrumo mais... Tenho que usar essas camisolas para facilitar os exames médicos.

Ele se inclinou, apoiando os cotovelos nos joelhos.

— Que tal experimentar aquele vestido?

Engoli em seco. Acabei de ter um crise por causa. Não tomei os remédios, injeção ou fui amarrada... Senhor Babora está aqui. Não quero que ele toque em mim.

𝐍𝐨𝐢𝐭𝐞 𝐄𝐬𝐭𝐫𝐞𝐥𝐚𝐝𝐚 - 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨 𝐔𝐦Onde histórias criam vida. Descubra agora