Oh! Heloísa, da nobre casa argenta
Hospeda o coração no grão-Senhor
Na paz em que o espírito enfim assenta
Abranda este fogo que em ti ainda queima
Mãos que amassam o trigo agora rezam
A centelha que ardia agora se afleima
Pousa o olhar aonde mora o coração
A muralha do desejo sabemos
Como evitar com a nossa oração
Saiba que o filho nascido em pecado
Não é pecador, pagaremos sozinhos
Pelos erros que foram perpetrados
Pensa que será um grandioso homem sábio
Sem os vícios dos condenados pais
O nosso querido filho Astrolábio
O meu egoísmo nos engoliu sem dó
Foi a luxúria que me levou aos seus braços
Quase desfez para sempre este nó
Por anos ensinei o que não sabia
A virtude e a fé que eu ainda não possuía
Sem ver o grão do céu que me cabia
Consolam-nos os parcos grãos que caem
Que escorrem pelas fendas do paraíso
Que a dor da nossa culpa assim extraem
Leva-me nos lábios em tua oração
Perdoa-me o que não pode ser perdoado
Reza ao Pai por minha absolvição
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Helesponto
PoetryInspirado principalmente na obra de Museu, os poemas abordam o mito de Leandro e Hero que serviu de inspiração para diversos autores como Ovídio, Marlowe, Byron, Bocage e Camões. Capa: obra "Hero Chora sobre O Corpo de Leandro" de Gillis Backereel...