Heloísa e Abelardo (II)

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Oh! Heloísa, da nobre casa argenta

Hospeda o coração no grão-Senhor

Na paz  em que o espírito enfim assenta


Abranda este fogo que em ti ainda queima

Mãos que amassam o trigo agora rezam

A centelha que ardia agora se afleima


Pousa o olhar aonde mora o coração

A muralha do desejo sabemos

Como evitar com a nossa oração


Saiba que o filho nascido em pecado

Não é pecador, pagaremos sozinhos

Pelos erros que foram perpetrados


Pensa que será um grandioso homem sábio

Sem os vícios dos condenados pais

O nosso querido filho Astrolábio


O meu egoísmo nos engoliu sem dó

Foi a luxúria que me levou aos seus braços

Quase desfez para sempre este nó


Por anos ensinei o que não sabia

A virtude e a fé que eu ainda não possuía

Sem ver o grão do céu que me cabia


Consolam-nos os parcos grãos que caem

Que escorrem pelas fendas do paraíso

Que a dor da nossa culpa assim extraem


Leva-me nos lábios em tua oração

Perdoa-me o que não pode ser perdoado

Reza ao Pai por minha absolvição

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