Oh! Cisne, deusa entre os animaizinhos
Cantar sua glória podem pardaizinhos
Sobre as árvores da Aeana fazendinha
Brincando todos na sua cirandinha
Seu titânico pescoço nos leva
A nos curvarmos ante a sua presença
A sentir a magia que nos enleva
A aceitar a nossa dura sentença
Oh! Como são delicadas suas penas
De uma nívea brancura feita apenas
A asa que nos aponta e nos apena
Doma o galo briguento e o cão pastor
Dançam para ti a esquilinha e o castor
Torna-te dos bichinhos o Alastor
Atravessa este celeste laguinho
Remando fatigados o barquinho
O porquinho-da-índia e os seus amiguinhos
Ao palácio da Cisne um grupo chega
Com milho e leite o grupo se aconchega
O pica-pau à corujinha se achega
Unta-o na móli para protegê-lo
Para que possa derrotar o gelo
Do coração dela sem amergê-lo
"Nossos antes delicados focinhos
Não farejam mais os frescos docinhos
Nós fomos transformados em mocinhos"
"Nunca mais iremos brincar na roda
Fazer no jardim da casinha a poda
Tanto dedo na pata me incomoda"
Corujinha provou então o leite e o milho
Mas de humanos não se tornou então filho
"Oh! Poderosa Cisne, por favor
Libertai meus porquinhos do pavor"
Cisne com sua varinha de condão
Trouxe então de volta da aliá ao gondão
Juntos os bichinhos permaneceram
Pelos anos que assim se sucederam
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Helesponto
PoésieInspirado principalmente na obra de Museu, os poemas abordam o mito de Leandro e Hero que serviu de inspiração para diversos autores como Ovídio, Marlowe, Byron, Bocage e Camões. Capa: obra "Hero Chora sobre O Corpo de Leandro" de Gillis Backereel...