Desperto sentindo meus olhos arderem. Posso ver a silhueta familiar a minha frente, assim como a de mais dois no lugar que noto ser o quarto que Gojo preservou para minha estadia.
Pisco ainda sentindo o desconforto ocular.- Finalmente acordou. - a voz rouca e tão familiar me faz forçar a vista em sua direção, e então encontro a figura mais velha do outro lado do quarto.
Pai... Sua imagem parece tão irreal que mal posso acreditar. Quatorze anos sem o ver ou ouvir sua voz. Mesmo surpresa não deixo meu corpo se expressar. Meu passado me ensinou que não posso acreditar quando ouso um "vou ficar ao seu lado para sempre". Não importa se são melhores amigos, ou se são parte de sua família. Pessoas vem e vão, nada dura eternamente. E meu pai foi uma dessas pessoas.
Ele se foi quando ainda era muito nova, sinto sua falta. A falta que uma filha sente dos abraços seguros de seus pais, mas também entendo que como sempre, a segurança do mundo é mais importante. E ele sabe que entendo, por esse motivo se mantém de braços cruzados e expressão rígida.
Gojo é quem está mais encomodado com a situação, sou seu ponto fraco, mas também permanece em silêncio.
- Já podem me soltar. - a voz de Sukuna me faz despertar dos pensamentos.
O mesmo está preso em um selo amaldiçoado de Gojo, de mãos e pés atados. Sorrio me levantando.
- Solte-o. - falo a sua frente.
- Aika...
- Ele não é uma ameaça e sabe disso. - soltando um sorriso divertido, meu irmão o solta.
Vou até Sukuna, que já se encontra de pé, me encarando interrogativo.
- Não sei se fico aliviado por me soltar ou ofendido.
Tão machista. Me sento na beira da cama atrás de mim e cruzo as pernas sem conseguir esconder o sorriso divertido. Nunca pensei que teria todas essas pessoas em um mesmo cômodo. Uma pequena risada escapa ao ver a expressão séria de Gojo enquanto Satoru o olha com uma superioridade que nunca teve.
- Imagino que queiram me matar. - falo observando a surpresa não expressada em suas faces. - Não acharam que seria tão ingênua para sempre, acharam?
- Aika... não nos obrigue a...
Reviro os olhos. Posso estar mais forte agora, mas a dor que se forma em meu peito nunca mudará.
- Obrigar a quê? Minha única família está disposta a me matar... previsível vindo do papai, - falo amarga, olho fixamente para Gojo. - Mas nunca esperei que meu irmão aceitasse. Pelo menos não tão fácil.
Satoru me observa. Ele sente. Estamos ligados, ele pode sentir tamanha dor que me corrói a cada falavra que sai da minha boca. Sinto que se estivesse sozinha iria desmoronar.
Gojo engole em seco.- Sei o quê fiz naquele lugar. - falo deixando Satoru confuso. - Isso não se repetirá... se me matarem. - isso deixa todos desconfortáveis. - Não sou de mentir, sabem disso. Meu objetivo não é transformar o mundo em um infinito lago de sangue inocente, mas se ficarem no meu caminho não esperem que tenhamos uma conversa amigável como agora.
- O que você quer fazer?
O mais velho pergunta com os punhos cerrados. Não posso falar o quê pretendo fazer, isso arruinaria tudo. Sorrio abertamente e sei que um sorriso psicótico se formor em meu rosto, mas é quase que inevitável se paro para pensar o que vem pela frente.
- Sou a vilã aqui, por que contaria meus planos para inuteis como vocês? - rio sentindo meus olhos lacrimejarem.
E ali pude ver o temor se formar em suas feições. Um soco para a milímetros de meu rosto. Escondo o sorrio triste e dou lugar para a loucura que formiga minhas veias. Minha mão segura sutilmente a dele com carinho, deposito um beijo na mesma, como uma despidida. Uma lágrima solitária escorre ao encontar seu rosto com a mesma lágrima. A lágrima fina escorre do tecido que cobre seus belos olhos.
Isso é uma despidida. Encosto minha testa nela e o olho. Sorrio uma última vez. Me levanto tocando seu peito.
- Me mate aqui... - falo sentindo seus corpo tremer. - Se conseguir fazer isso, poderá salvar aqueles que são preciosos. Mas se conseguir me matar aqui... - levo sua mão até meu rosto, sinto seu toque tão familiar e reconfortante. - Salvará todo mundo.
Me afasto me virando para a figura paterna. Ele se mantém como uma pedra.
- Adeus.
Estalo os dedos. O cenário a minha volta muda, dando lugar a uma visão completa da cidade. A noite fria esconde as duas maldições.
- Uma semana. - a voz masculina atrás de mim me faz respirar fundo.
- Sim... - falo séria. - Vamos começar. - me viro para ele.
Estendo as mãos em sua direção, toco seus ombos largos e posso ter a visão de sua transformação. Sua força original se amplia. Os dedos são inúteis agora.
- Não sei o quê pretende fazer, mas se arrependerá se me trair.
Sorrio.
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O Desejo Doentio de Sukuna Ryomen
FanfictionSatoru Aika se mudou para Tóquio no objetivo de conhecer o Colégio Jujutsu, pois por algum motivo, uma voz falava em sua cabeça em sussuros, que seu destino estava ali. Mas ela não esperava encontrar alguém capaz de a levar do êxtase á ruína.