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Sabina estacionou o carro na frente da grande casa e saiu. Seus olhos pousaram na casa e por um momento pensou em desistir daquilo, mas não. Precisava fazer aquilo!

Lembrou de quando havia contado para todos da casa que em breve levaria sua irmã para lá, as reações foram diferentes mas ao todo positivas.

Caminhou até o portão e logo dois homens vestindo ternos se aproximaram.

— Quem é você? — um deles perguntou.

— Primeiro me deixe entrar e depois faça suas perguntas.

Um pouco contrariado ele abriu o portão de grades brancas mas assim que terminou de fechar viu que Sabina já estava entrando sendo seguida pelo outro segurança que tentava para-la.

— É melhor pra vocês dois se me deixarem passar, eu não costumo fazer ameaças e depois não cumprir.

— Então está nos ameaçando?

— Exatamente, agora voltem para os seus postos. — Sabina ordenou, mas nenhum deles obdeceu a garota, ao contrário, seguiram ela até a mesma cruzar a porta da casa e estar na sala. Fernando Hidalgo estava no sofá observando Luna brincar com alguns brinquedos e quando escutou o som de passos se levantou, espantando-se assim que viu a Sabina.

Sabina havia crescido e mudado mas ele ainda conseguiria achá-la em meio a multidão, mesmo depois de tanto tempo.

— Sabina? — Sua voz surpresa soou pela sala.

— Mande eles para fora, o que tenho para falar é pessoal. — Ela disse cruzando os braços, olhando para Luna que a encarava com curiosidade.  Fernando fez um gesto com a cabeça como se falasse que eles podiam ir e os dois se retiraram.

— Sente-se. — E apontou para o sofá, mas Sabina negou com a cabeça.

— Não vou demorar. — Disse encarando Fernando, observou quando uma empregada adentrou o ambiente e se virou para ela. — Por favor, faça as malas de Luna, preciso que coloque algumas roupas e documentos dela.

Fernando olhou confuso para ela mas não disse nada, a empregada encarou o homem, e então ouviu a voz de Sabina novamente:

— E leve Luna com você, quando tiver pego tudo que eu pedi desça com ela.

A mulher assentiu pegando Luna e subindo as escadas.

— Vai me dizer agora o que veio fazer aqui? — O Hidalgo mais velho sentou no sofá.

— Não acabou de ver? Eu vim buscar minha irmã, os motivos tenho certeza que já sabe, não é bom para uma criança viver em um ambiente como esse. — Ela disse.

"Não que naquela casa seja" Sabina pensou.

— Bom, você viveu praticamente nesse ambiente e não está morta.

— Não morta por completo você quer dizer. — Ela rebateu.

— E se eu falar que não quero que leve Luna?

— Vou levar do mesmo jeito, se você falar isso vai ser por implicância. Sei que não se importa com ela de verdade, pai.

— Pode levar ela com você — Ele olhou para o chão por alguns segundos antes de voltar a encarar a filha  e prosseguir —, Mas saiba que nunca fiz nada para o seu mal.

— Mas também não fez para o meu bem.

— Eu sei que não vou conseguir fazer você pensar de um modo diferente, mas seja compreensiva, eu era jovem e só estava lhe criando da única forma que conhecia! Acha que a Luna vai viver uma vida boa e honesta do seu lado? Com pessoas criminosas e violentas? Cuidado para não cometer erros com Luna por que não vai poder me culpar.

— Erros são normais!

— E até hoje você me culpa pelos meus! — Ele se levantou.

— Se eu não souber como criar a Luna vai ser culpa sua porque você não soube me criar.

— Então é assim? Então, não me culpe por não saber lhe criar, culpe meus pais que não souberam me criar. — Deu uma pausa antes de continuar, e então voltou a falar com a voz agora mais calma e triste —  Pessoas machucadas machucam outras pessoas, Sabina, é quase como um ciclo. — por um momento Sabina sentiu pena dele, se ela tinha tantas marcas do tempo que passara com ele, quantas marcas ele não tinha pelo tempo que passou com seus pais?

A empregada desceu com Luna no mesmo momento, entregando a Sabina uma mala de rodinhas e uma bolsa de costas.

— Luna venha aqui. — Sabina chamou e devagar a pequena caminhou até ela, sentia um pouco de medo. — Diga tchau ao papai.

A garotinha se virou e correu até o homem que permanecia imóvel encarando Sabina com os olhos marejados.

— Papai — A voz infantil o chamou e ele se abaixou para ficar quase da altura da garota. — Por que eu tenho que dar tchau pra você? Ela vai me levar? — a pronúncia errada de algumas palavras não fez com que Fernando não entendesse.

— É, querida, ela vai levar você. Mas não se preocupe, papai vai lhe visitar de vez em quando. — Ele colocou uma mecha do  cabela dela atrás da orelha, as lágrima quase vindo a tona. — Vai ser bem melhor pra você, você diz que se sente sozinha as vezes e a Sabina é sua irmã sabia?

Na mesma hora Luna virou a cabeça para encara-la e depois voltou a encarar ele.

— Ela que é a minha irmã?!

— Sim, então obdeça ela e comporte-se. — Disse dando um beijo na sua testa e depois a abraçando. Levantou e caminhou com ela ao seu lado até Sabina.

— Senhora, dentro da pasta tem uma bolsa com os documentos dela, também tem meu número caso a senhora precise saber algo relacionado a ela. — a Senhora que parecia ter uns sessenta anos disse com os olhos rasos de lágrimas e logo depois dando uma piscadinha para Sabina. — Luna venha aqui. — a mulher chamou e logo Luna foi. Enquanto Luna se despedia da mulher Sabina disse para Fernando:

— Não faça promessas a ela que não vai cumprir.

— Eu vou cumprir minha promessa, pode ter certeza disso. Espere minha visita em breve, querida.

Sabina não lhe respondeu apenas chamou Luna e ambas saíram da casa, com os olhares da empregada e de seu pai sobre elas.

Entraram no carro, e Sabina colocou o cinto em Luna mesmo sabendo que ela não deveria ir no banco do passageiro e sim em uma cadeirinha atrás. Olhou para Luna e a mesma a  olhou dando um sorriso animado, sabina acabou soltando um sorrisinho e negou com a cabeça enquanto ligava o carro.

Um novo ciclo acabara de começar.

Regra número 1Onde histórias criam vida. Descubra agora