| Capítulo 28|

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Clara
Sexta-feira

Saio da cabine, indo em direção à pia lavar minhas mãos. Aproveito para passar um hidratante labial e dar uma ajeitava no meu cabelo enquanto encaro meu reflexo no espelho. Não falta mais que 30 minutos para o horário do almoço, e eu quase posso ouvir minha barriga roncar de fome.

Deixo o banheiro ao terminar o que tinha de fazer, e caminho até a "minha ala". Franzi o cenho ao encontrar uma mulher de cabelos pretos e olhos castanhos sentada preguiçosamente na minha cadeira, ao mesmo tempo que analisa suas unhas atenciosamente.

Abro um sorriso e me aproximo da mulher.

- Oi! - bati na mesa, fazendo-a dar um pequeno pulo da cadeira.

- Ai, Clara! Vaca! - Laura bradou, me dando um tapa na mão.

- Qual foi o milagre pra você aparecer aqui? - Questionei. Raramente ela vinha até a empresa.

- Ah, nada demais, amiga. Só passei aqui pra te ver - sorriu de maneira dócil.

Certeza que ela quer alguma coisa.

- Desembucha, dona Laura - cruzei os braços, olhando-a  com os olhos semi-cerrados.

Ela deixou os ombros caírem, junto com seu corpo no encosto da cadeira.

- Você é muito chata, sabe disso, não é?! - Revirou os olhos e eu ri. - Tá. Vim aqui te chamar humildemente para ir para uma boate - tombou a cabeça para o lado, com um sorrisinho no rosto.

- Sabia! - Falei, indo me sentar em uma cadeira em frente a minha mesa, já que a minha própria Laura estava ocupando. - Eu não posso ir, minha mãe está aqui, esqueceu? Estava planejando levá-los no shopping hoje.

- Ah - resmungou desanimada. - Então... vamos fazer assim: hoje eu dou carona pra vocês pra onde você quiser, e depois quando sua mãe e seus irmãos forem embora, você vai comigo pra onde eu quiser... que tal? - Sorriu de forma exagerada em minha direção.

Semi-cerrei os olhos em sua direção. Ai, mas olha, essa garota acha uma solução pra tudo.

- Hum, não sei... - falei.

- Ah, Clara, vai todo mundo, só falta eu convencer o Hugo e você, todos os outros já toparam - fez beicinho.

Reviro os olhos. Já faz tempo que eu não saio mesmo.

- Tudo bem, Laura. Eu irei - respondi por fim.

Ela sorriu de modo histérico em minha direção, e eu apertei os olhos. Parece uma doida.

- Obrigada, amiga. Você me faz uma pessoa feliz não sendo uma velha rabugenta que só vive dentro de casa - comemorou, e eu quase desisto da ideia.

- Eu só vou porque o Hugo não vai - revirei os olhos, atuando, claro.

Laura olhou pra por debaixo dos cílios, com uma expressão debochada.

- Oh clara, você acha que engana quem, minha filha? - Questionou.

Mantive minha expressão, sem nenhum indício de que concordava com sua fala.

- Não sei do que você está falando, Laura. - fiz a sonsa. - Todo mundo sabe que Hugo é insuportável e ele me irrita - falei como se fosse óbvio, o que não deixa de ser verdade.

- Clara, desde a nossa viagem pra Angra, Hugo está diferente, e você também. E quem foi o lerdo que não percebeu a tensão sexual que vocês exalam? Sem contar nos olhares flertivos - deu de ombros.

de brincadeira. Como eu saio dessa agora?

- Eu já disse que você não está falando coisa com coisa?! Porque você não está - apontei. - Agora, se a senhorita puder dar uma licencinha da minha cadeira, irei agradecer - pedi, tentando desviar o assunto.

Giordano Onde histórias criam vida. Descubra agora