|Capitulo 21|

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Clara

EU VOU MORRER!

Pego um travesseiro ao meu lado e pressiono contra meu rosto, abafando o grito de ódio que dei. São fodidas 5 horas e 30 da manhã, eu disse: 5 horas e 30! Minha mãe está na minha cozinha batendo as panelas, armários e seja lá mais o que for, meu sono é leve e qualquer barulho eu acordo, ainda mais quando de parece que uma banda está tocando ao pé do meu ouvido.

Eu ainda tenho quase uma hora para dormir, até o meu despertador gritar e eu me levantar e arrumar para o trabalho. Mas, não, eu simplesmente não posso dormir mais porque meu sono é fodido, e quando eu acordo assim, subitamente, não consigo adormecer novamente.

Queria chorar, eu não durmo 8 horas nos fim de semana, até no dia de trabalho eu tenho que acordar mais cedo do que preciso. Posso estar sendo dramática, mas não é cem porcento drama, desde sempre minha mãe é assim, quando ela acorda ninguém dorme mais.

Comprarei tampões.

Com toda força do ódio, levanto-me da cama e caminho - ou melhor, me arrasto - até o banheiro, onde faço minhas necessidades, lavo o rosto e escovo os dentes. Entro no box com uma preguiça imensa, abro o chuveiro e fico aguardando alguns segundos a água esquentar. Assim que está no ponto certo, entro debaixo da ducha e tomo um banho demorado; confesso que quase dormi em pé debaixo do chuveiro.

Enrolo uma toalha no meu cabelo molhado, fazendo um turbante", seco parcialmente meu corpo e cubro-o com meu roupão cinza. Calço meus chinelos e saio do banheiro, indo em direção a cozinha, onde encontro Bianca sentada em uma das banquetas do balcão com a cabeça apoiada no mármore e minha mãe contando enquanto lava umas louças que não sei de onde saiu.

Meu Deus?

- Velhos hábitos não mudam, hein. Acorda assim com a cara fechada e não dá nem um bom dia. - Dona Amélia diz com um bico, e eu fito-a descrente.

- Acordar uma hora antes do que o previsto com uma barulheira não me fez ter um humor melhor, mãe. - Digo, sentando-me ao lado de Bia.

- Não precisa lavar, temos uma lavadora. - Digo e aponto para a máquina ao lado de sua perna esquerda.

Ela de ombros e me olha rapidamente. - Eu gosto de lavar, não consigo ficar parada. - Diz e eu ergo as sobrancelhas.

Quando eu morava com ela só vivia reclamando, agora tá aí fazendo por conta própria. Cada coisa...

Toco no braço da Bianca e ela levanta a cabeça para me olhar, ela está com a cara inchada e os olhos levemente avermelhados. Independente de ter acordado agora ou não, a mulher ainda consegue ser bonita. Admiro-a.

- Desculpa. - Sibilo e sorrio sem graça.

- Não tem problema, relaxa. - Ela murmura de volta.

- Bianca não reclamou por ter acordado cedo, ela sim é um exemplo, você porque acorda uns minutinhos mais cedo tá morrendo aí.

Mal sabe ela que Bianca odeia acordar cedo e de outro modo estaria surtando, pois Bianca só acorda de bom humor quando ela desperta sozinha, e acorda sempre mais tarde que eu. Mas vou deixá-la se iludir, não é.

- Que isso, tia. - Bia diz sorrindo pequeno.

Vou até a geladeira e pego um suco de uva, despejo em meu copo e em seguida no de Bia, minha mãe alegou já ter tomado café e nos questiona como conseguimos tomar suco no café da manhã.

Pego uma frigideira antiaderente, o pacote de pão de forma integral e alguns ovos, faço um furo no meio dos pães e coloco na frigideira junto com o ovo no meio.
Coloco nos pratos nos servindo. Pego um mamão e umas frutinhas, lavo e ponho sobre o balcão, para acompanhar.

Giordano Onde histórias criam vida. Descubra agora