|Capítulo 26|

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Hugo

Já passava das cinco da tarde, hoje o dia pareceu-se arrastar terrivelmente devagar, foi deveras cheio. Massageio minhas têmporas, em prol de tentar aliviar a merda de dor de cabeça que estou sentindo, mas de nada muito adianta.

Depois do episódio na salinha de arquivos, mal tive tempo de sequer falar com Clara sem ser sobre assuntos do trabalho, isso sem contar naquela mulher irritante que só vive entrando onde não é chamada, eu nem sabia que Ayla e Melinda eram "amigas", soube por Clara que elas se conhecem. Isso explica porque Melinda está me ligando há tempos e enchendo meu celular de mensagens perguntando se estou tendo mesmo um romance com minha secretária.

Deus! Ela não desiste.

Preferi ignorar, até porque eu não tenho que dar satisfações para ela.

Pressiono um número no telefone, e logo a voz que eu tanto aprecio soa na sala silenciosa.

- Em que posso ajudá-lo, chefinho? - provoca.

- No momento, só preciso que peça para Rafa vir até a minha sala, mas depois você pode me ajudar com... outras coisas - finalizei malicioso e pude ouvir o timbre gostoso da sua risada.

- Não sei como te aguento, Hugo - brincou e desligou, me deixando com um sorriso no rosto.

Minutos depois, o pateta adentrou feito furacão em minha sala - sem bater, como sempre -, e eu ainda me pergunto por que diabos eu não a deixo trancada para esse idiota aprender a bater.

- Acho que irei tirá-la daí, não tem porquê o uso - aponto para a peça de madeira.

- Oi amor, eu estou bem, obrigado por perguntar - sorriu de modo exagerado, dando um leve toque em minha mão.

Ele praticamente se jogou no sofá no canto da minha sala, com um sorrisinho irritante em sua face.

- Depois você vem me perguntar o porquê da Bianca não te dar bola, né cara. Você é muito chato, não dá - levantei e me sentei ao seu lado, dando um soquinho em seu braço.

- Se manca, Hugo, a Bianca não sabe o que está perdendo. Você não vê que todos me amam? Se até você conseguiu ficar com alguém como a Clarinha, imagina eu? - riu balançando a cabeça.

Revirei os olhos.

- Enfim, preciso que você me entregue os relatórios da parceria com o Cabral &Co, temos que revisar os mínimos detalhes para ver se não sofreremos algum tipo de lesão, referente a baixa dos seus materiais no mercado. Você acha que eles correm mesmo o risco de falir?

Rafael e eu continuamos a conversar sobre esse assunto, que atualmente na nossa área aqui na empresa, era um dos temas mais importantes a ser tratados.

[...]

Esfreguei meus olhos pela décima vez; eu não aguentava mais ver letras e números em minha frente, aquilo estava um pouco mais complicado do que pensei, e graças a isso tivemos que ultrapassar o horário de expediente.

Agradeço a Deus internamente, assim que digito a última palavra do documento. Dou uma última lida e deixo a impressora fazer o seu trabalho. Depois de devidamente impressas, pego uma pasta e organizo as folhas ali. Era um pouco mais das sete horas e meia, a maioria das pessoas já haviam ido embora, restando só eu, Rafa e nossas secretárias nessa parte do andar.

- Mande para o e-mail do Rafa este documento - falei com a voz cansada a Clara, que estava sentada no meu sofá, em meio a vários papéis.

- Certo... - balbuciou. - Está tudo nos conformes com essa papelada que eu li - ergueu o olhos para mim, momentaneamente, logo deviando-os para arrumar as folhas.

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