Ilha Tenerife – Convento Nossa Senhora da Candelária - 1895
A hóspede havia estado ausente mais uma vez nas orações matinais após o desjejum. Constatava a madre superiora com um suspiro resignado, de quem chegava a uma resiliente constatação. Enquanto o jovem recém chegado ao seu lado tamborilava os dedos sobre sua cartola com curiosidade ao observar a mulher a frente, distante e perdida em si mesma.
Dueña Isabel Casanova
Não havia um só lugar em toda a Andaluzia que não falasse da maldição abatida sob a família Casanova. Quizá toda a Espanha estivesse sob os efeitos dos maledicentes comentários que retratavam como obras malignas o que na verdade poderia ser encarado como tragédia. A Madre superiora conhecia o mal e as calamidades. E jovens casais tinham sempre mais possibilidade de atrair tragédias do que maldições demoníacas. Ela viveu o suficiente para saber e ver por conta própria.
— Então essa é a senhora Casanova? — o jovem falou adiantado ao seu lado.
— Infelizmente sim. — a Madre respondeu — o homem a olhou com uma sobrancelha em pé — nós todas aqui do convento a conhecemos antes... e agora. Dueña Isabel Casanova é a sombra da mulher que um dia vimos chegar aqui pela primeira vez.
— Disseram-me em Sevilha que está assim desde...
—Sim, é verdade. — o interrompeu.
— Muito bem, só me resta começar com o que vim fazer. — o jovem empertigou-se.
— E quanto tempo levará?
— Isso... Só ela é quem poderá nos dizer.
Isabel sabia quando era observada.
Nunca foi uma jovem que gostava de atrair atenção para si mesma, nem mesmo quando estava solteira, em idade para casar-se. Mas nos últimos anos ela acostumou-se a ser o centro das atenções, mesmo a contragosto.
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A Promessa de Uma Dama (Degustação)
ChickLitEspanha 1892 Isabel Fuentes tenta refazer sua vida sob o céu brilhante e as águas cristalinas da Andaluzia, após a morte de seu pai. Em um novo lar, ela é acolhida pelo tio, um famoso comerciante, e tenta se adaptar aos novos costumes da região. Por...