As crônicas do Olimpo, Livro 2: Justiça Oculta

8.Me poupe mãe

Minha cabeça doía constantemente, as correntes em meu pulso doíam de verdade e eu estava faminto. O que Hécate me permitia comer era pouco, ou seja, eu não conseguiria fazer magias fortes.

E para minha surpresa eu tive visitas enquanto estava preso... adivinha de quem... sim claro Gretha e Gladius, com toda a Ordem de Hécate.  Bom, ao menos o extremo que poderia acontecer comigo era impossível, a morte.

Para você, leitor, eu posso parecer uma pessoa enigmática? Ou misteriosa? Se não, não tem problema. Como mamãe dizia "Quanto mais você fala de si, mais as pessoas sabem o seu ponto fraco" isso por algum tempo foi o meu mantra, mas, aprendi a discordar dos deuses. Acho que se eu contar um pouco da minha história para você, talvez se sensibilize em nos ajudar a parar essa maldita guerra.

Bom, sou Gunnar, filho de Hécate, como muitos não sabem eu não sou um semideus. Hécate sempre buscou muito poder e riqueza, deuses menores como ela se contentavam em ficar em seus lugares e exercer seu poder sobre sua região, mamãe era diferente, ela almejava tronos e conquistas.

Mas onde você quer chegar com isso? Então, em sua busca por poder ela tentou governar os céus, as terras e o submundo, ela viu que não conseguiria sozinha, então ela teve seus filhos. Gladius para governar por ela os céus, Gretha para governar a Terra e eu para governar o submundo.

Foi um período de glória para ela é para nós, construímos grandes reinos, como também derrubamos muitos, iniciamos e findamos guerras. Mas conforme o tempo passava íamos perdendo poder. Hécate decidiu reunir o seu poder e seus filhos e formou a Ordem. Juramos a ela lealdade e compromisso.

Eu tenho 2521 anos, e meus irmãos também. Somos importantes para ela, que ainda acha que representamos o poder dela sobre os domínios dos...

CRÁS, os grilhões que me prendiam romperam sem fazer barulho no chão.

Fiquei de pé quando ouvi uma voz que dizia:

-Corra... não tem muito tempo... depressa- a voz estava cansada, e era familiar, parecia com a de Helena.

-Obrigado- disse para a voz.

Olhei para trás e havia um portal aberto. Apenas pulei.

-Ah!- bati meu ombro numa pedra.

Eu estava em algum lugar no Tártaro, não sabia onde exatamente ,pois era muito fácil de se perder ali.

Estava escuro, como uma grande caverna de paredes baixas e vermelhas, eu estava fraco, mal consegui correr. Hécate só podia ter me enfeitiçado. Cada um escolhe de onde vem sua magia, se de seu corpo, mente, emoções, enfim...a minha era da mente, e eu estava bem.

Me encostei numa pedra que havia ali, ergui minhas mãos e comecei um encantamento de localização para detectar o que a deusa usava contra mim.

Minhas mãos ficaram verdes, e logo todo meu corpo, não encontrei nada, eu estava apenas muito fraco... escutei um barulho próximo de mim, como que de algo caindo numa poça, de novo, agora mais próximo.

-Quem está aí tentei falar, mais acho que o minha garganta inflamada não deixou as palavras saírem.

- Quem fez isso com você?- escutei uma voz muito familiar.

-Graças - falei em voz alta juntando muita energia.

- Pelo menos é primeira vez que eu lhe encontro nesse estado, não é?- disse

Respondi que sim com a cabeça.

A pessoa tocou em minha testa e eu comecei a flutuar, era difícil distinguir seu rosto no escuro. Ela me conduziu até a água, um pequeno lago ali perto.

Quando meu corpo entrou em contato com a água ela adquiriu coloração arroxeada e escutei a pessoa proferindo um encantamento. Logo depois já me sentia bem melhor.

-Obrigado Thanatos!- falei com reverência.

- Ah! Não tem de que.- quem fez isso com você? Seus serviços nesse meio tempo foram atrapalhados.- falou o deus.

- Minha mãe.- respondi saindo da água.

- Aquela bruxa... enfim, depois nós resolvemos isso, primeiro precisamos sair daqui.- ele falou.

Considerando que o Tártaro era uma prisão para os deuses, eu ao menos imaginava o quão dificil seria sair dali.

-Você não sabe o quanto eu arrisquei vindo até aqui.- falou ele rompendo o silêncio enquanto caminhávamos.

- Sim, eu sei, Éris no auge da guerra deve ter olheiros em todo canto do Tártaro.- falei.

-De fato, além de que você acabou de confirmar que sua mãe também está aqui, o que complica mais a situação.

Ele estalou os dedos e nós estávamos de roupas diferentes. Ele com seu clássico terno preto de gravata e sapatos roxo e eu com minha calça moletom e uma blusa preta com casaco de linho, perfeito para fazer magias.

-Sempre quis saber como as deusas bruxinhas se localizam por aqui.- falou o deus.

- Hum! Acho que posso ser considerado um bruxinho também- falei.

Flutuei cerca de 10 centímetros do chão e de minhas mãos saiu um pequeno fogo.

-O fogo nos guiará para a saída - falei- a magia de Hécate, a deusa dos caminhos.

- Ah! Conveniente- falou ele dando de ombros.

Minha real intenção não era a saída, e o fogo me guiava exatamente para onde eu queria, estava nos meus planos e Thanatos mal desconfiava, uma vez que ele soubesse não teria problemas. Assim eu esperava.

Andamos sempre seguindo o fogo em minhas palmas, Thanatos falava sobre o quanto às pessoas da África e da China morrem... algo assim, não prestei muita atenção.

- Você sabia que eu descobri recentemente que a China e Índia abrigam mais de um terço da população do mundo?

-Sério?- Falei fingindo real entusiasmo.

Para o deus da morte ele falava demais, e eu acho que talvez aguentasse algo assim pelo menos era melhor do que o gélido silêncio do Tártaro.

Andamos sempre subindo, rumo a entrada, talvez Thanatos até percebesse que estávamos indo para a entrada em vez da saída, mas qualquer entrada também é saída...

-Há! Achei vocês - um voz serpenteosa ecoou pelo local.

- Obrigada Gretha querida.- falou a voz

Olhei para trás e vi Gretha com os mesmos fogos que eu nas mãos.

-Corre- falei para Thanatos.

Não demos nem 3 passos caímos no chão.

- Capturei você já umas 857 vezes - era Gladius.

-Quem é seu amiguinho? Você não apresentou ele para mamãe.

-Ah! Verdade, mas não é um amigo qualquer- retruquei.

Vi Thanaos sorrir antes de uma enorme onda de energia percorrer todo meu corpo.