Capítulo 3

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 A garota finalmente se aquietou. Tudo estava calmo e pareceu que ia permanecer daquele jeito até a hora do show, mas me enganei.

Um garoto alto, magro, com cabelos volumosos, usando um jeans rasgado, uma camiseta da banda igualzinha a minha, um tênis igualzinho ao meu e um óculos de Harry Potter se senta no final da fila, ao lado da metidinha.

Ele abre a mochila e pega uma garrafa d'água. Enquanto bebe, vira-se para Katherine e, da maneira mais educada que já vi, pergunta:

- Pode me informar que horas são, por favor?

Katherine olhou-o com os olhos caídos e balançou a cabeça.

- Acabou a bateria do meu celular agora há pouco.

- Ah, tá... Obrigado mesmo assim.

Ele terminou de beber sua água e guardou a garrafa na mochila, depois esticou o pescoço para me ver.

- Psiu. Ei, você.

Olhei para ele e acenei, mostrando que estava ouvindo.

- Pode me informar que horas são, por favor?

Peguei meu celular no bolso e olhei.

- Uma e dez.

- Obrigado. - Ele piscou, agradecendo, e voltou-se para suas coisas.

A voz dele era anasalada e rouca, soando tão fofa que eu quase deixei um Aww escapar. Ele não era o Brad, claro, isso era notável, mas aquele cabelão, aquele tênis velho e a roupa dele me lembraram muito meu futuro marido. Não que eu tenha, por um segundo sequer, pensado nele como penso no Brad, mas a semelhança me chamou muito a atenção.

O garoto cabeludo virou-se para o segurança e perguntou:

- Pode olhar minhas coisas por um segundo, senhor? Vou até aquela lanchonete comprar alguma coisa pra comer.

O segurança assentiu.

- Claro.

- Obrigado.

O garoto esticou o pescoço e olhou para Katherine.

- Quer alguma coisa de lá?

Ela fuzilou-o com o olhar antes de responder:

- Deus me livre!

Ele deu de ombros, sem jeito, e parou na minha frente.

- Quer alguma coisa de lá?

Eu pensei um pouco até responder:

- Quero sim. Pode me trazer um milkshake de baunilha?

- Claro que posso.

Peguei uma nota de dez do bolso e entreguei a ele, que atravessou a rua e entrou na lanchonete.

Alguns minutos depois, ele saiu com um saco de pepel na mão com o logotipo da lanchonete em vermelho. Atravessou a rua e se sentou no chão, à minha frente.

- Olha, você não disse se queria um milkshake grande ou pequeno, então eu trouxe o pequeno mesmo.

- Ah, esqueci disso. Mas está certinho. Obrigada.

Ele me entregou o copo de milkshake, tirou do bolso algumas notas e moedas e começou a contá-las.

- Quatro, cinco, seis... Prontinho. Aqui está seu troco.

Estendi a mão e peguei o dinheiro.

- Valeu mesmo. - Dei um gole no meu milkshake. - Quer um pouco? - Estendi a bebida para ele.

- Não, valeu. Se precisar de alguma coisa é só pedir.

Sorri enquanto ele se levantava e ia para o seu lugar.

Sei que o que fiz a seguir foi idiotice, afinal, eu já sabia a resposta, mas não pude deixar de perguntar, afinal, a cara que ela fazia quando alguém lhe perguntava aquilo era a melhor.

- Katherine, quer um pouco? - Estendi o milkshake pra ela.

- Eu, hein! Eca. Vai que a pessoa que preparou isso deu um espirro aí dentro. - Ela balançou os ombros.

- Ah, isso pra mim não é problema. - Abri a tampa do copo e forjei um tremendo espirro. - Eu adoro milkshake com uma pitada de bactérias. Você não? - Estiquei o copo para ela, que tapou os olhos com as mãos e soltou um grito.

O segurança mordeu o lábio para não rir enquanto tentava acalmar a garota, e o garoto cabeludo, olhando pra mim, riu e balançou a cabeça. Ele claramente adorou ver a chatinha se reprimindo de nojo.

É tudo culpa do Linkin ParkOnde histórias criam vida. Descubra agora