아홉. 9

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O mundo em sua volta se tornou totalmente silencioso.

Os sons da pista cessaram, assim como o canto dos pássaros e a voz da mulher em sua frente que tentava acordá-lo de seu transe.

Tinha certeza que não respirava, sentia as batidas de seu coração explodindo contra seu peito e suas pernas travaram. A visão se tornou turva e a mente se apagou por alguns segundos.

Dentre todas as possibilidades, todas as opções, todas as coisas que imaginou, nenhuma delas era a que lhe foi contada naquele momento: Doyoung estava morto.

Não poderia abraçá-lo ou dizer coisas românticas a ele, nem passear, nem ver as águas do lago, nem comer hambúrguer, nem brincar com cachorros, nem dividir um livro. Era o fim.

Acabou tudo. Todas as esperanças morreram naquele momento.

Nem ao menos conhecera o garoto por quem se apaixonou, nunca sequer olhou em seus olhos. Tudo que tinha era uma maldita foto e uma caixa de tesouros do Kim.

Tudo foi rápido demais, e quando voltou ao mundo real percebeu que estava dentro da casa. A moça o encarava com pena, um olhar totalmente diferente do que passava há alguns minutos atrás. Parecia entender.

— O senhor quer água? Está pálido...

Não entendeu só uma palavra dita, nem olhou a senhora. Apenas continuou paralisado sentado no sofá.

Não conseguia acreditar.

Não podia ser real.

— Q-... quando? Quando ac-conteceu?- Gaguejar era completamente compreensível, sua voz falha denunciava o desespero que estava correndo solto em suas veias.

— Há 6 meses. Suicídio.

Sentia a garganta queimar e o peito doer tanto que mal conseguia respirar.

— Onde... Ele está agora?- Suas falas eram proferidas num tom baixo.

— No cemitério da cidade. Pode visitá-lo. Ninguém vai lá há meses, nem irá. Ao menos que se sinta a vontade.- Suspira.- Eu era a mãe dele. Entendo como se sente, mas passou. Não podemos fazer nada.

— Obrigado pela cortesia, Senhora Kim. Sinto muito... Tenho que ir.

Assim que pegou a bicicleta de novo, começou pedalando devagar, com o buquê de lírios em sua destra mal apoiada no guidão.

Os fatos assustavam demais, pensar que um garoto incrível como aquele tinha tirado seu próprio passe livre para viver era horrendo, se sentia culpado, um monstro. Claro que não foi diretamente o assassino, mas era uma grande influência. Caso tivesse pelo menos se interessado naquela caixa azul mais cedo, talvez tivesse conhecido Doyoung.

Mas não. Era medíocre, preferia pegar as caixas que estavam mais perto, mas fáceis.

Aquilo tudo era mil vezes pior do que podia imaginar. Nunca teria cogitado aquela possibilidade, sempre pensou que o garoto estava vivo, em algum lugar.

A moça não mentiria, então era mais assustador. Doyoung estava morto... Como aquilo poderia ter acontecido?

Pedalava como um louco quando voltou para si, estava mais rápido do que já esteve, as rodas giravam loucamente e mal conseguia se equilibrar, o que resultou em uma queda no meio da pista vazia.

Fica alguns segundos deitado ali, com o céu cinza cobrindo sua cabeça e sente o peito doer.

Se levanta sentindo dor em alguns pontos do corpo, mas se levanta antes de desistir, subindo na bicicleta novamente e zarpando para seu destino.

𝑙𝑒𝑡𝑡𝑒𝑟: 𝑑𝑜𝑑𝑎𝑚 ;Onde histórias criam vida. Descubra agora