두. 2

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Mês seguinte.

Carregamento de presentes novo.

Um Bang Yedam cansado após mais um dia selecionando presentes de fãs.

Mais uma vez terminando essa tarefa exaustiva tarde da noite.

Mais uma vez adormecendo enquanto lê cartas.

Mais uma vez acordando com dor de cabeça e mal jeito no pescoço por dormir torto na cama.

Se senta com os olhos sensíveis pela luz tentando enxergar a rua movimentada do outro lado da janela, coisa que se acostumou a fazer sem saber o motivo, apenas fazia.

Foi até o chuveiro e apenas deixou que a água fria estremecesse seus ossos na tentativa de acordar e esvair o mal estar presente.

Trocou de roupa e foi a caminho da sala de treino, esperando ter no mínimo um tempo pra cantar sem interrupções... mas estava ocupada. Aquele realmente não estava sendo um bom dia para si, agora que teve que se arrastar para o outro andar em busca de uma sala vazia, com sucesso, finalmente.

Ah mas se ele soubesse que receberia uma ligação assim que ligasse a música, teria se autoafogado no chuveiro antes de sair.

— alô. Sim. Sim. Tudo bem, já estou a caminho.

Uma caixa com presentes de fãs perdida nos correios havia chegado neste momento e ele deveria ir conferi-la. "Que ótimo" pensou sem animação, estava muito irritado, para dizer o mínimo.

Chegou no depósito e avistou a caixa. Estava bem no meio do ambiente e estranhou a cor azulada do papelão da mesma, mas não exitou em se aproximar e a levantar, a caminho de seu quarto. No momento estava pouco se ferrando para o que tinha nela, só queria se livrar daquela responsabilidade o mais rápido possível e o jeito era levá-la para onde ninguém a não ser ele reclamaria.

Após um dia exaustivo e irritante aos seus olhos, se enfiou novamente debaixo do seu melhor amigo chuveiro e jurou que podia sentir seus ossos desmontando e virando pó dentro de si, de tão cansado que estava.

Mais uma vez se deitou na cama usando apenas uma calça de moletom, era mais confortável assim e estava sem saco pra pensar em outra coisa pra vestir.

Assim que se despertou de seus devaneios viu a maldita caixa da qual fugiu durante todo o dia. Se pudesse tacá-la pela janela e gritar, o faria. Mas tinha um resto de senso, então apenas suspirou fundo e pegou aquilo que o tanto irritava, colocando-a em cima da cama e a analisando.

Uma caixa azul. É isso.

Arrancou a fita adesiva que prendia a tampa e estranhou o conteúdo: uma pilha de papéis meio amassados e recheados com uma caligrafia comprida; um all star sem par azul encardido com alguns desenhos coloridos em sua extensão; um vaso com uma pequena planta não identificada por Yedam; um avião de papel feito com a folha de uma partitura com uma melodia escrita, da qual ele adicionou uma nota mental de analisá-la mais tarde; um mapa da cidade com algumas marcações em canetinha vermelha; e uma raposa de pelúcia meio suja, talvez antiga.

Ok, neste momento ele estava mais confuso que qualquer pessoa. Mas o que era aquilo? Tudo era completamente diferente dos presentes que já ganhara, muito inusitado e... exótico? Resolveu começar pelos papéis, já que estavam por cima dos outros itens, fazia sentido.

"Você provavelmente me acha louco por mandar essas coisas."

Parou por aí e deixou uma risada nasalada escapar.

Era óbvio que achava o remetente maluco, quem presenteava o ídolo com aquele tipo de coisa?

A primeira frase o convenceu de que precisava continuar lendo se quisesse descobrir, então o fez.

"Talvez eu seja louco mesmo, quem sabe. Mas então, pra tentar te convencer de que não é tão estranho quanto realmente parece, tentarei explicar o significado de algumas coisas. "

Nesse momento, quem conseguisse fazer Yedam para de ler aquela maldita carta poderia se considerar o novo herói do século, já que era uma tarefa impossível.

"Primeiro de tudo, olá, Yedam. Meu nome é Kim Doyoung. Se você recebeu essa caixa, o que acho pouco provável, deve estar confuso com os itens contidos nela. Óbvio não é? Que tipo de louco mandaria essas coisas? Pois bem, eu mandaria. Essas "tralhas" são itens de grande valor sentimental para mim, e queria que ficassem com você não por serem tralhas, e sim por representarem a afeição que tenho pelo seu trabalho, sua arte me salvou de momentos de muita dor e me fez ser que sou neste momento."

Se senta mais confortavelmente, aquela leitura provavelmente seria longa.

"Vamos começar pelo all star. A história dele é um tanto engraçada, poderia ser cômico se não fosse de certa forma trágico.

Conheci meu melhor amigo numa venda de garagem de uma vizinha, que estava vendendo a casa e precisava desocupar espaço para ir morar em um apartamento mil vezes menor.

Quando vi aquele garoto pela primeira vez pude jurar que ele era calmo e controlado, até ele ver dois pares de all star, um azul e um amarelo, e correr em minha direção perguntando se eu queria usá-los com ele.

Nunca tinha o visto em minha vida? Talvez. Mas tímido e introvertido, não soube como recusar.

O começo de uma amizade duradoura floresceu naquele momento.

Agora você deve estar se perguntando, por que essa história seria trágica? Simples, meu caro, éramos pré-adolescentes com minhocas no lugar do cérebro e inventamos de brincar num córrego descalços, deixando os tênis na beira. Sim, fomos muito burros, já que três deles caíram na água e sumiram para sempre. Quando nos demos conta já haviam sumido, fazer o quê. Sobrou apenas um azul, o azul dele."

Pausou a leitura e começou a rir.

Morrer de rir para ser mais exato.

O dono da carta, Doyoung, escrevia de uma forma fofa e engraçada, deixando tudo mais dramático e divertido. Que tipo de pessoa era lerda naquele nível de deixar o sapato na beira de uma corrente de água?

Pois bem, o escritor era.

"Fofo", pensou.

"Após algumas semanas descobri que ele mudaria de país por conta do trabalho dos pais, e teríamos que nos despedir meio em cima da hora.

Sou forte no quesito de choro de emoção, mas não consegui segurar as lágrimas quando ele me entregou o tênis azul sem par restante e abriu um sorriso, se despedindo sem palavra alguma. Ok, mas, qual o motivo de o tênis estar em suas mãos agora, Damdam? Posso te chamar assim? Ótimo. Pois então..."

Yedam riu bobo. Ninguém o chamava daquela forma, nem sua própria mãe, mas um garoto do qual nunca viu aparece do além e o chama de um apelido carinhoso como aquele? Não via problema, só achou Doyoung ainda mais fofo.

"... Esse objeto representa amizade. Pra mim, você é um amigo, um grande amigo, mesmo que não nos conheçamos. Não tem problema se não for recíproco, principalmente na situação que nos encontramos de ídolo e fã, eu realmente não me importo.

Ok, primeira história concluída, vamos continuar?".

Ele realmente queria continuar, se não estivesse tão tarde. Já passava de uma da manhã e precisava dormir urgentemente, a não ser que queira desmaiar no meio da aula de dança no dia seguinte, e definitivamente não queria isso.

Colocou a carta no lugar onde a encontrou, na caixa, e apagou a luz. Ficou algum tempo parado sentado na cama olhando o nada, refletindo sobre o que leu anteriormente.

"Damdam."

Naquela noite, Yedam dormiu sorrindo.

𝑙𝑒𝑡𝑡𝑒𝑟: 𝑑𝑜𝑑𝑎𝑚 ;Onde histórias criam vida. Descubra agora