네. 4

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Correr nunca fora seu forte, mas no momento era questão de vida ou morte, já que havia esquecido de colocar o despertador e estava muito atrasado para treinar, se passava das 10:00.

Chegou lá suado acompanhado de um sorriso amarelo e olhar baixo, morto de vergonha para dizer o mínimo.

Treinou como um louco para compensar durante horas a fio, sem pausa alguma.

Estava se punindo.

Fazia aquilo quando sentia raiva de si mesmo.

Um dia cheio terminando com um banho gelado e uma leitura aconchegante, de certa forma se tornou uma rotina para o garoto e ele gostava, ah se gostava... As cartas de Doyoung nunca eram desinteressantes, sempre contavam algo inusitado e divertido e com certeza eram a melhor parte do dia.

Pensar tanto em Doyoung nunca esteve em seus planos, até porque tinha mais mil e uma coisas para se preocupar e fazer em tempo recorde e isso realmente era importante, se tratava de seu trabalho.

Porém há alguns dias o único que ocupava sua mente era o garoto escritor. Como ele seria, afinal? Alto, ou baixinho? Cabelos coloridos? Lábios grossos e olhos pequenos? Não sabia. Não tinha como saber, e o pior era que não conseguia nem imaginar como o outro era, de verdade, apenas imaginava as cenas descritas de forma neutra, e isso o incomodava tanto, mas tanto...

Queria saber quem ele era, o que fazia da vida, quantos anos faria, se tinha um crush, namorava? Gostava de outros tipos de música? Como lidava com os problemas? Se sentia só?

Muitas perguntas, muitas dúvidas, muita agonia.

Fechou os olhos com força e se deitou no edredon colorido que cobria a cama.

Pensamentos demais.

Olhou para a pilha de papéis.

— Eu só queria saber quem você é de verdade, Dodo...

Essa frase o fez se arrepiar.

Por quê?

Além de usar um apelido para Doyoung, envolvia um misto de emoções, raiva, culpa, frustração, tristeza e um que jamais pensou em sentir: atração.

Se sentia atraído pelo garoto misterioso, quem não?

Presentes exóticos com uma carta longa e palavras profundas vindas de uma pessoa que nunca viu, mas conhece cada pedacinho de si. Era tremendamente atraente.

Enfim, resolve ler a continuação, faltavam poucos objetos e estava curioso para o final. Será que haveria uma foto sua? Ou alguma pista, como um endereço ou um telefone?

Para saber, tinha de continuar.

"Bom, o próximo objeto é esse aviãozinho de papel. Provavelmente percebeu que ele foi feito a partir de uma partitura, isso é meio óbvio.

Eu escrevi essa música, sim, eu mesmo. Queria saber sua opinião sobre a melodia, já que tem tanta experiência com isso... Na verdade eu queria cantá-la para você pessoalmente, mesmo sendo meio impossível.

Ah, falando nisso, aqui está mais uma coisa sobre mim: eu amo cantar. E adivinha quem me inspirou? O fabuloso Bang Yedam foi minha fonte de inspiração, como sempre.

Nesse dia estava nublado e triste, minha avó, a que me deu a raposinha, sabe? Pois então, ela estava muito doente e havia piorado. Em casa estava com uma aura tão triste que pensei até em deitar e chorar pelo resto da vida... Até ter uma ideia, uma luz se acendendo em minha mente nublada.

Me lembrei de uma frase que você disse em uma entrevista durante seu debut: "Se estiver triste ou algo do tipo, procure algo feliz. Não para sentir inveja, mas para se inspirar."

No mesmo instante eu me levantei, peguei papel pautado e caneta preta, e escrevi essa musiquinha.

Não foi nada muito elaborado, parece até uma cantiga de roda, mas por algumas horas me fez feliz. Coloquei num programa de mixagem de áudio e a gravei de forma bem tosca mesmo, só para ficar ouvindo. E o origami que fiz da partitura.... foi apenas um passatempo, espero que não se importe.

Naquele momento, você foi meu grande salvador, se não tivesse lembrado daquela frase eu certamente teria feito alguma besteira."

Não percebeu que estava prendendo a respiração até parar de ler.

Isso realmente fora inusitado. Doyoung passou por coisas bem difíceis pelo visto, e Yedam foi sua salvação, se sentia lisonjeado e estranhamente... especial?

Não conseguiria continuar lendo se não solfejasse a melodia, então o fez.

As cordas vocais começaram a funcionar e jurou nunca ter ouvido uma musiquinha tão linda em sua vida.

Era simples e curta, mas tão conexa entre si que fazia os pelos do braço se arrepiarem, coisa que fingiu não notar.

E o sentimento dela era... alegre?

Queria dançar ao som daquela fofura, tinha vontade de dançar... com ele.

Certamente o outro teria um ataque cardíaco se soubesse o que seu ídolo havia acabado de pensar, dançar ao som da música que ele mesmo fez? Impossível.

Mas o desejo era real, Yedam queria mesmo fazer isso.

Pelo resto da noite ele cantarolou aquela doce melodia, sabendo que foi feita por uma pessoa tão doce quanto.

𝑙𝑒𝑡𝑡𝑒𝑟: 𝑑𝑜𝑑𝑎𝑚 ;Onde histórias criam vida. Descubra agora