다섯. 5

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Sábado.

Yedam só poderia agradecer aos Deuses pela semana ter acabado, não aguentava mais e realmente precisava de um tempo para descansar e fazer algo que não seja relacionado ao trabalho, e é claro que as cartas de Doyoung já estavam envolvidas nesse cronograma.

Queria terminá-las logo... mas ao mesmo tempo queria que durassem para sempre. Faltava apenas um objeto e mal podia se controlar para começar a ler, mal havia acabado de acordar e já estava sentado com a cama e o cabelo desarrumados se preparando mentalmente para continuar a leitura, sabendo que provavelmente algo bombástico seria revelado ali... ou não.

Suspirou.

O fim estava próximo.

"Agora, o último objeto. Me pergunto se você chegou até aqui, eu estaria muito honrado se acontecesse. Já pensou? Me sinto bobo só de imaginar..."

Yedam sentiu uma pontada no coração.

Não queria de forma alguma que pensassem dessa forma, queria dar oportunidade para seus fãs o conhecerem sempre... Não que ficassem pessimistas e achassem a ideia um absurdo.

A culpa o atingiu, mas continuou lendo.

"Enfim, o mapa. Esse mapa é de um restaurante de hambúrgueres artesanais que minha família ia com frequência, ficava na bandeja junto do pedido e eu sempre joguei fora, mas um dia resolvi o guardar para caso precise... e precisei. Na verdade, você vai precisar."

"Ué?" foi o que o cantor pensou.

Para quê usaria aquele mapa?

"Não é uma coisa tãaaao interessante assim, mas acho que é um dos meus objetos favoritos. Nesse mapa eu marquei de canetinha meus lugares favoritos na cidade, que eu ia com meus pais quando criança, que ia para passar o tempo, que ia para me esconder do mundo, etc, etc.

Vou explicar o significado de cada lugar para mim, se não se importa.

O primeiro lugar é a praça do skate..."

Agora entendeu para que servia o mapa.

Nem deu tempo de pensar no que estava fazendo, se levantou num solavanco e vestiu a primeira roupa que apareceu na sua frente, pegou uma máscara e saiu para o elevador.

Não aguentaria esperar nem um segundo a mais.

Precisava conhecer melhor Kim Doyoung.

Passou pela portaria de cabeça baixa, se o pegassem saindo da empresa naquele horário levaria uma bronca bem demorada, com certeza.

O ar gelado entrou em suas narinas, talvez devesse ter pegado um casaco mais quente... Não. Estava suando de nervoso a caminho da praça citada na carta, jamais aguentaria uma roupa quente naquele momento.

Como sabia qual era a praça certa? Simples, só havia uma praça de skate em toda a cidade.

As ruas estavam vazias pelo horário, ainda era cedo, poucas pessoas acordadas, e isso estava ao seu favor, já que haveria menos chances de trombar com um fã e perder tempo para encontrar Doyoung.

"Perder tempo".

Desde quando agia daquela forma?

Fazia tempo que não caminhava pela cidade só, sempre havia um segurança para acompanhá-lo e isso era no mínimo sufocante, às vezes sentia vontade de simplesmente sair correndo avenida afora só para fugir daqueles brutamontes que o protegiam.

"Protegiam do nada, né."

Não precisava nem dizer que sempre achou aquilo ridículo, mas enfim.

Parecia que quanto mais andava, mais longe da praça ficava. Estava cansando já, mas não desistiria, não hoje.

Finalmente avistou o lugar.

O cansaço de seu corpo se esvaiu como mágica e correu até lá.

Nenhuma surpresa, era uma praça de skate, nada demais.

Porém sentiu um frio enorme na barriga, seus pelos do braço se arrepiaram: sentia a mesma aura dos objetos, da carta, de Doyoung.

Se sentou num banquinho de concreto e continuou a leitura.

"O primeiro lugar é a praça do skate. Passei diversas tardes nesse lugar, até fugia da escola às vezes para treinar. Não conte para minha mãe, ela me mataria...

Mas sempre gostei de me arriscar e tentar coisas novas, então definitivamente skate era uma ótima opção para mim. Mesmo que eu tenha demorado mais de um mês para aprender a andar nisso... Ninguém liga para os detalhes não é mesmo?".

Yedam sorri.

"Eu ligo, Doyoung. Eu ligo para seus detalhes."

"Meus pais não eram a favor desse esporte, mas não sabiam que eu o praticava. Por isso eu escondia meu skate nos galhos de uma árvore próxima dali."

Não respondia mais por suas ações quando se levantou a procura do maldito skate.

Haviam diversas árvores ali perto, obviamente não seria facilmente achada já que o objetivo era esconder algo...

Mas o achou.

Era lindo.

Azul com algumas listras vermelhas e amarelas.

O sorriso no rosto de Yedam nunca fora tão grande, estava muito próximo de encontrar Doyoung, podia sentir isso.

Com um pouco de esforço conseguiu pegar o objeto e instintivamente o abraçou.

Obviamente algumas pessoas passaram na rua e o olharam estranho, mas não estava nem aí, estava com o objeto do garoto que dominava seus pensamentos em suas mãos.

As batidas de seu coração estavam tão altas que mal ouvia o mundo ao seu redor, seu foco estava apenas nos arranhões, nos sujos, nas cores e no nome riscado na parte de baixo do skate:

KIM DOYOUNG


𝑙𝑒𝑡𝑡𝑒𝑟: 𝑑𝑜𝑑𝑎𝑚 ;Onde histórias criam vida. Descubra agora