Os passos metálicos ecoavam pelo ambiente. A cada passo que era ouvido pelo corredor vazio, o seu corpo se encolhia espontaneamente. Já não aguentava mais toda aquela tortura. O volume dos passos iam aumentando, indicando aproximação, e o seu corpo começava a tremer.
Tentou se afastar o máximo possível da porta, mas as correntes que lhe algemavam os pés e as mãos não permitiam toda aquela mobilidade. O seu desejo era de se encolher no canto do calabouço o mais distante possível da porta, de preferência no local mais escuro do cômodo, mas o máximo que conseguia fazer era se encolher, se espremendo a parede, de frente para a entrada.
Os passos se aproximavam cada vez mais da porta, e os seus lábios passaram a tremer, perdendo, aos poucos, o controle sobre o choro que lutava para manter dentro de si. Sentiu o frio lhe subir a espinha quando os passos, enfim, pararam. O coração batia forte e desesperado. O medo de a porta se abrir e aquela maldita silhueta surgir em seu campo de visão lhe dominava completamente.
E o seu maior pesadelo se concretizou. A porta se abriu, revelando aquela silhueta alta, brilhante e vazia. O brilho da armadura metálica fazia a luz do corredor refletir e iluminar o ambiente ainda mais do que o usual. O seu choro não conseguiu mais ser contido e passou a ser escancarado em sua face, junto aos soluços.
Atrás do cavaleiro sombrio, havia uma silhueta alta e magra que carregava algo consigo. Algo que ela sabia exatamente o que era. Algo que lhe dava nojo e ao mesmo tempo paz.
- por favor – ela implorou aos prantos enquanto as lagrimas rolavam pelo rosto.
- já está na hora – ditou o cavaleiro com a voz medonha, começando a marchar para o interior do cômodo.
A mulher se desesperou e gritou, sendo acompanhada por um berro jovial.
Durante anos, Derek seguiu com a sua vida, se perguntando quando o namorado voltaria. O seu bando havia deixado Beacon Hills, após o incidente com o incêndio. Com a ajuda do sub-xerife Parrish, os assassinatos dos caçadores fora completamente esquecido, e o incêndio fora parar nos jornais como um atentado delinquente de jovens rebeldes.
Os Hales se mudaram para outra cidade, similar a Beacon Hills, mas com mais neve e neblina. As temperaturas locais eram baixíssimas, o que ajudava a ocultar a sua movimentação nas reservas ambientais locais.
Durante as duas primeiras décadas, os Stilinski deixaram de ser um assunto ruim no bando. Com o tempo, os lobisomens começaram a se habituar com a ideia de membros do seu bando se relacionando com demônios. Não era exatamente admirado, mas havia parado de ser julgado. E durante essas duas décadas, Derek e Peter esperaram pelo retorno do castanho.
Derek com a esperança de ter o namorado de volta, e Peter a espera da localização de Cláudia e Noah que o rapaz poderia lhe fornecer. O casal estava decidido a passar um tempo com os Stilinski.
E então, veio o motivo de surto por parte de Peter e Derek. As suas marcas haviam sumido. Os dois lobisomens enlouqueceram. Nunca haviam ouvido falar de uma marca desaparecer daquela forma. Mesmo com várias pesquisas, eles não encontraram uma resposta para aquilo. E então, a notícia arrebatadora veio com a presença da druida local.
- os druidas se comunicam entre si, quando algo grave ocorre no mundo sobrenatural. Eles anunciam uns aos outros a catástrofe que ocorreu, e nós, como emissários, anunciamos para as outras espécies – disse a mulher de cabelos cacheados, com um pesar na voz.
- nós sabemos. O que aconteceu dessa vez? Faz muitos anos que os druidas não se comunicam, assim. Quase dois séculos – comentou Oliver servindo a mulher com uma xícara de chá.
- dessa vez, foi algo extremo. Nunca esperei que algo assim acontecesse – falou a morena, preocupada, tomando um bom gole do chá para relaxar.
O bando inteiro estava reunido na sala, encarando a nova emissária do bando, nervosa, tentar comunicar ao bando o corrido drástico do mundo sobrenatural.
- houve... Eu nunca presenciei antes, mas sei que já aconteceu há muito tempo atrás. Poucas vezes, mas ocorreu – comentou a mulher, preocupada
- fala logo, Marin! – exclamou Erica, impaciente.
- vocês conhecem cubos? – indagou a mulher com seriedade, vendo o bando se entreolhar, antes de olhar para Derek e Peter.
- nós tínhamos marcas com cubos. Mas elas sumiram. Você sabe alguma coisa sobre isso? – inquiriu Derek, preocupado.
- já ouviu falar sobre isso? Eu tenho trezentos anos de vida, mas nunca ouvi falar de uma marca desaparecer sem a presença do dono para a desfazer – alegou Peter, alarmado.
Marin suspirou.
- sim, eu sei porque elas sumiram – confessou a mulher, preocupada.
- e por que foi? Também nunca ouvimos falar de algo assim? – indagou Talia, preocupada com o filho e com o irmão.
- as marcas sumiram, porque o clã ao qual pertencem foi morto por completo – ditou Marin com seriedade na voz.
Os lobisomens em peso tiveram uma expressão de surpresa tomada em seus rostos.
- como é? – inquiriu Derek, perplexo.
- não, não, não, não. Você está doida! – exclamou Peter, negando com a cabeça e se erguendo do sofá.
Marin suspirou.
- aqueles três não iriam morrer tão fácil. Noah era forte para caralho. Cláudia era ardilosa demais para morrer assim. Eu vi aquela mulher fazer um bar inteiro se matar sem ela fazer mais do que andar e falar! - argumentou o louro começando a se afastar da druida.
- o filho deles era um prodígio do clã. Até criou um feitiço de hipnose corporal! Como um clã que têm aqueles três pode morrer assim?! – o louro exclamou, indignado.
- não foi apenas um clã, Peter – ditou a mulher voltando a beber do chá, estendendo a xícara para Oliver, pedindo por mais.
Ela também sentia que precisava se acalmar.
- como assim? – inquiriu Theo, confuso.
- se fosse apenas um clã, os druidas não teriam se comunicado assim, de forma tão urgente. A espécie entrou em extinção – ditou a mulher vendo os lobos lhe fitarem perplexos
- você fumou? – inquiriu Jackson, confuso.
- como uma espécie sobrenatural tão forte some assim? – inquiriu Isaac, perplexo
- os Cubos já estavam escassos há muitos séculos. Desde muito antes dos registros de minha família conseguirem descrever. Sempre houveram... Problemas na reprodução deles. – a mulher começou a explicar quando Oliver lhe estendeu mais uma xícara de chá.
- pode explicar melhor? – inqueriu Cora, curiosa.
- para começar, a gestação de uma súcubos é muito extensa, o que a torna vulnerável para outros predadores e caçadores, uma vez que o seu poder decai durante o período. Uma súcubos pode passar um ano e meio gerando apenas um filho – ditou a Morell com seriedade, se recordando de tudo o que havia lido sobre a espécie em questão.
- tudo isso?! – exclamou Erica, surpresa.
- sim. Com isso, já são dois problemas. Ainda tem a alta mortalidade de crianças na espécie. De cada quinze gestações, apenas uma das crianças consegue atingir a adolescência – a mulher passou a explicar um pouco sobre a espécie, com informações que os lobisomens não fazia ideia.
- os cubos aos quais o meu irmão servia de emissário, assim como vocês, são um bom exemplo. O filho deles que atingiu a adolescência foi a trigésima criança a quem eles deram a luz – disse a mulher surpreendendo ainda mais os Hales.
- Stiles era o trigésimo filho deles? – questionou Laura, surpresa.
- sim. Um outro motivo do alto índice de mortalidade infantilidade na espécie são as próprias crianças. Elas não podem ter irmãos de mesma faixa etária. Os irmãos acabam se matando, não se sabe direito o motivo, mas acredita-se que seja a fome, pois todas as crianças cubos são extremamente gulosas. – comentou a druida.
- para uma mãe, é uma vida sofrida. Agora eu compreendo aquela mulher – falou a mãe de Erica, apertando a mão da filha.
- ele não morreu! – exclamou Derek, irritado, não conseguindo conter as lágrimas.
- eu sinto muito, Derek. Mas a extinção foi sentida por todos nós. Os cubos foram aniquilados – disse a morena negando com a cabeça.
- como isso ocorreu? – indagou Erica, preocupada.
- há... Trinta anos atrás... Um grupo de caçadores composto por Talbots e Argents foi assassinado por cubos – informou a mulher fazendo os lobisomens a fitarem com apreensão.
- um dos caçadores tinha uma esposa grávida. Essa mulher deu a luz a uma caçadora, que anos depois iniciou uma caçada aos cubos. E ela conseguiu – ditou a Morell com seriedade na voz.
Talia franziu o cenho. A seriedade na voz de Marin carregava algo a mais nas suas palavras. Algo que ela reconhecia em si mesma há muitos anos quando conversava com o irmão mais novo.
- você está se sentindo culpada? – indagou a alfa do bando vendo a druida engolir em seco.
Os lobisomens olharam com atenção para a mulher apreensiva.
- no começo dos tempos... Os druidas.... Eles funcionavam como uma ponte. Nós éramos os responsáveis por unificar os dois mundos. Os caçadores, surgiram como um policiamento do mundo sobrenatural. No passado, lobisomens, vampiros, magos, bruxos, demônio, humanos, todos eles formavam as ordens dos caçadores – ditou a Morell com seriedade na voz.
- por que se sente culpada? – inquiriu Peter sentindo a irritação crescer em seu interior.
- eu sempre cresci... Sonhando com esse mundo. Um mundo em que todos voltassem a se enxergar como partes de um ciclo natural e não como inimigos naturais – comentou a druida, sofrida.
- o que você fez? – questionou Pete, rosnando para a mulher.
- Allison Argent veio a mim, ainda adolescente. Dizia sonhar em um mundo igualitário, como eu. Um mundo onde todos pudessem viver em harmonia. Queria aprender sobre as espécies, queria aprender magia simples, queria se tornar uma curandeira – explicou a morena sentindo as mãos começarem a tremer.
- o que. Você. Fez?! – indagou Derek observando a mulher respirar fundo.
- de início, eu não acreditei. Ela insistiu. Continuei não acreditando. Até ela aparecer com um namorado lobisomem. Um idiota de queixo torto. Depois de dias a estudando, eu a aceitei como aprendiz – falou Marin finalizando o chá em sua xícara.
- UMA CAÇADORA! VOCÊ ACEITOU UMA CAÇADORA COMO APRENDIZ! – ralhou o louro, vociferando enquanto derrubava a decoração da mesa de centro ao virar o móvel.
Marin estremeceu e abaixou a cabeça.
- O QUE DIABOS VOCÊ TINHA NA CABEÇA?! – ralhou com fúria, sentindo as lágrimas rolarem por seu rosto.
- Peter, por favor. Se acalma – implorou Corinne, também em prantos, tentando segurar o marido e o impedir de avançar na druida.
- tudo bem. Eu compreendo o meu erro. Eu sei que errei. Mas eu errei acreditando em meu sonho. Me arrependo de ter aceitado aquela mulher como aprendiz. Mas o meu sonho continua intacto – afirmou a mulher com seriedade e um olhar de tristeza.
- Peter, se controle, por favor – pediu Talia vendo o irmão e o filho encararem a mulher com fúria e dor.
- entendo a sua dor e eu sinto muito por você, meu irmão. Mas precisamos esclarecer os fatos – comentou a alfa observando o irmão se acalmar e se sentar no sofá novamente.
- Marin, eu entendo a sua falha. Eu entendo que você errou com uma intenção maravilhosa. Mas isso ainda não explica como uma espécie de imortais pode sumir em tão pouco tempo – disse Oliver se aproximando da druida e apertando, suavemente, o ombro da mesma.
- os cubos não eram tão populosos como vocês e os vampiros. Eles estavam em um número pequeno. Quantos clãs de lobisomens ou vampiros existem no mundo? Centenas? Dezenas de centenas? No momento, não conseguimos definir uma quantia exata. Mas cubos?! Haviam apenas seis clãs existentes. Os Stilinski, os Fox, os Garanvarand, os Mountesk, os Lez-Vonzs, e os Zedd. – explicou a mulher vendo os lobisomens ficarem chocados com a informação.
- Allison... Usou as informações que tinha. Usou de mim e dos meus bestiários para aprender ao máximo sobre os cubos, e então iniciou a sua caçada contra eles. E ela conseguiu liderar os Argents e os Talbots até a aniquilação total dos cubos – Derek olhou com fúria para a druida.
- VOCÊ FEZ ISSO! – gritou Derek, furioso, avançando na druida.
Os betas avançaram no moreno, o contendo, enquanto Marin se cercava com cinzas da montanha antes que eles conseguissem conter o homem. Os lobisomens franziram o cenho, curiosos, para a ação da mortal.
- não me importo com o que faça comigo como resposta a sua dor perante o meu erro, Derek. Mas peço que apenas me deixe explicar toda a situação – falou a mulher com seriedade, apoiando a xícara e o pires em seu joelho.
O silêncio dominou a sala por alguns minutos, os rosnados de Derek foram contidos, mas as suas lágrimas permaneceram a rolar. Ele estava furioso, abatido, desesperado.
- vocês têm que ver isso! – exclamou Malia, descendo as escadas com um notebook em mãos.
- Malia, querida. Agora não é um bom momento – disse Corinne, que se encontrava tão abalada com a notícia quanto o marido.
As esperanças de que o seu marido pudesse ser completamente feliz foram por água abaixo. Ela estava triste e decepcionada.
- um imortal fez uma ameaça aos seres humanos – argumentou a loba chamando a atenção de todos.
- como é? – inquiriu Talia, surpresa.
- assistam – disse a filha mais velha de Peter e Corinne, transmitindo o vídeo para a televisão da sala.
- isso foi transmitido hoje, na hora do almoço. Na verdade, foi transmitido em todos os países em horários de pico e em suas respectivas línguas. – explicou a mulher dando play no vídeo.
Na tela, passava-se a cena final de um capítulo de novela, em um momento crucial da trama: finalmente o culpado pelo assassinato da irmã gêmea da protagonista seria revelado. Foi quando a tela passou a sofrer interferência de sinal. A novela deu lugar a um ambiente pouco iluminado, com uma silhueta um tanto volumosa sentada em um trono de ferro.
- essa transmissão é para aqueles que vivem no mundo sob o mundo – a voz modificada eletronicamente começou a falar em meio a transmissão.
- no início, vivíamos em harmonia em meio aos humanos. Se quer éramos notados pelos mesmos. O mundo seguia bem, equilibrado, natural. Até que tudo mudou quando se viraram contra nós. Com medo, os humanos se tornaram agressivos. E nós, reconhecendo nosso lugar como mais fortes, decidimos recuar – a medida em que a voz anunciava, imagens que condiziam com as suas palavras eram mostradas.
Inicialmente, uma paisagem verde, natural, repleta de vida. Na outra, seres humanoides em uma sociedade trabalhando em conjunto, vivendo em harmonia. E então, pessoas com garfos, tridentes, machados e tochas, marchando. Uma clara cena de clássicos do terror sobrenatural.
- procuramos abrigo na noite, conforto em nosso exílio secreto. De criaturas comuns, passamos a ser criaturas da noite. Mudamos os nossos hábitos para não abandonar a nossa natureza, sem abandonar a sociedade. E tudo isso para quê? – a fala calma da voz editada acalmava e ao mesmo tempo assustava a quem assistia a aquilo.
Cenas de desastres naturais foram exibidas, além das imagens de tortura de pessoas, vídeos de sentenças de mortes sendo cumpridas, choro e desespero de crianças abandonadas em meio a uma guerra.
- os humanos nunca se importam verdadeiramente com o mundo. Atacam a natureza e a eles mesmos. Por décadas, eu assisti calado os homens e mulheres da raça humana destruírem o mundo aos poucos. Essa raça tão... Frágil, sem esperança... Egoísta, agressiva, egocêntrica, prepotente... Nojenta, repugnante... ataca tudo ao seu redor e destrói tudo o que alcança – a medida em que as palavras eram proferidas, as imagens de destruição e sofrimento causados pelos seres humanos eram reproduzidas.
- por anos, nós, seres da noite, “sobrenaturais” como costumam nos chamar, contribuímos para toda essa destruição. Aguentamos tudo em silêncio. Druidas, bruxos e feiticeiros sofreram com toda a tortura exercida com a natureza, lobisomens e seres bestiais sofreram com o desmatamento, vampiros e demônios com o afastamento dos humanos, que eram a sua principal fonte de alimento – ditou o ser misterioso com imagens de desenhos das criaturas citadas sendo reproduzidas no vídeo.
- isso pode ser qualquer coisa, Malia. Inclusive, parece uma jogada de Marketing sobre uma série, filme ou jogo eletrônico – argumentou Jackson, desconfiado.
- espere um pouco – comentou a loura aumentando o volume.
- assistimos e colaboramos com a extinção de várias espécies animais pelas mãos humanas. Mas, dessa vez, eles foram longe demais. Há sete anos, caçadores humanos levaram uma espécie a extinção. Os cubos foram oficialmente extintos. E essa foi a gota d’agua. Anos. Vocês tiveram anos para se arrependerem e voltarem atrás de suas atitudes. Mas agora, eu cansei de fingir. Eu vou mostrar quem realmente está no topo da cadeia alimentar – as imagens de destruição e sofrimento permaneceram. Imagens de guerra, queimadas, caça, seres humanos em estados deploráveis. Tudo o que poderia deixar o vídeo mais tenso e para baixo.
Os lobisomens se viram chocados. Aquele ser sabia sobre a existência dos cubos e da sua extinção. Não era trote. Não era uma pegadinha. Não era Marketing. Era real. Marin se ergueu de prontidão, perplexa, encarando a tela.
- isso não é bom. Se continuar assim, ele vai começar uma guerra! – exclamou a druida, desesperada.
A imagem, enfim, mudou para um ambiente mal iluminado, com uma silhueta volumosa sentado em um trono. A sua pele, escondida nas sombras, parecia brilhar como ferro com a pouca luz que adentrava o ambiente.
- eu declaro guerra a raça humana. Aliás, não é uma guerra. Pois não haverá confronto. Eu anuncio a aniquilação da raça humana. Não vim aqui pedir para que outros seres da noite, como eu, se ergam e se juntem a mim em uma guerra lunar contra os humanos. Não. Eu não preciso disso. Sou o suficiente para concluir o meu objetivo, e a minha aliada é a natureza humana. Eu estou aqui para apenas informar sobre o que está para acontecer – ditou o ser misterioso erguendo a mão, apontando para a câmera, revelando uma luva metálica.
- aqueles que tiverem algum ente querido pertencente a raça humana, venho aqui lhe dar um aviso: corram. Os transformem. Os tragam para o mundo sob o mundo. Pois em seis meses, apenas aqueles que viverem exclusivamente no mundo de cima, serão aniquilados – a ameaça final da transmissão chocou a druida e alguns dos betas
O ser se inclinou para a frente, permitindo que a sua armadura fosse iluminada, revelando um elmo prateado, com dois rostos esculpidos na laterais. Um deles com uma expressão chorosa e o outro com uma expressão alegre. A armadura possuía duas cores, o típico prata e um preto intenso. No centro do elmo, acima da testa do cavaleiro, estava o símbolo do infinito. As ombreiras eram serpentes e no topo do elmo haviam três chifres, um acima do rosto triste, o segundo acima do rosto do cavaleiro, e o terceiro acima do rosto feliz.
Ninguém sabia bem como digerir a informação. Não sabiam se deveriam acreditar na veracidade das afirmações feitas, ou se deveriam ignorar. Erica não estava tão desesperada. Vernon havia sido transformado havia anos. Moravam com Laura e Cora no condado vizinho. Haviam passado na casa do bando de Talia apenas parar rever os pais da loura.
Apesar do receio, eles não poderiam fazer muita coisa.
Tudo o que o mundo poderia fazer, era esperar.
E foi o que fizeram.
Derek passou os meses em luto, assim como Peter. Apenas sendo consumido pelo ódio pelos humanos, por sua frustração em não poder ter passado mais tempo com o parceiro, e pela saudade do íncubos, que já não voltaria mais para si.
E, em exatos seis meses, ocorreu.
Do centro do círculo de fogo do pacífico, um porta aviões militar lançou caças controlados remotamente. Cada aeronave estava armada com mísseis de carga mediana. As aeronaves sobrevoaram a costa de cada país, disparando os mísseis.
Derek estava em Nova York quando um dos mísseis sobrevoou a cidade, se dirigindo para o centro da mesma. Ao se aproximar do centro de Nova York, o mecanismo fora ativado. Duas hastes giraram no interior do armamento, liberando duas correntes elétricas que, ao entrarem em contato, detonaram a carga. Mas, diferente do esperado por todos, a míssil não liberou fogo. Não houve chamas, ou uma luz irradiante que apagaria todos os seres vivos da superfície em seu alcance e deixaria sequelas radioativas por anos.
Houve apenas fumaça e uma onda de choque intensa. Os humanos comemoraram. O ataque havia falhado. Eles haviam sobrevivido. Ou era o que haviam pensado. A neblina criada pela explosão se espalhou pela cidade, se alastrando, como a neblina dos outros mísseis. Derek ergueu as mãos, sentindo o gás tocar o seu corpo, gerando uma leve ardência no mesmo. Como se um material quente lhe tocasse. O cheiro? Era de enxofre e iodo.
Um por um, os humanos que exalavam o gás iam apresentando problemas respiratórios. Um recém nascido faleceu ao lado do lobisomem por insuficiência respiratória, a mãe, desesperada, nada pôde fazer, pois sofria do mesmo aos poucos, morrendo um minuto após.
Os seres sobrenaturais não conseguiam acreditar. Como o estranho dissera. Ele não precisou de ninguém. Não houve exército. Não houve guerra.
Houve apenas uma aniquilação.
Daquele dia em diante, tudo mudou.
O 11 de Setembro havia sido esquecido. Grandes atentados foram diminuídos. Hitler fora superado. O estranho sombrio havia cumprido com a sua palavra. A raça humana fora dizimada em instantes. De início, o mundo ficou um caos. A sociedade estava confusa, estranha. Muitas engrenagens estavam faltando com a perda dos humanos. O mundo se viu em crise. O sobrenatural não conseguia sustentar a falta do natural. Ninguém sabia como interagir. Ninguém sabia como agir. Conhecidos, amigos, parentes e desconhecidos. Todos se olhavam e apenas conseguiam pensar: “não és humano. O que és?”. Mas nada diziam, receosos, perdidos.
Com o tempo, as coisas foram se ajustando. Depois de séculos, o mundo havia mudado completamente. O capitalismo desenfreado tivera, finalmente, os freios puxados. A evolução constante da sociedade parou. Anos de reflexão e análise voltadas para si mesma foram necessários para que a sociedade compreendesse os seus erros.
Os humanos não mais existiam. A evolução constante na medicina não era mais tão necessária. A maioria dos imortais não precisava de remédios para dor de cabeça. Os poucos seres mortais remanescentes como druidas, feiticeiros, bruxas e xamãs conseguiam grande parte de suas medicações e tratamentos a partir dos seus feitiços e do seu conhecimento intenso sobre a natureza.
O mundo conseguia se virar com a medicina atual.
O capitalismo permaneceu.
Era um câncer que, infelizmente, fazia o mundo girar em conformes desejados. Mas limites foram estabelecidos e regras novas se mostraram necessárias.
A democracias se curvou para a monarquia mais uma vez. O povo permanecia escolhendo os seus líderes, mas o poder voltou a ser centrado. Por mais que o povo escolhesse o seu governante, eles não tinham poder nenhum sobre o escolhido. Uma vez coroado, o líder tinha o poder inteiro para si, o tornando inquestionável. No entanto, um conselho de druidas era criado em cada reino, visando a unificação dos reinos e seus povos.
Durante três séculos esse sistema de governo manteve o mundo em ordem. Todas as raças humanoides viviam em harmonia, misturadas entre os reinos. Vampiros, lobisomens, kanimas, ghouls, peeiras, fadas, xamãs, bruxas, demônios e muitos outros. Não era difícil encontrar nenhum desses em qualquer reino existente.
Hydra, como ficou conhecido o ser misterioso responsável pela extinção humana, trouxe o pânico e a crise ao mundo, mas também trouxe a paz e a esperança para aquelas criaturas. Eles não precisavam mais se esconder. Eles estavam livres.
Derek acabou sendo o escolhido pelos druidas e seu povo como o rei de um dos reinos remanescentes nos Estados Unidos. O povo via no homem, uma figura firme e centrada, capaz de os governar em paz por vários séculos. Eles julgavam ser a voz da experiência, afinal, o Hale era um lobisomem com experiência de vida. Uma experiência intensa, diga-se de passagem.
Ao saber da morte do parceiro de marca e presenciar a aniquilação humana. Derek passou anos de luto. E tudo apenas piorou com a morte de Corinne. O seu tio Peter, afogado em mágoas e ressentimento, se suicidou semanas depois. A dor da perda fora grande. O casal era o único que realmente lhe entendia quanto a sua saudade incontrolável por seu parceiro íncubos. Mas Derek era um lobisomem jovem e precisava seguir em frente. Ao completar um século de vida, o moreno se casou com uma loba do reino em que vivia. Tiveram cinco filhos, até que, trinta anos após o casamento, eles romperam.
O moreno não se sentia bem no relacionamento e a sua esposa se sentia incompleta. Romperam o matrimônio, mas permaneceram dividindo o mesmo teto. Nenhum dos dois queria abrir mão da presença dos filhos em sua vida. Se mantiveram convivendo pacificamente como uma família.
Com uma boa parte da população dizimada, os países tiveram a sua população reduzida e o territórios aumentados. Sendo assim, os condados se restringiram em reinos um tanto volumosos em certas regiões, e os espaços entre elas se tornaram zonas de reflorestamento e recriação daquilo que fora destruído por humanos.
A tecnologia, se tornou menos presenta na sociedade. Eles ainda usavam computadores para armazenar arquivos, celulares e telefones para se comunicarem. A sua eficácia e velocidade de efetividade eram inquestionáveis. Mas as outras tecnologias foram se tornando obsoletas. A televisão, junto com as novelas, filmes e séries, foi substituída por seus antepassados: os livros e os teatros. Os carros foram parcialmente abandonados. Alguns seres conseguiam ser tão rápida quanto os veículos, qual a necessidade da manutenção deles? Sendo assim, automóveis serviam apenas para transporte de cargas e utensílios de guerras. A produção tecnológica foi reduzida drasticamente, e o uso de energia renovável foi se tornando cada vez mais comum até se tornar o principal meio de aquisição do recurso.
Fora uma transição difícil, mas o mundo conseguiu sobreviver. E o mais importante, os imortais estavam acabando com a destruição do planeta. Tudo estava se tornando equilibrado.
Quase tudo.
Apesar do equilíbrio que os druidas tentavam manter, alguns povos apresentavam uma selvageria desenfreada. E um desses povos, era o reino nortenho, na divisa com o Canadá, liderado pelo rei Garret Douglas. Um lobisomem tão velho quando Talia, que se encontrava liderando o reino havaiano.
O Douglas vinha dominando reinos do extremo norte da América, até o sul norte americano. O reino de Derek era o segundo que se mantinha de pé contra o exército sanguinário de Garret.
Ou era.
A guerra estourou no reino do moreno de olhos verdes. Foram dias intensos de luta. Um mês até que o reino fosse completamente invadido. Com a demora dos reforços aliados, o muro caiu e o reino fora invadido. As medidas tomadas para segurar o povo nortenho e voltar a fechar os muros falharam uma a uma. O exército de Garret não era apenas volumoso. Ele era diversificado e forte.
Vampiros, lobisomens, kanimas, banshees, fadas, xamãs, demônios. Havia de tudo. Até mesmo um kanima com asas que cuspia fogo o exercito Nortenho possuía. O seu nome, era Corey. Um rapaz baixo, mas que tomava proporções assustadores quando se transformava. Um verdadeiro dragão na terra. Ennis, ou El Gigante, como ficou conhecido, era um lobisomem alto, caolho, que conseguia adquirir o dobro da altura humana quando transformado. Mason, a besta, um lobisomem extremamente forte, capaz de enfrentar um batalhão sozinho.
Esses eram alguns dos aliados mais importantes de Garret. E peças fundamentais para que o homem conseguisse derrubar os muros do castelo e invadissem o mesmo. A família real fora rendida pela manhã, e foram mantidos em cativeiro até a tarde do dia seguinte, quando Garret os executaria na sala do trono.
Dois soldados lideravam a escolta de um grupo considerável de escravos de guerra, todos membros rendidos do exército do reino de Derek. Um batalhão que havia tentado cercar os invasores, mas que acabaram sendo derrotados devido ao relevo local. Geografia fazia toda diferença em uma guerra.
- é hoje, não é? – inquiriu um dos soldados, marchando pelo caminho.
- hm? – o outro fora despertado dos seus devaneios.
- é hoje que o líder vai executar a família real inteira – o homem repetiu, na forma de afirmação e o companheiro compreendeu.
- sim, sim. Tenho dó do rei. Vai assistir a sua família ser torturada e massacrada, antes de ele mesmo entrar para a brincadeira – comentou em um tom arrependido.
Os dois se entreolharam em meio a sua caminhada, antes de iniciarem uma gargalhada.
- eu quero mais é que se foda ele e... – o homem proferia em deboche absoluto, antes de algo lhe chamar a atenção.
Ele ergueu a mão e os seus companheiros atrás de si, que cercavam os escravos acorrentados pararam a marcha aos poucos, assim como os prisioneiros. Os enorme grupo seguiu o olhar do homem para o topo de uma das árvores presentes naquela colina. Aquela região geograficamente alta era onde, séculos atrás, os turistas admiravam e tiravam fotos apenas por conter um nome de uma cidade famosa escrito com estruturas de ferro enormes.
A antiga Hollywood.
A geografia global havia mudado drasticamente com a destruição dos antigos grandes centros urbanos, para que a reconstrução da natureza fosse efetuada. O reino de Derek, se localizava há alguns quilômetros da antiga Hollywood. De forma que, da antiga localização da famosa placa, era possível ver o estado caótico do reino. Muros caídos, prédios em chamas, tanques de guerra espalhados, alguns destruídos e tombados.
No topo da árvore, um estranho ser de sobretudo preto e capuz se encontrava de pé, admirando a paisagem.
- oi! Você! Desce daí! Você vem com a gente – ordenou o lobisomem tirando a mão da espada em sua cintura e puxando o rifle de suas costas.
O sobretudo balançava ao vento, exibindo as pernas cobertas por uma malha tão escura quanto o tecido esvoaçante. Quando o tecido do sobretudo parou de balançar, brevemente, o símbolo de ouroboros estampado em dourado se tornou visível para os lobisomens.
- eu falei com você! – ditou efetuando um disparo de alerta, o qual passou ao lado da cabeça do estranho de sobretudo e capuz.
- você é um prisioneiro, agora. O seu reino caiu, otário! – ralhou o outro soldado, também apontando o rifle na direção do estranho.
Uma mulher abaixou o próprio rifle, o colocando nas costas, antes de retirar sua espada e se aproximar da dupla.
- deixa comigo. Eu pego ele – disse enquanto um par de asas de morcego surgia de suas costas desnudas.
A mulher fora acompanhada por um homem com asas transparentes, que a seguiu em um voo rápido até o topo da árvore.
- você está preso. Desça imediatamente – ordenou a morena cutucando as costas alheias com a espada.
- é melhor obedecer, filho da puta – ralhou o homem golpeando a lateral do braço com a lateral da lâmina.
O ataque fora parado bruscamente, antes de atingir o encapuzado.
- e qual exército vai me fazer descer? -
O ser misterioso girou o rosto na direção da dupla, os surpreendendo com olhos dourados como ouro, e uma máscara de gás com a aparência de uma boca com presas. A expressão séria que o olhar alheio transmitia fez os ossos da dupla gelar.
Os dois recuaram bruscamente, erguendo suas espadas na direção do encapuzado.
- atirem! Atirem nele! – gritou o homem, desesperado.
Mas nada ocorreu
- Mark! Estamos fodidos – disse a mulher olhando para os companheiros.
O homem com asas de inseto olhou na direção do seu batalhão e dos escravos, sendo surpreendido pela imagem de todos os seus companheiros assassinados, jogados aos pés de seres encapuzados e com máscaras de gás. Os escravos estavam aterrorizados. Aquela pessoas haviam surgido do nada, após terem apunhalado todos os seus agressores pelas costas.
- MERDA! CORRE, JESSABEL! – gritou Mark batendo as asas com força, tomando impulso.
A companheira lhe seguiu no ato.
No entanto, quando ganharam certa distância do inimigo, foram surpreendidos quando algo os parou. Jessabel olhou para os pés, notando luvas metálicas em suas pernas, as agarrando. Já Mark teve o asar de ter suas asas cortas por um par de cerras giratórias.
A mulher assistiu o parceiro cair daquela altura, antes de ser amparado pelo nada. Mark, simplesmente, passou a voar, como se um grande pássaro invisível tivesse o segurado.
- o quê? Meu Deus. GRAÇAS A – o homem fada fora cortado pelo próprio grito de dor.
O torso da fada passou a ser perfurado por espinhos e cortado por garras invisíveis que somente passaram a ser vistos quando banhados por seu sangue. Os espinhos se tornavam asas rapidamente, antes de voltarem a ser espinhos. Jessabel encarou a cena, completamente aterrorizada. Uma perna do amigo fora arrancada brutalmente, antes de os seus braços serem puxados para os lados e o seu corpo ser partido em dois. Os assassinos se revelaram, abandonando a sua camuflagem.
- demônios?! – a mulher questionou, assustada.
A vampira começou a bater suas asas com mais força, tentando fugir. Ao olhar para o encapuzado na árvore, em pânico, a mulher o viu com diversão no olhar.
As mãos metálicas a puxaram com violência, acabando por deslocar uma de suas asas com o fluxo do ar. Quando enfim a movimentação parou, a mulher percebeu ter sido puxada para o homem encapuzado que ela tentou capturar.
- para quê a pressa? Me espera, paixão – falou o mascarado de olhos dourados e só então ela notou que ele havia descido da árvore, se colocando diante dos escravos.
- e-eu me rendo. Por favor, não me mate. T-toma a minha espada. Eu me rendo – a mulher implorou, jogando a espada no chão.
Antes de a lâmina tocar o solo, os escravos se viram surpresos ao ver a lâmina girar no ar e subir até a mão do encapuzado de sobretudo. O homem moveu a espada para a frente, na direção da dona da arma, a empalando na árvore a sua frente.
- não saia daqui. Tem alguém querendo brincar com você – disse o homem, com um tom sedutor, antes de dar as costas para a vampira e se dirigir para os escravos acorrentados, que o encaravam com pânico.
Com um mover simples de mãos, as algemas se abriram e foram ao chão, surpreendendo os membros do reino caído. Eles encaram o seu libertador, surpresos, o vendo os encarar com um ar de superioridade.
- onde se encontra a família real, nesse momento? – indagou com a voz modificada pela máscara, observando os homens e mulheres, receosos, se entreolharem e se questionarem o que deviam fazer.
Atrás do demônio mascarado, a vampira o encarava com fúria, removendo a espada de seu abdômen e a empunhando novamente, passando a marchar silenciosamente contra o seu agressor.
Assim que a espada fora erguida, e os escravos a encararam com surpresa , a mulher sentiu o seu braço ser agarrado por uma mão com garras gélidas.
- imagina só – um riso breve cortou a sua fala – o que podemos fazer com isso. É tão... Grande – uma voz feminina proferiu ao seu lado e a vampira encarou, surpresa, uma mulher de longos cabelos escuros e uma máscara com presas surgir ao seu lado, agarrando o braço que erguia a espada.
A vampira se preparou para socar a demônio ao seu lado, mas fora impedida quando outra mão agarrou o seu braço.
- por que não vamos para um lugar mais reservado? – outra mulher, desta vez de cabelos curtos, surgiu do seu outro lado, assustando a vampira.
- não. Não! Por favor! – ela passou a implorar quando percebeu que não era forte o suficiente para se soltar das duas.
As duas mulheres correram na direção da mata, arrastando a vampira pelo chão durante o percurso.
- eu só vou perguntar mais uma vez. Onde está o seu rei? – inquiriu o encapuzado, revelando as próprias asas em uma ameaça.
Os soldados estavam desesperados. Eles haviam, finalmente, conseguido invadir o reino. Era para eles possuírem alguns dias de paz e tranquilidade, usufruindo do doce sabor da vitória. Mas em menos de um dia eles haviam sido atacados. Um golpe havia explodido. O seu próprio exercito passou a atacar uns aos outros. E em questão de horas, eles foram forçados a recuar até o castelo. Os poucos soldados remanescentes fecharam os portões do castelo.
Assim que os portões se fecharam, a gritaria permaneceu, mas, diferente do esperado, ninguém tentava invadir o prédio. Os portões não eram atacados. Os ataques se concentravam nos guerreiros do lado de fora.
- rápido. Precisamos alertar ao rei e sair desse lugar o quanto antes – ordenou a líder do grupo de soldados, se voltando para o interior do prédio, que apresentava sinais de destruição.
- eu acredito que isso não será possível no momento – os soldados ergueram suas armas para a escadaria central, onde puderam ver um homem de longos cabelos louros sentado despojadamente nos degraus
Eles se viram surpresos. Não esperavam que houvesse ninguém ali. Principalmente alguém que não pertencia ao seu exército. Eles assistiram, desconfiados e atentos, o homem com aparência de adolescente jogar uma bolinha na parede, em uma forma de passar o tempo.
- quem é você? – inquiriu a mulher, com o fuzil apontado para a cabeça alheia.
- o meu irmão está apenas seguindo ordens. Por favor, não sejam tão agressivos. É deselegante tratar visitantes dessa forma – uma voz feminina chamou a atenção do grupo para o pé da escadaria, onde uma garota se encontrava sentada, com as pernas abertas e cotovelos apoiados nos joelhos.
- de onde vocês vieram? – indagou um homem, receoso.
A dupla sorriu.
- do passado – brincou a garota, sorrindo largo.
- e por que não podemos passar? – inquiriu a líder do grupo, se perguntando o que estava acontecendo ali.
- uma reunião de família está prestes a acontecer. Papai ficaria muito enfurecido se atrapalhassem esse momento – respondeu o homem jogando a bolinha com mais força.
- Adam está certo. O pai fica muito irritado quando não consegue o que quer – uma voz masculina atrás do grupo os surpreendeu.
Eles se viraram e puderam ver um homem idêntico ao que se encontrava na escadaria, com as costas e um dos pés apoiados nos portões trancados.
--MAS QUE PORRA! – exclamou um vampiro, amedrontado.
- Levi. Não assuste eles! São apenas pobres coitados – uma voz feminina acima do grupo os fez erguer as armas, aterrorizados.
Uma garota idêntica a que se encontrava sentada ao pé da escadaria estava apoiada nas vigas expostas do teto, sentada no buraco que ligava o andar de cima ao térreo. Buraco o qual surgiu com os danos causados ao prédio pelos disparos dos tanques e as explosões de granadas durante a invasão.
- Evellyn. Você acabou de assustar eles – ditou Adam com um sorriso de canto.
- Yve. Sua gêmea é uma hipócrita – soltou Levi, entediado.
- eu não sei quem ou o quê são vocês. Mas eu sei que vocês vão sair da minha frente – ditou Lucy, a bruxa que liderava o grupo, destravando o fuzil em uma clara ameaça.
O par de gêmeos sorriu largo, convencidos. Aquilo irritou os soldados. Adam agarrou a sua bolinha e a manteve na mão, a analisando, antes de a guardar no bolso de seu sobretudo.
- o clima aqui vai pegar fogo – ditou Adam erguendo a mão livre, criando chamas com a mesma.
- é melhor deixar que se matem sozinhos, como fizemos com o resto do exército – disse Evellyn começando a liberar uma neblina escura pelos pés e pelas mãos.
Os soldados ergueram as suas armas, mas logo elas foram abaixadas a força.
- tão previsíveis – reclamou Levi, ainda entediado.
- relaxa – a voz de Yve surgiu ao lado de Lucy, a assustando.
A bruxa sentiu a temperatura cair drasticamente ao seu lado. Antes de o seu braço se tornar gelado ao ponto de doer, e uma fina camada de gelo surgir na região tocada pela garota. Yve se materializou ao lado da bruxa, a assustando com o seu sorriso predatório.
- os olhos não veem, mas o coração sente – Lucy fora surpreendida quando uma dor tremenda surgiu em seu peito, ao olhar para si mesma, ela viu um tentáculo escuro com uma garra pontuda e brilhante atravessar o seu peito, arrancando o seu coração fora.
O resto do grupo se dissipou, começando a correr, uma vez que não podiam atacar com suas armas metálicas.
Evellyn sorriu, se tornando invisível, assim como os irmãos.
- perseguir e seduzir – a garota pronunciou durante a queda, antes de os quatro gargalharem, assustando ainda mais os soldados desesperados.
Derek rosnava, sem controle algum, da mesma forma que as lágrimas rolavam por seus olhos. Ele não aguentava mais aquilo. Se sentia frustrado, derrotado, humilhado. Estava morto por dentro. Sabia que não havia escapatória. O seu reino caira. E a confirmação desse fato, para todo mundo, seria a morte de sua família.
O homem assistia, amordaçado, o seu filho caçula ser torturado cruelmente por Kali e Garret. As garras e dentes de Timothy foram arrancados cruelmente por Garret, enquanto Kali insistia em criar cortes na pele do homem. Ennis esperava, ansioso, por sua vez.
Fazia muito tempo que não estuprava escravos de guerra. E as filhas do rei eram como um colírio para o seu único olho. A família real, que se encontrava acorrentada as colunas do salão, pelos braços, era forçada a assistir a tudo em silêncio, amordaçada. Próximo ao trono, havia uma fogueira improvisada que fervia um grande caldeirão havia um bom tempo. Corey estava sentado despojadamente no trono, por vezes cuspindo fogo, para manter a temperatura do líquido efervescente sempre alta.
Mason estava de pé, na janela, apenas esperando tudo acabar. Estava entediado, não podia mentir. Estava cansado da batalha, mas queria mais dela. Já havia passado boas horas descansando, estava pronto para outra. O homem de cabelos raspados e pele preta abaixou os olhos na direção do reino caído, estranhando a movimentação repentina. Haviam ganhado a guerra na manhã anterior. Por que havia tanta correria e gritaria lá embaixo?
- tem algo errado – comentou enquanto franzia o cenho, multando os seus olhos.
- o quê? O que foi? – inquiriu Corey, confuso e entediado. Esperava ansiosamente pelo momento em que cozinharia os três filhos mais velhos do rei derrotado diante do homem, e faria a esposa do mesmo os comer.
- parece que estão lutando lá embaixo – comentou Mason, intrigado.
Passos de um grupo de homens foram ouvidos se aproximando do corredor, e o grupo se preparou. Garret franziu o cenho, reconhecendo alguns cheiros. Os seus homens adentraram o salão, apressados e armados, tratando de fechar os portões e interditarem a entrada. Corey se ergueu, com as garras prontas.
- mas o que está acontecendo? – inquiriu o Douglas, parando no momento exato em que iria decepar o dedo do meio do homem acorrentado a mesa.
- estamos sendo atacados. Traíram a gente. Muitos dos nossos estão nos atacando – explicou o líder do grupo.
Garret se enfureceu, largando a adaga ao fincar a lâmina a mesa.
- então mate-os. Não preciso deles. Não é possível que eu tenha que lhe ordenar algo tão simples! – ralhou indignado.
- nós tentamos, senhor. Mas é como um vírus. Mais e mais traidores estão surgindo – argumentou o subordinado, preocupado.
- por isso corremos para lhes proteger – argumentou um soldado.
Garret se viu possesso.
- ih, fudeu – comentou Corey, coçando a nuca.
- Nos proteger?! Nos proteger?! NOS PROTEGER?! OLHE PARA ESSE GRUPO! ACHA MESMO QUE PRECISAMOS DE SUA PROTEÇÃO?! VOCÊ QUE PRECISA DA NOSSA! AGORA, CALE A SUA BOCA E... – o lobisomem fora calado.
Disparos e gritos de desespero eram ouvido no corredor. Gritos de ordens, dor e medo se misturavam aos disparos e a golpes de espadas.
- ele já está aqui! – exclamou o líder do pequeno grupo de soldados, ordenando em código para que eles se posicionassem.
Todos se organizaram e miraram com os fuzis para os portões.
- ele? – inquiriu Ennis, curioso.
- tem um homem usando armadura preta e metálica atacando o castelo. É o Hydra! – exclamou uma das soldadas, vendo o brilho de excitação surgir no olhar do homem.
- o exterminador?! Isso é verdade? Ninguém nunca o viu de verdade – o questionamento fora cortado quando os portões tentaram ser abertos.
- ABRAM! POR FAVOR. ELE VAI... – os gritos foram interrompidos por um gemido de dor.
Garret encarou os portões, assim como todos os presentes, curioso. O silêncio reinou no outro lado, até que os portões voltaram a tentar se abrir. O nervosismo dominou os soldados. Os portões de metal tremeram como se um terremoto estivesse abalando o castelo, assustando ainda mais as pessoas na sala do trono. Mason se transformou, assim como Kali e Garret, Ennis mutou o olho e revelou as garras. Corey abriu as asas e revelou sua cauda.
A tremedeira dos portões cessou e o silêncio se tornou enlouquecedor. A ansiedade alastrava a todos, acelerando suas respirações. Derek se viu surpreso quando as trancas dos portões giraram, abrindo os mesmos.
- AS TRANCAS! – gritou o líder do pequeno esquadrão de soldados, mas já era tarde.
Quando dois dos seus soldados se aproximaram dos portões, os mesmos foram abertos bruscamente, como se levasse um golpe, jogando os dois soldados para trás. O resto do esquadrão abriu fogo contra os portões.
- ESPEREM! – gritou Corey e os subordinados cessaram fogo assim que perceberam o seu erro.
O esquadrão deixou o queixo cair ao perceberem um companheiro sendo erguido pela cabeça, com o corpo inteiramente baleado. Um dos olhos fora destruído por uma bala, o rosto cravejado de projéteis tornava irreconhecível a sua aparência, mas o cheiro era mais do que familiar. Garret enlouqueceu, ao mesmo tempo em que todos os companheiros se tornavam receosos
- MEU FILHO! - O homem gritou de dor ao encarar o corpo jovial, completamente irreconhecível visualmente,
O corpo ensanguentado e baleado caiu ao chão, revelando uma armadura bicolor. O cadáver caiu ao lado de outro corpo e só então Derek notou o corredor manchado por grandes respingos de sangue. Assim que o cavaleiro ergueu o pé esquerdo, Garret rosnou em fúria.
- FOGO! – ralhou apontando com o indicador para o alvo.
A armadura avançou com certa dificuldade. Os seus membros se moviam facilmente quando acertados pelos disparos alheios. Derek franziu o cenho para a cena. Para alguém forte o suficiente para desbloquear os portões, os abrir com força e, ainda por cima, aniquilar toda uma espécie em um dia, aquele ser avançando, com calma e despreocupação, era bastante fraco.
Erguendo uma mão, a armadura fez com que todas as lâminas usadas na tortura de Timothy começassem a tremer, chamando a atenção do homem mais novo.
Hydra avançou mais alguns passos, antes de cair de joelhos. O esquadrão se animou. Eles cessaram o fogo brevemente, e os dois membros que foram arremessados com a abertura dos portões do salão correram na direção do inimigo, enfiando as suas espadas nas aberturas da armadura.
- não devia ter invadido sozinho – rosnou um dos soldados, vendo o adversário, com dificuldade, erguer a mão até o seu ombro.
Quando o ser ajoelhado ergueu a cabeça, os dois soldados se viram confusos. Cerrando o punho erguido, as lâminas na mesa de tortura se ergueram e avançaram contra o cavaleiro. Garret grunhiu baixo quando um cutelo passou ao seu lado, criando um corte pequeno em seu pescoço.
Os dois soldados grunhiram de dor, antes de caírem de joelhos, diante da armadura.
- está... Va... – um dos dois tentou alertar, mas fora impedido de continuar quando uma adaga surgiu da braçadeira preta, perfurando a sua garganta.
- mas o que merda foi isso?! – inquiriu Deucalion, o líder do pequeno esquadrão.
- metalocinese – murmurou Derek, pensativo, analisando bem a armadura ajoelhada
- ele controla os metais – murmurou Garret, pensativo.
Quando a armadura se ergueu, os soldados voltaram a abrir fogo contra o invasor. Mas o cavaleiro nada fazia, apenas permitia que as balas lhe acertassem.
- vocês são idiotas? - Inquiriu Kalli vendo a armadura agarrar as duas espadas que lhe atravessavam o corpo e começar a manusear as duas com habilidade,
Hydra lançou uma das duas em um dos soldados, o vendo desviar com habilidade. Derek franziu o cenho com a cena. A espada parou no ar assim que passou pelo alvo. O homem não pareceu notar o ocorrido. Quando ele se abaixou para poder disparar contra a armadura, a espada golpeou o seu pescoço, lhe decapitando.
- MAS QUE PORRA?! – gritou Corey, assustado ao ver o soldado sem cabeça cair aos pés da coluna em que a ex-mulher do rei estava acorrentada.
Uma das soldados desviou o olhar para o parceiro decapitado, confusa. Não sabia como aquilo havia ocorrido. O inimigo estava diante dela e o parceiro havia se esquivado. Então como a sua cabeça havia rolado até o centro do salão? Em seus devaneios, a moça não notou a espada se aproximando com velocidade. O seu coração fora perfurado imediatamente, assegurando a sua morte.
O som de correntes se partindo fora ouvido por todos, e eles se viraram para a família real, esperando por um ataque mas todos estavam algemados e aprisionados. Garret teve que cobrir os olhos quando Deucalion e a ultima soldado viva do esquadrão foram esmagados pelo grande lustre de cobre que caiu do teto.
Erguendo o olhar, Corey notou uma espada ensanguentada na ponta da corrente partida, ainda presa ao teto, a vendo despencar assim como o lustre, perfurando a mão do cadáver de Deucalion.
- chega. Isso é um trabalho para um homem de verdade – ditou Ennis, erguendo o seu martelo nas costas e se aproximando do inimigo a passos calmos.
Derek franziu o cenho, concentrado. Nenhum deles havia notado ainda. Nenhum dos seus adversários havia notado que a sua família estava com as algemas dos pés soltas. Quando o lustre esmagou Deucalion e a mulher, nenhum deles ouviu quando as algemas de seus pés se abriram, sendo abafadas pelo estrondo da queda do lustre.
A armadura não se moveu. Quando Ennis ergueu o martelo em um ataque, Hydra cruzou os braços diante do peito, em um movimento defensivo. O golpe do martelo acertou o torso do outro de maneira certeira. Todos se viram perplexos com o desfecho, inclusive o próprio Ennis.
A armadura preta e prateada simplesmente se desmanchou. Os pedaços se espalharam no chão, diante de Ennis assim que o martelo acertou o torso da vestimenta de guerra.
- mas que porra é isso?! – perguntou Kali, perplexa.
- está vazia. Não tem ninguém dentro – comentou Mason, surpreso e confuso.
- surpreso? – a voz abafada pela máscara ecoou pelo salão e o peito de Derek se apertou.
As lágrimas encharcaram os seus olhos instantaneamente. Ele não conseguia acreditar naquela voz. De todos os pedaços da armadura, uma neblina escura com tons de roxo começou a ser expelida. Logo, todo o teto do salão era dominado por aquela neblina. O exército de Garret se colocou em alerta. O gás escuro passou a se movimentar no ar, criando um redemoinho ameaçador que começou a se dirigir para baixo. O gás tocou o centro do chão, no ponto em que se encontrava o torso da armadura.
No centro do redemoinho, todos puderam ver um brilho azul intenso de um par de olhos e a silhueta escura de um corpo. Corey franziu o cenho, curioso. Quando o gás se dispersou, desfazendo o redemoinhos, Derek teve os olhos arregalados em espanto.
Era ele.
Era realmente ele.
Stiles estava diante de si, mais uma vez, com a mesma aparência jovial de séculos atrás. Os cabelos bagunçados, piercings pelo corpo, roupas apertadas que marcavam o seu corpo pálido e escondiam as suas pintinhas. Um sobretudo escuro cobria as suas costas, lhe dando um ar misterioso, enquanto uma máscara de gás com aparência animalesca era exibida em sua mão esquerda, bem como o sorriso vitorioso em seus lábios.
- o que acham? A cor dos meus olhos não é linda? – inquiriu o castanho exibindo o azul intenso dos seus olhos com um sorriso no rosto.
- eu nunca ouvi falar de um ser que virava fumaça – comentou Ennis, sorrindo ladino.
- MATE ELE! – ralhou Garret, possesso.
- você ouviu o homem. Mas eu tenho uma pergunta – ditou o caolho erguendo o martelo mais uma vez.
- fumaça sente dor? – inquiriu o lobo e Stiles sorriu.
- NÃO! – implorou Derek vendo o mais alto mover o martelo com força.
A arma caiu da mão do lobo quando uma espada lhe atravessou os dois pulsos. O grande martelo caiu com todo o seu peso no chão, e Timothy sentiu as correntes de seus pulsos serem soltas. O homem rolou para o lado escapando da visão dos seus carrascos.
- desgraçado! – ralhou Ennis, golpeando o castanho no peito com as costas do punho, jogando o íncubos contra os portões abertos.
Stiles acertou a parede do corredor e se desfez em neblina, surpreendendo o lobisomem. Ennis não era tão imbecil. Ele sentira o corpo alheio. Ele acertou o adversário e não uma imagem vazia. O outro se deixou acertar de propósito. Algo estava estranho. A neblina se dirigiu para o torso da armadura, enquanto Ennis retirava as espadas de seus pulsos.
Garret, Kalli, Corey e Mason encararam, surpresos, a armadura se erguer em pedaços, flutuando no ar, antes de se montar completamente atrás do companheiro ferido.
- ENNIS! – gritou Mason ao perceber duas espadas se posicionando nas mãos do cavaleiro.
O homem de 1,93 de altura girou com velocidade, golpeando as espadas alheias com a espada que acabara de retirar do seu segundo pulso. O homem de cabelos raspados sentia a dor em seus pulsos crescer a medida em que confrontava as armas do adversário. O sorriso crescia em seu rosto, assim como o prazer em seu corpo.
Ennis urrou de dor quando sentiu uma espada atravessar a sua perna. Outra lâmina atravessou a sua outra perna. No entanto, mesmo com as duas pernas feridas, o homem não cedeu. Rosnando de raiva, o lobisomem empurrou a armadura para trás, a forçando a cambalear.
- isso é tudo o que você tem? – indagou o beta, retirando uma das espadas de suas pernas.
Uma das espadas que antes se encontrava em um dos pulsos de Ennis, se ergueu, apontando a lâmina para o homem. Assim que a espada se impulsionou para a frente, Ennis girou, movendo o braço, acertando a lâmina com a espada em sua mão, impedindo que a arma perfurasse o seu corpo.
Stiles franziu o cenho, revelando os seus olhos dourados por alguns segundos, surpreendendo o seu adversário. Ennis estava esperando por um tom azul, não aquele tom de ouro. Ao analisar o mais alto melhor, o demônio notou os ferimentos do mesmo quase completamente cicatrizados. O gargalhar grave da criatura misteriosa forçou o grupo de guerrilheiros a entrar em alerta.
- Nossa! Daria para eu te torturar por dias! – exclamou o íncubos em um tom sensual e a armadura avançou, mirando com uma das espadas no peito alheio.
Ennis se esquivou do golpe, forcando o ataque a errar o alvo, mas , ainda assim, lhe acertar o torso, encaixando a lâmina da espada entre duas de suas costelas, abrindo um corte enorme na lateral do seu peito.
Furioso, o lobisomem caolho se jogou para o lado, rolando no chão e acolhendo o seu martelo em mãos, girando uma vez sobre os próprios joelhos, acertando um golpe da arma em um dos braços da armadura, o lançando do outro lado do salão.
- é isso o que me excita em pessoas altas e grandes – comentou o demônio, surgindo ao lado de Ennis, com uma espada em mãos.
O homem apenas teve tempo de arregalar o olho em espanto, antes de o corte certeiro e cirúrgico do outro lhe decepasse o braço esquerdo.
- quanto maiores são, maior a área em que sentem dor – comentou o castanho largando a espada no chão e marchando na direção da armadura.
O seu corpo desapareceu em neblina, a qual se infiltrou na armadura, enquanto o braço arrancado da mesma retornava voando.
Garret, Kalli, Mason e Corey assistiam, perplexos, Ennis, um dos grandes lutadores do exército, assim como eles, ter o braço arrancado pelo invasor tão facilmente. O homem se contorcia no chão, com a mão pressionando o ferimento em seu ombro. O lobisomem, estranhamente, gargalhava em meio a sua dor agonizante.
- DESGRAÇADO! – gritou Ennis, completamente excitado.
A armadura inclinou a cabeça para o lado, analisando o homem.
- é assim que eu gosto. Grande e imbecil – ditou o íncubos em a voz bifurcada abafada pela máscara.
Ennis gargalhou, se erguendo com certa dificuldade, ainda com a mão no ferimento que sangrava bastante. O lobisomem se transformou parcialmente, unindo o seu eu humano com o seu eu animal.
- eu... Vou... Arrancar... O seu coração fora e comer ele diante dos seus olhos! – o homem rosnava enquanto pronunciava, exibindo as presas e as garras com orgulho.
O castanho emitiu um som de nojo e desprezo, o que surpreendeu os companheiros de Ennis e os membros da família Hale.
- eu não te torturaria nem se você fosse a última pessoa do mundo – ditou o íncubos antes de Ennis começar a ser perfurado por vários metais que se encontravam espalhados pelo salão destruído.
A maioria eram metais das estruturas do castelo e balas dos disparos efetuados pelos soldados de Garret. O lobisomem grunhiu de dor, erguendo a mão para a armadura, enquanto o seu sangue escorria pelos ferimentos. Eram vários cortes e, por mais que a sua cura fosse extremamente rápida até mesmo para um licantropo, infelizmente, as balas do seu próprio exército eram embebidas com um neutralizante de cura, fazendo com que a maioria dos seus ferimentos não se fechassem.
- isso... não pode... Ficar... Assim – o homem tentou pronunciar em alto e bom tom, mas a sua visão estava turva, os seus pulmões, perfurados, não conseguiam trabalhar direito e o seu corpo já estava ficando gelado.
A morte já havia lhe abraçado.
- Patético! E em pensar que ousou desafiar um Stilinski. Bah! – ditou o cubos e a armadura se voltou contra Kali, Garret, Corey e Mason.
Derek não conseguia fazer nada, além de sorrir, aliviado e com lágrimas nos olhos. O homem lançou um olhar preocupado para Timothy, se surpreendendo ao não ver mais o mesmo na mesa de tortura de Garret e Kalli. Varrendo o salão com os olhos, encontrou o filho, encolhido atrás da coluna em que sua filha mais velha estava pendurada pelos pulsos, tentando libertar a mesma sem chamar a atenção para si, sem muito sucesso.
- vamos bancar o difícil – disse o Stilinski, chamando a atenção de Derek, e a armadura avançou contra os quatro invasores.
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Villain
Fanfiction"Eu vou entrar bem fundo em sua mente, e te levar para um lugar bem longe" E Stiles não mentiu. Ele realmente ficou gravado na mente de Derek e o levou tão longe, para um ponto inimaginável. Stiles era aquele tipo O tipo que arriscava a vida Que nã...