𝐷𝑒𝑠𝑐𝑢𝑖𝑑𝑜

10° Capítulo

10° Capítulo

O soviético sabia que tinha que fazer algo para resolver as coisas, mas a vontade de morrer só em pensar no olhar frio de América era gigante.
Resmungou palavras incompreensíveis antes de levantar-se para tomar um banho e arrumar-se para visitar o americano, embora a contragosto.
Na verdade, nem chegava a ser algo que não quisesse fazer — passava longe disso —, o soviético queria loucamente encontrar América, mas sentia tanto medo… tantos sentimentos reprimidos dentro de seu peito.
Quando percebeu, já havia arrumado-se, apesar de desleixadamente.
Entrou em seu carro e dirigiu normalmente, embora o batucar de seus dedos no volante denunciasse seu nervosismo.
Estacionou na esquina da casa do americano. Queria ter tempo para pensar no que falar — mesmo que já tenha pensado e repensado o que falaria.Hesitou ao bater na porta, mas não hesitou demais. Quem era, afinal, além de um covarde? Precisava retomar seu posto de União Soviética; o grande, corajoso!

— Oh, como vai, comunista? — zombou uma voz familiar.

Arthur fitava ele com deboche — tanto no sorriso, tanto no olhar afiado. Parecia diferente da última vez que visitou-lhe. Mais alto, talvez. Ou seria os cabelos?

— Vish, morreu! Melhor eu ir, então — comentou Arthur, rindo.

— O que faz na casa do América?

— Esqueceu que eu moro com ele? Comunista burro!

Foi inevitável não sentir seu sangue ferver com aqueles dizeres.

— Onde ele está? — disse com os dentes cerrados.
Arthur revirou os olhos.

— Ele foi no mercado, daqui a pouco volta.
Toda a coragem do soviético evaporou.

— Hm, certo. Eu volto outro dia, então…
O barulho de chaves pareceu ecoar por todo bairro.

URSS sentiu seu sangue gelar ao ver América ao seu lado. E, cara!, aquele olhar frio estava mais que presente em seus olhos.

— O que faz na minha casa, URSS?

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