2 || O despertar de cada um

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Merlin não pensou duas vezes antes de se jogar na água. Ele não pôde evitar o pensamento de como Arthur ainda não havia afundado com o peso da armadura, mas já havia aprendido a não questionar a magia.

Arthur tinha os olhos desfocados, e não parecia reter a informação de que estava dentro de um lago, ou mesmo de que Merlin estava nadando até ele. Mesmo assim, como se no automático, ele andou na direção do antigo amigo.

Quando ambos estavam a um metro um do outro, na parte mais rasa do lago, Merlin hesitou. Arthur de repente ofegou e olhou ao redor, como se alguém tivesse tocado um despertador e o acordado de um sono muito bom.

— Arthur ? — Merlin perguntou cauteloso.

Os olhos do rei de repente se focaram no mago. E como se alguém tivesse lhe dado um tapa, Arthur arregalou os olhos, sentindo milhares de lembranças preencherem sua mente. Sua infância, seu tempo como cavaleiro e príncipe, sua coroação como rei, os cavaleiros da távola, e então sua morte. Em segundos, Arthur pareceu retornar à realidade.

— Merlin ? — sua voz saiu em um sussurro.

Merlin podia ver a compreensão invadir o olhar do amigo. E então, antes mesmo de ser convidado, se lançou em um abraço no rei.

  — Eu sabia... eu... eu esperei por você. — Merlin quase tropeçou nas palavras — Eu sempre soube que você voltaria. Eu nunca duvidei disso.

Arthur soltou uma risada nervosa, que se transformou numa verdadeira, à medida que conseguia perguntar.

— Eu... estava... — ele engoliu em seco — Eu... morri ?

— É uma longa história, Arthur. — Merlin saboreou dizer o nome depois de tanto tempo sem o chamar — Mas agora você está de volta — Merlin sentiu suas bochechas úmidas e sabia que não era a água do lago  — Havia uma profecia... Eu senti sua falta.

Arthur riu ainda abraçando o amigo, e então se separou do abraço, lançando a Merlin o olhar sarcástico de que ele se lembrava muito bem.

— O que foi ? Não vai ficar sentimental, não é ? — ele sorriu, sem mais comentários sobre as lágrimas no rosto do amigo — Vamos, a água está fria e essa armadura está começando a pesar.

Os dois seguiram para a beira do lago e quando estavam do lado de fora, Arthur olhou diretamente para Merlin.

— Há quanto tempo eu estou...? — ele não conseguiu terminar a frase.

Merlin engoliu em seco. Depois de tanto esperando por aquele dia, ele não havia pensado em como contar isso à Arthur. Merlin beliscou o pulso discretamente, apenas para se certificar de que aquilo era real.

— É... bem, isso é... uma longa história...

— Essa é a única frase que você aprendeu a falar desde que eu parti ? — Arthur pareceu encontrar um verbo que definisse a sua situação.

Merlin sorriu, um pouco de nervoso, um pouco por ter sentido falta daquilo. A voz de Arthur parecia um pouco diferente depois de tanto tempo.

Arthur observou Merlin. Ele estava mais silencioso que o normal. E sua expressão não era a das mais confiantes.

— Como ficaram todos depois que...? — ele deixou escapar em um sussurro.

Merlin tentou formular uma frase, mas Arthur o interrompeu na mesma hora, colocando a mão sobre seu ombro.
— Vamos. Vamos ao castelo. Preciso ver algo mais familiar que essa floresta. — ele tomou a dianteira, então se virou para o amigo — E que droga é essa que você está vestindo ? — ele perguntou cômico e meio confuso, mas não parou para ouvir a resposta.

Merlin: The Once and Future (pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora