Um fim de semana bem diferente:

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Cheguei em casa ao entardecer, Alice estava no seu quarto arrumando a sua mala para a viagem. Fui até meu quarto e trouxe uma outra mala.
- Muito obrigada patroa. Mas acho que não vou precisar eu tenho pouca coisa pra levar.
Sorri pra ela e respondi:
- Que bom, então sobra bastante espaço para pôr as minhas coisas.
Ela parou e me olhou confusa. Até que compreendeu.
- Não acredito! Você vai comigo pra Santos?
- Claro, e por quê eu iria recusar o seu convite? Além do mais, vai ser legal conhecer a sua tia.
- Mas claro que vai. - disse ela super animada - E as praias, as pessoas, tudo...
- Concerteza. - disse ainda incerta da minha decisão.
- Diferente de você eu tenho muito pra levar. - nós duas rimos.
Passamos a tarde arrumando as malas. Coloquei minhas roupas, tudo o que precisava pra viagem.
- Terminamos. - disse Alice alíviada.
- Espera, falta eu pegar uma coisa.
Fui até meu quarto, abri a gaveta e peguei uma foto.
- Aqui, minha foto de aniversário com meus pais. Vou levá-la, assim vou estar sempre com eles.
Alice não disse nada, apenas observou eu colocar a minha foto na mala.
A semana passou rápido, compramos as passagens. Alice ligava para sua tia, muito ansiosa pelo reecontro. No dia da viagem fomos de Uber até a Rodoviária de Osasco. E pegamos o ônibus com destino á Santos.
Durante a viagem, fiquei pensando como seria esses dois dias, será que a tia da Alice vai me receber bem? Será mesmo que era uma boa ideia viajar com ela? Minha mente não parava. Até porque não viajava desde aquela fatídica viagem á Paris.
Descemos o morro e chegamos em Santos. Paguei o táxi para nos levar até a casa da dona Elena, na Vila Nova.
- Tia, chegamos.
Dona Elena se emocionou á nos ver.
- Minha filha quanta saudade de você. - disse ela, dando um abraço apertado em Alice.
Depois olhou para mim e com muita alegria falou:
- E essa deve ser o anjo da mansão onde você trabalha?!
- Sim, é ela mesmo tia. - respondeu Alice.
- Bom, anjo não sei, mas talvez uma boa amiga. Espero não estar atrapalhando a senhora, se eu estiver, posso alugar um hotel pra mim...
- Não, de jeito nenhum - me interropeu - você veio pra ficar na minha casa, e vai ficar. Estou muito feliz em conhecer a patroa da Alice. Não vai fazer essa desfeita, vamos entre.
- Muito obrigada. - disse entrando com minhas malas. As deixei no chào, e dei uma boa olhada na casa, ela era simples, mas bem arrumada e colorida. Era cheio de vasos com flores de todos os tipos e cores, e os mais variados perfumes que invadiam a casa, o que fez lembrar do tempo de minha infância, quando brincava no jardim da minha casa, que meus pais haviam plantado, e que hoje já não existia mais. Havia uma cozinha, uma sala e dois quartos, um da dona Elena e a outra da Alice.
Enquanto observava a casa, Alice contava para sua tia, como foi a viagem até Santos.
- Então senhorita Mellody, o que achou da nossa casa? - disse ela observando que eu estava admirada.
- Achei maravilhosa, a casa de vocês é realmente bonita.
- Obrigada. Alice, leva Mellody até seu quarto para guardar as coisas que vocês trouxeram, eu vou fazer um café da tarde pra gente enquanto isso.
Alice me levou até seu quarto, e começamos a arrumar tudo o que trouxemos.
- Nem acredito que estamos aqui! Faz tanto tempo que não vejo minha tia.
- Sério? Mas você não morava aqui com ela, antes de ir morar na minha casa? - disse eu comovida.
- Não Mellody, eu morava na casa das minhas patroas, apenas vinha visitar ela quando podia, mas nem sempre conseguia dinheiro o suficiente e nem tempo pra vim ver ela.
- Entendo. Pelo menos você pode ver ela, já eu - comecei dizer, ao pegar a minha foto com meus pais - Nunca mais vou poder vê-los novamente.
Fomos interropidas pela tia da Alice:
- Já acabaram meninas? O café já está pronto.
-Já acabamos sim tia, agente já está indo.
Guardei minha foto, e fomos tomar o café que ela tinha preparado para nós.
- Então você tem um restaurante? - perguntava dona Elena, curiosa.
- Sim, eu herdei dos meus pais junto com a mansão, onde eu moro.
- Você disse herdou? Eles morreram?
- Sim tia, eles morreram em um acidente quando a Mellody era criança. - explicou Alice.
- Meu Deus, sinto muito, tão cedo teve que lidar com uma dor tão grande. Vocè é muito forte.
- Muito obrigada dona Elena, realmente foi muito difícil, mas um dia temos que crescer e assumir nossos compromissos.
SILÊNCIO...
- A mellody trouxe uma foto deles, está no meu quarto.
- Verdade?
- É sim - eu respondi - é uma foto no meu aniversário de oito anos, foi a minha última festa com eles. Sinto muita saudade! - disse eu, quase chorando.
- Bom, pelo menos conheceu seus pais, a Alice não teve a mesma oportunidade. Á conheci quando tinha cinco meses, abandonada pela mãe que mal conhecemos!
- Nunca tentaram encontrá-la?
- Já tentamos sim, mas pela informação que consegui da onde Alice nasceu, parece que a mãe dela era usuária de drogas, e alguém com as mesmas descriçoes dela, foi encontrada morta numa praça quando Alice tinha dez anos.
- Nossa que triste, meus pêsames Alice!
- Não tem problema, o importante é que eu conheci a tia Elena depois disso, e que estamos aqui todas juntas.
- Verdade filha, é muito bom ter você aqui perto de mim, senti tanta falta.
Alice era incrível, mesmo tendo uma vida tão difícil, e sem ter conhecido seus pais, ela era sempre alegre e persistente em tudo o que fazia.
- Espero não estar atrapalhando vocês. - disse eu.
- Não jamais, atralhando nunca. - respondeu a tia da Alice.
Me levantei da cadeira e disse:
- Dona Elena, eu quero que aceite essa ajuda, pra te ajudar nos gastos enquanto eu estiver aqui. - disse dando um bolo de dinheiro que trazia comigo da viagem.
- Não, pra que isso?! Você não precisa pagar nada, estou acolhendo vocês, estou muito feliz que estão aqui.
- Mas só por esses dias que estamos aqui, para ajudar na comida ou coisas do tipo. -
eu insistindo.
- Está bem, mas pra comprar as coisas para vocês. - disse ela dando uma risada.
Ela concerteza era igual a Alice, risonha, alegre e era sempre vibrante, não é a toa que Alice herdou toda essa jovialidade dela.
- Filha, quero conversar algo com você. - disse ela.
- Assim tia, Mellody pode dar um tempo pra nós? - perguntou Alice.
- Claro, eu vou ao banheiro. - disse saindo da mesa.
No banheiro fiquei me perguntando se realmente foi uma boa ideia ter ido com ela naquela vaigem, nunca tinha ficado tanto tempo fora de casa. O que será que elas estão conversando? Pensava eu, claro algo muito pessoal, que não queriam que eu ouvisse. Será que falavam de mim? Acho que não, talvez algo da família.
Quando estava pensando em sair do banheiro, ouço batidas na porta, era Alice.
- Patroa, que tal você comhecer a praia daqui, é muito linda e também é o cartão postal da cidade.
- Não sei se estou afim de conhecer tanta água, em um lugar só. - tentando escapar do passeio.
- Que isso, vão se divertir muito, as praias são lindas, você vai gostar. - disse sua tia.
- Bom, está bem. Vamos conhecê-la.

O Passado Ficou Para TrásOnde histórias criam vida. Descubra agora