Voltando pra casa:

6 3 7
                                    

Na despedida sua tia chorou muito.
- Thau filha, se cuida, a tia ama muito você, vou sentir muita saudade!
- Não se preocupa tia, vou ficar bem, estaremos sempre nos comunicando pelas ligações.
- Iremos vir mais vezes pra Santos. - eu disse, interropendo aquele momento dramático.
- Sério? Nossa, você gostou daqui, sabia que você ia se sentir bem, vindo comigo. - falou surpresa Alice.
- Gostei sim de todos vocês, muito obrigada dona Elena, por tudo.
- Dinada, voltem sempre. Cuide bem da minha filha. - disse sua tia.
- Cuido sim, pode deixar. - me despedindo.
- Vão com Deus!
Pegamos o ônibus de volta pra Osasco. Na viagem de volta, nos divertimos muito, tiramos várias fotos.
Ao voltar pra casa, eu era outra pessoa, era uma Mellody diferente, já não era aquela triste, que só ficava a navegar pelo passado melancólico, mas sim uma Mellody feliz, que acordava todos os dias, disposta a viver cada momento como se fosse o último. E esse resultado foi graças a Alice, que cada dia enchia a minha casa de cores e ternura. Já não ía todas as manhãs contemplar o ypê, que estava a florir lá fora. Mas um dia quando estava a fazer café, me deparei com Alice parada, olhando para a árvore. Fui então saber qual era a causa de tal curiosidade.
- Por quê está aqui em fora sozinha? - perguntei.
- Estava observando essa árvore tão linda. Lembro que todas as manhãs você vinha aqui, e ficava alguns momentos do lado de fora, sozinha. O que ela significa pra você?
- Ela me traz a presença dos meus pais, no dia do meu aniversário, eles realizaram meu grande sonho que era ter um ypê rosa, no meu quintal. Depois daquela última festa que estive com eles, me trouxeram para o jardim e me mostraram o presente. Fiquei tão feliz naquele dia, me ensinaram a plantá-la e cuida-la bem, quando eles se foram, foi minha maior lembrança deles, meu presente de aniversário.
- Nossa, agora entendi. Mas se ela é tão importante pra você, devemos enfeitá-la com um jardim em volta dela.
- Jardim? Há muito tempo que aqui não tem um jardim.
- Então vamos plantar um?!
- Vamos! Vou ligar pro jardineiro da minha amiga, ele vem rapidinho e planta tudo pra gente hoje mesmo. - disse eu indo em direção a sala, onde havia o telefone. Mas Alice me impediu.
- Não precisamos de jardineiro, nós mesmas podemos plantar, vai ser emocionante! - disse ela com muito entusiasmo.
Nessa altura do campeonato, eu já não negava nenhum convite vindo da minha grande amiga. Então liguei apenas para o fornecedor, para trazer sementes de flores e algumas ferramentas, de jardinagem que íriamos precisar.
Alice animada, plantava bem rápido as sementes, que um dia ía se tornar meu jardim. Já eu sem nenhuma prática ia bem devagar, quase parando. Enchemos o quintal de sementes. Depois que terminamos regamos todo o lugar.
- Agora vou trazer um pouco de adubo pra ajudar elas crescerem. - disse eu, indo buscar o saco que trouxeram do viveiro. Quando voltei, Alice estava medindo a árvore com uma placa velha, que estava jogando no quintal á muito tempo.
- O que está fazendo? - perguntei.
- Acho que sua árvore merece uma homenagem pra seus pais. Você tem tinta?
Então busquei algumas tintas e pincel que estavam guardadas em meu quarto. Ela começou a escrever na placa com tinta, formando letras bem grandes, e coloridas. Quando finalizou, pude ler, " Descansem em paz, senhor Ederson e senhora Lúcia ", meus pais.
Pregamos a placa na árvore, estava pronto!
- Que lindo que ficou! - disse ela.
- Ficou mesmo, fizemos um ótimo trabalho hoje!
- Verdade. Gosto muito dos ypês, meu preferido é o ypê amarelo.
- Sabe, você é uma ótima jardieneira, podia ganhar bem fazendo isso.
- Quem sabe um dia. - disse ela, e nós duas rimos.

O Passado Ficou Para TrásOnde histórias criam vida. Descubra agora