Conhecendo a Luz da Vida:

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Saímos da casa dela e fomos para praia de Santos.
- Vamos pegar um táxi? Uber?
- Pra que? Se temos os ônibus!
- Ônibus? Sério? Nunca usei um.
Alice deu um sorriso - Então já está na hora de usar um, vamos pegar aquele ali. - disse ela, apontando para um ôbinus que havia parado em um pomto. Entramos e fomos para nosso destino.
Não foi tão ruim andar de ônibus pela promeira vez, apesar de estar muito cheio, foi a melhor sensação da minha vida, nunca tinha feito isso antes. Quando descemos na praia, fomos andando por volta dela e conversando. A praia era realmente muito linda, era muito grande, nem dava pra ver o fim.
- Sua tia é muito legal! Gostei muito dela.
- Minha tia é demais mesmo!
- Esse lugar é um paraíso, nunca tinha viajado tão longe de casa, desde a morte dos meus pais.
- Que bom que você aceitou vir comigo, estou muito feliz por você - disse ela com uma alegria imensa.
- Sabe, eu realmente não entendo.
- O que nao entende?
- Não entendo, você nunca conheceu seus pais, foi abandonada pela sua mãe, e depois que conheceu alguém tão boa como sua tia que te criou, teve que sair de casa tão cedo pra trabalhar pra ajudá-la, e mesmo assim continua sempre alegre, contente a cada dia.
Alice parou repentinamente.
- No seu lugar - continuei - já teria desistido da vida.
Ela me olhou no fundo dos meus olhos e disse:
- Mellody, a felicidade não vem do dinheiro, ou de bens que agente tem. Muito menos no nosso passado. Existe algo que pode mudar toda nossa existência, nosso modo de ver o mundo.
- E o que seria? - perguntei sem entender.
- Me diz se existisse um lugar lindo, onde voce pudesse estar sempre e que te trouxesse paz, que pudesse tirar toda a sua tristeza que você sente hoje, iria querer conhecer esse lugar?
- Bom se ele existisse, eu queria conhecer sim, esse lugar tão bom que você falou.
- E ele existe. - ela se afastou um pouco da beira da praia e me convidou para sentar com ela na areia - Vem sente-se aqui, irei te mostrar.
Fiquei um pouco sem reação, mas fui e me sentei com ela.
- Olha esse lugar, pode tirar qualquer tristeza, dor, raiva, entre outras coisas que você possa estar sentindo. Pode mudar você de um jeito que nunca imaginou e é muito lindo, melhor do que tudo que já experimentou. Quer conhece-lo?
- Sim, quero. - respondi um pouco com dúvida da minha resposta.
- Ótimo, então primeiro feche os olhos.
Fechei apesar de não entender muito o que ela estava pedindo para eu fazer.
- Agora, imagine sua vida, seus problemas, sua dor.
Imaginei cada momento, meus pais quando vivos, do acidente, eu sozinha sendo criada pela minha avó, meus dias de solidão e tristeza.
- Agora imagine um lugar maravilhoso, um lugar onde te traz muita paz, onde você poderia estar sempre que sentisse alguma dor, onde pudesse estar protegida.
Imaginei estar no colo dos meus pais onde me sentia segura, porém já não poderia estar com eles. Imaginei estar com minha avó, que sempre estava comigo nos momentos difíceis. Essa hora quase chorei.
- Agora, volte pra sua vida, seus problemas, o mundo, tanta dor, injustiça. E se eu dissesse que existe um lugar ainda melhor do que esse que você imaginou, que te traz paz e segurança. Deseja mesmo conhecer esse lugar?
- Sim. - respondi já com a voz rouca, sem quase poder falar.
- Então deseje do mais fundo do seu coração, conhecer esse lugar, imagine que está lá, deseje estar lá.
Nessa hora Alice pegou em minhas mãos e começou a orar por mim. Imaginei um lugar maravilhoso, onde poderia estar em paz. Foi quando senti uma brisa suave, tocar em meu corpo, mas não como da brisa do mar, era diferente. Depois senti um arrepio que tomou conta de mim, meu coraçã começou a acelerar. Foi então que senti uma paz me dominar por inteiro, uma paz tão grande que aumentava cada vez mais, me trazendo alegria e calor. Fiquei subimissa a essa sensação, por um bom tempo. Me sentia leve, era doce, suave, era lindo demais!
Quando abri os olhos, Alice percebeu que eu havia conseguido, ela me olhava em lágrimas.
- Conseguiu?! - disse ela sorrindo pra mim.
- Consegui, é muito lindo, é incrível - não sabia como descrever o que tinha acabado de acontecer.
- Esse é o Espírito Santo, aquele de quem falei outro dia, mas não pude terminar de contar quem era. Ele é o amor de Deus e de Jesus, ele é a luz, é o Reino de Deus. Ele habita em todos que o Pai e o Filho amam. Ele é a verdadeira presença de Deus.
Não pude acreditar no que ela acabara de me contar. Nunca acreditei em coisas assim, nem em Deus, e que realmente pudesse ter tal experiência com Ele.
Olhei para o sol que descia no horizonte do mar, nunca o havia visto tão bonito antes. Derrepente uma alegria repentina tomou conta do meu ser.
- Vamos dar um mergulho antes de voltarmos pra casa da sua tia?
- Vamos! - aceitou Alice.
Nos levantamos e demos um mergulho, jogamos água uma na outra pra nos divertir. Nunca tinha estado tão feliz antes, como naquele momento. Pegamos o ônibus de volta pra casa da tia da Alice. Era uma 18:30, quando saímos da praia.
Quando chegamos, Alice abriu a porta e avisou que havíamos chegado. Mas tinha algo estranho na casa, as luzes estavam todas apagadas.
- Que estranho, esta tudo apagado. - disse Alice.
- Vai ver sua tia saiu, pra ir em algum lugar.
- Vou acender as luzes - disse ela.
Quando ela acendeu, uma surperesa. A casa estava toda enfeitada com dizeres de feliz aniversário Mellody. Era uma surpresa que as duas fizeram pra mim, não pude acreditar.
- Distraiu ela direitinho - disse dona Elena.
- Verdade tia, e então Mellody, gostou da surpresa?
Não tinha palavras pra descrever no momento.
- Claro, amei. Nossa, vocês prepararam tudo isso pra mim?
- Sim - disse dona Elena - A Alice me contou que você e seus pais que estavam na foto, era o último aniversário que você teve até hoje, já que seus pais morreram não comemorou mais, então resolvemos fazer uma festa para você levar boas lembranças á partir de hoje, e não do seu último que só te traz tristeza.
- Não sei nem o que dizer, muito obrigado as duas, não precisava.
- Não precisava, mas merecia. - disse Alice, me puxando pra mesa, onde estava o bolo e os doces.
Acenderam as velinhas e começaram á cantar parabéns pra mim. Fechei os olhos pra fazer um desejo, e soprei.
- O que será que a Mellody desejou? - perguntou Alice.
- Desejei ter um abraço de vocês duas. - respondi. E ganhei o abraço delas. Alí sabia que já não tinha amigas, mas sim uma família.
Ficamos a conversar, e rimos quase a noite inteira. Peguei o refrigerante e coloquei para nós três, levantei o copo e disse:
- Um brinde á Alice, a anja nas nossas vidas.
E todos brindamos. Nunca mais esquecerei daquela noite.
No domingo, quando acordei, a dona Elena tinha feito um ótimo café da manhã. Enquanto estavamos na mesa, a tia da Alice, trouxe um albúm de fotos, e começou a folheá-lo.
- Essa aqui é a Alice quando bebê. E essa aqui é quando ela tinha cinco anos. - dizia ela.
- Eu aprontava muito nessa época -falou Alice, elas se entreolharam, e riram.
- Olha aqui foi a festinha na escola. Estava tão linda nesse dia.
- Estava mesmo - entrei na conversa - e quem são esses dois?
- São os amigos de escola da Alice.
- Será que eles se lembram de mim? - Alice perguntou.
- Sim, eles sempre vem aqui em casa perguntar de você.
- Nossa devem gostar muito de você - falei.
- Concerteza - concordou ela - Eles moram aqui perto, faz tempo que não vejo eles.
- Então vamos vê-los - propus.
- Sério? Você iria comigo?
- Claro, como não vou acompanhar a minha mais nova melhor amiga?!
- Ótimo passeio pra vocês! - desejou sua tia.
Então fomos encontrar os seus amigos. Um deles, se chamava Anderson. Ele morava bem perto da casa da dona Elena. Alice o chamou do lado de fora da casa, e ele apareceu. Ele era moreno, tinha cabelos curtos, andava bem simples.
- Alice?! Não acredito que você está aqui. - disse ele abraçando-a.
- Nem eu acredito. Essa aqui é minha patroa Mellody, é na casa dela que eu trabalho, ela quiz vir comigo pra Santos, é a primeira vez dela aqui na cidade.
- Muito prazer, dona Mellody.
- Muito prazer em te conhecer também.
- Então, mas você já foi visitar a Rebeca?
- Ainda não. Mas quero muito vê-la.
- Pois venha, vamos até a casa dela, vai ficar muito feliz em te ver.
Chegamos na casa da Rebeca, era um pouco mais longe, e era um pouco maior. Chamaram, e ela saiu para nos atender. Ela era branca, ruiva e tinha olhos castanhos. Ela se vestia muito bem, com roupas bonitas. Ela ficou muito surpresa em ver Alice. Ela a comprimentou e a mim também. Então escolhemos uma praça para sentar e conversar. Alice contou tudo, desde que ela chegou em Osasco, onde ela já trabalhou, até chegar na minha casa. Eles sempre interessados em tudo o que ela contava. O Anderson contou quando ele não estava estudando, estava trabalhando em uma lanchonete pra ajudar a família. Já a Rebeca, tinha feito um curso de informática, e estava trabalhando de aprendiz em uma empesa.
- E então vocês viajaram juntas? - perguntou Rebeca.
- A Alice me convidou, e eu aceitei em vir conhecer Santos, pela primeira vez.
- Nossa é a primeira vez que você vem aqui?
- É que não costumo viajar muito.
Enquanto conversavamos, passou um sorveteiro mais a nossa frente.
- Olha o sorveteiro, vou pegar um sorvete, vocês querem também? - Disse Alice.
- Pega um pra mim - disse Anderson.
- Não quer um patroa?
- Não, obrigada.
E ela foi até ele comprar os sorvetes. Enquanto ela não voltava, os amigos dela começaram a combinar que iriam fazer uma surpresa para ela.
- Então, mas como vai ser a surpresa? - perguntou Anderson.
- Eu não sei, ainda estou pensando. - respondeu Rebeca.
- Vocês querem fazer uma surpresa pra Alice? - perguntei.
- Sim, e você pode participar também, - disse Anderson me convidando - que tal? Você pode ajudar agente.
- Bom, eu não tenho muito ideia do que fazer pra ela, mas posso ajudar em alguma coisa.
- Mas precisamos de alguém que distraía ela, até agente preparar a surpresa. - comentou Rebeca.
- Eu faço isso - se ofereceu Anderson - Sou muito bom nisso. Fiquem a vontade, quando acabarem me liguem, que eu levo ela.
- Está bem então. - concordou Rebeca.
Foi então, que Alice voltou com os sorvetes.
- Aqui está seu sorvete. - disse ela, entregando o sorvete para o Anderson.
- Nós estavamos conversando aqui - comecou ele a falar - sobre um filme novo que saiu, e que você precisa ver Alice.
- Que ótimo, vamos todos assisitir.
- Não, todos não! Somente nós dois.
- Ora por quê só nós dois? Seria muito legal se todos nós fôssemos.
- Mas é porque a Rebeca tem que ir no shopping, comprar algo muito importante, não é Rebeca?
- Verdade, eu tenho que comprar uma roupa que eu vi lá, e vou levar a Mellody junto pra me ajudar, já que ela entende melhor de moda, está sempre por dentro, não é mesmo Mellody? - falou Rebeca.
- É sim, eu entendo bem de moda, vou te mostrar todas as tendências, você vai amar. - eu tentando ser a mais convincente possível.
- Ok, se vocês precisam ir mesmo, só ficou nóis dois então. - aceitou Alice.
- Vamos rápido, pra pegar as primeiras poltronas da frente. - falou ele puxando ela pelo braço. E foram para o cinema.
- Será que a tia da Alice deixa agente fazer a surpresa dela lá na casa dela?
- Acho que sim, vamos conversar com ela, explicar, tenho certeza que ela vai deixar, principalmente porque é pra sua sobrinha, que ela gosta tanto.
- Está bem, mas primeiro vamos passar na minha casa, vou levar meu notbook. Pasamos na casa dela, para pegar o que precisavamos para fazer a surpresa, e fomos para a casa da dona Elena. Explicamos tudo pra ela, que aceitou sem pestanejar. Fomos pra sala para inventar algo que surpreendesse a nossa amiga.
- E o que vamos fazer enfim?
- Tive uma ideia, vamos fazer um vídeo com todas as fotos dela, desde que era pequena até na escola, um vídeo sobre sua vida. Então podemos colocar algumas frases, e uma música pra ficar bonito. - disse Rebeca.
- Boa ideia, e também podemos escrever em cartazes, frases antes de começar o vídeo para ela ler, pra saber o que agente preparou pra ela. - ajudei.
- Perfeito Mellody, vamos fazer isso também.
Deixamos tudo preparado antes dela chegar, estávamos todos combinadas, do que fazer quando ela chegar. Ligamos para o Anderson, trazê-la para a casa de sua tia. Não viamos a hora de mostrar tudo o que preparamos pra ela.
Finalmente ela chegou, Anderson trouxe ela, sem contar nada sobre a surpresa. Quem atendeu primeiro foi sua tia, que levou ela até a sala, na maior inocência. Quando ela abriu a porta não acreditou, havíamos escrito várias frases de amizade, que penduramos por toda a sala, vários coraçãozinhos, também estavam espalhados e a sala toda enfeitada, esperando o momento que ela entraria e se emocionaria com todo o cenário.
- O que está acontecendo? - perguntou ela, encantada do que viu.
- Senta aqui, logo irá descobrir. - disse Anderson puxando a cadeira pra ela se sentar. E então começou nossa apresentação. Cada um pegou um cartaz, que estava em cima da mesa. A primeira foi a minha, que estava escrito : "Você é muito importante para todos nós, amamos muito você".
Logo atrás veio Rebeca, com outro cartaz: " Lembra dos dias em que passamos juntas na escola? Então foi os melhores momentos da minha vida, obrigado por estar ao meu lado todas as vezes que precisei."
Depois veio o do Anderson: " Para agradecer por tudo que já fez em nossas vidas, fizemos essa homenagem para você, espero que goste, porque gostamos muito de prepará-la para você."
Soltamos o vídeo, com todos as fotos e frases que eu e a Rebeca fizemos com todas as fotos que encontramos. Enquanto passava o vídeo tocava a música Best Part of Me, e todos os momentos incríveis estavam passando, fazendo Alice se emocionar, e chorar lembrando de todos os momentos da sua vida. Ao terminar o vídeo, nós demos um grande abraço nela.
- Obrigada pela surpresa gente, não precisava. - disse ela, com os olhos cheio de lágrimas.
- Ha precisava sim, isso é pouco pra agredecer tudo o que já fez pela gente. - disse Rebeca.
- Verdade Alice, você foi muito importante para nossas vidas, só queremos retribuir todo o carinho que recebemos de você. - falou Anderson.
- Obrigada Alice, por ser essa pessoa tão especial que é você, merece ser muito feliz todos os dias. - eu disse á ela.
- Vocês são todos especiais pra mim, amo vocês demais. - disse ela emocionada.
Nesse dia, almoçamos todos na casa de Alice e passamos a tarde juntos, contando histórias.
- Eu e Alice na sala dos professores pra descobrir a nota que tiramos na prova, quando o diretor pegou agente, fomos todos pra diretoria. - contou Rebeca rindo.
- E quando Alice era pequena, tinha uns cinco anos apenas, ela subiu na janela com dois pedaços de papelão, dizendo que eram asas e que iria voar igual ao um pássaro. - rindo muito, sua tia nos contando.
- Que saudade daquele tempo, de sentir o cheiro do café da manhã de todos os dias da senhora, e ir deitar na sua cama quando tinha pesadelos. - falou Alice.
- Bom, o café ainda dá pra sentir, já de dormir na minha cama hoje, acho que nós duas não vamos caber na mesma cama. - brincou dona Elena.
Aquele fim de semana foi inesquecível, momentos para a vida inteira. Depois eles se despediram e voltaram pra casa e então fomos descansar, já que tinhamos que voltar na segunda.

O Passado Ficou Para TrásOnde histórias criam vida. Descubra agora