Assim que andava de ônibus a caminho do hotel, Sanji notou nuvens densas formarem no céu daquela noite. Não deu nem 5 minutos para cair um toró, desceu do ônibus se protegendo com o casaco e com as poucas marquises das calçadas.
Quando chegou no hotel, aparentemente daqueles que não são luxuosos e que são sim baratos, Sanji foi até a recepção depois de esfregar os tênis no tapete da entrada.
— Olá, eu gostaria de alugar um quarto.
A mulher atrás da bancada da recepção lhe encarou, dos pés a cabeça, com desprezo, enquanto ajeitava seus óculos de grau. Sanji engoliu em seco.
Perona chegou na sua casa antes da chuva cair, tomou um banho e vestiu seu pijama. Enquanto assistia netflix, viu que chovia pela janela do quarto. Pensou em Sanji e se o moleque estaria bem. Caso realmente estivesse fugindo de casa como suspeitava, muito provavelmente não conhecia ninguém em Loguetown e procuraria um hotel. Mas temia de não conseguir um quarto em um por não estar acompanhado com um responsável, e ser obrigado a dormir na rua debaixo da chuva.
Por isso Perona deu o seu celular para Sanji. Qualquer problema, ele poderia contactá-la e dormir no seu apartamento, protegido daquela chuva que só engrossava. A garota uma vez já tentara fugir de casa, então foi fácil perceber que Sanji estaria fazendo o mesmo.
Sanji foi descoberto, a recepcionista não só lhe impediu de entrar como também tomou sua identidade falsa. Ela pensava em ligar para polícia, quando saiu correndo. Andava debaixo da chuva bem injuriado, procurava por uma marquise para se meter por baixo, pois não retornaria pra casa. Preferia dormir na rua e na chuva do que ter que voltar. No entanto, se lembrou do número de Perona e abriu sua mochila da forma mais destrambelhada possível. Assim que achou uma marquise, correu para debaixo e pegou o papel e o celular.
Perona estava debaixo das cobertas e com o notebook no colo ainda vendo netflix, quando a campainha de sua casa tocou. A moça se levantou e foi até a porta para abri-la, encontrou Sanji todo ensopado pela chuva e com uma carinha de um cão pedinte.
— Veio tranquilo? - Perguntou e abriu caminho para o rapaz entrar.
— Sim, o motorista do táxi sabia o endereço. - Respondeu, enquanto entrava e desviava os olhos para baixo. Perona estava com um pijama curto e seu rosto esquentava feito brasa.
Ela piscou os olhos confusa com sua atitude até finalmente entender. Riu. - Minha roupa tá muito audaciosa?
— N-Não! Está perfeita! - Exclamou bem alto e a garota voltou a rir. - Digo, não tem problema, você se veste como quiser! Afinal, seu corpo, suas regras!
Perona desatou a rir. - Calma, não precisa ser tão dramático! - Continuou a rir e Sanji só ficava mais corado, o que era terrível. Tinha a pele branca feito palmito e quando estava constrangido ficava bem perceptível por virar um tomate com facilidade. - Vou buscar uma toalha e se sinta à vontade.
— Será que posso tomar um banho?
— Claro!
Quando Sanji entrou no banheiro, ele havia esquecido que estava num banheiro de uma garota e levou um susto ao ver absorventes de tudo que é tipo no armário do espelho, uma calcinha de renda sobre a pia de porcelana, maquiagens e perfumes, tudo tão feminino. Por um instante se sentiu invadindo o interior de Perona, já que todas aquelas coisas no banheiro eram tão pessoais. Também era um pouco bagunçado, mas não fazia tanto mal quanto aquela peça de roupa sobre a pia. Aproximava sua mão aos poucos para pegar aquela calcinha, mas parou antes que uma coisa muito pervertida pudesse acontecer. Sanji nunca se envolvera com alguma garota, e estava naquela idade com os hormônios à flor da pele. Talvez aquela calcinha era a primeira que via na vida, Reiju não costumava largar suas roupas jogadas assim. No entanto, um barulho na porta lhe assustou.
— Está tudo bem aí? - Era Perona batendo na porta.
— Sim! - Sanji ainda continuava a falar de forma muito exasperada.
— Tem uma calcinha aí, mas ela está limpa. Não pense que eu largo minhas roupas sujas em qualquer lugar, certo?
— N-Não pensei n-ada d-isso, nem tinha v-visto algu-ma calc-cinha.
— Okay. - Não acreditou nem um pouco.
Perona colocou um macarrão no microondas para o jantar. Enquanto esperava ficar pronto, Sanji pensou que a garota não era muito feminina. Não era só o banheiro, mas a casa toda não era muito arrumada e também parecia não saber cozinhar, quando preparava comida congelada para aquele jantar.
— Então, me diga Sanji, por que fugiu de casa? - Perguntou e se sentou na mesa em que Sanji se sentava.
— Minha família é uma merda e eu pretendo trabalhar no Baratie.
— O restaurante?
— Sim!!
— Por quê?
— É o meu sonho, eu até mesmo sei cozinhar. Caso não se importe de eu ficar alguns dias contigo, posso cozinhar para você e parar de comer essas comidas industrializadas.
Perona levantou uma sobrancelha com a audácia do garoto se oferecer a morar ali e ainda dizer indiretamente que ela não sabia cozinhar.
— Mas, ora, Sanji... Esse apartamento não é meu.
Sanji piscou o olho que não era coberto por sua franja longa. Ele tinha uma franja que só cobria o olho esquerdo por completo. - É de quem?
— É do meu irmão, ele permitiu que eu ficasse aqui por um tempo. - Perona ouviu o microondas apitar e se levantou. - A propósito, você irá dormir no quarto dele hoje. Se eu me lembro bem, ele disse que dormiria fora essa noite.
Sanji acenou positivamente e um pouco receoso. Algo lhe dizia que isso não iria terminar bem. - Okay
— Agora vamos comer!!! - Colocou o macarrão, ainda na embalagem, no centro da mesa.
Chegado a noite, Perona trocou a roupa de cama de seu irmão por outras limpas. Disse a Sanji que se houvesse algum problema, era só chamar e largou o quarto.
Sanji deitou naquela cama de casal e não achou o colchão ruim, na verdade, era até melhor que o dele. Resolveu virar para o lado da parede e adormeceu.
Porém, não contava que sonharia com Perona e aquele pijama extremamente curto, que o loiro achou realmente audacioso. Sua mente maliciosa ainda fez com que a garota estivesse com a calcinha de renda em vez do short. Ela se aproximou dele e disse "estou apaixonada por ti, por isso dei meu telefone". Emocionadíssimo (ou excitadíssimo) pegou nas mãos macias da bela garota.
— Eu também te amo, Perona-chan!!!
— Quem é você? - A garota disse, mas com um timbre grave. Sanji estranhou e acabou acordando dando de cara com um rapaz. Um rapaz de cabelo estranhamente verde. Conseguia vê-lo pela luz da lua na janela e por isso também via sua expressão de confusão. No entanto, olhou para baixo e notou que sua mão agarrava a dele e não a de Perona.
Deu um berro de susto. Um homem estranho estava deitado ao seu lado. Um homem marimo.
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Teen FictionSanji foge de casa com apenas 16 anos, carrega consigo uma mochila com o básico para sobreviver e um coração descrentre das palavras mais tenras.