Sanji podia ser caracterizado como uma pessoa com medo de amar e ser amada, caso precise de algum rótulo. Exatamente como uma pessoa sofrendo um complexo ou, mais precisamente, o dilema do porco-espinho, caso precise ser mais específico. Ou ainda uma pessoa que pensa que não fará falta, mas que tem medo de se matar, caso queira um exemplo mais simples.
Era um garoto problemático e isolado, mas ainda assim intrometido, como Zoro pensou quando o conheceu. Portanto, de alguma forma, não era tímido ou mal humorado, e ainda acreditava em si mesmo, embora acreditasse em si para não precisar acreditar em mais ninguém.
Por conta do seu passado com sua família, tivera muitas decepções. Também sofreu uma pressão muito grande, pois por mais que se esforçasse, não conseguia atender as expectativas de seu pai. Não conseguia ser o modelo de homem ideal. Acabava sendo um brinquedo quebrado...
Por mais que fosse inteligente, Sanji não conseguia dizer que o errado era seu pai e não ele, pois algo em si lhe impedia de raciocinar direito. Embora, soubesse que seu pai era o errado.
A mente é confusa.
Ainda mais imersa em pensamentos negativos. Ideias fixas de que não era bom o bastante e que o fizera parar de interagir com as pessoas por ter medo de se machucar novamente.
Acabou se fechando. Não permitiu amar alguém e nem ser amado. Como uma pessoa presa numa caverna escura com medo do mundo exterior.
Mal sabia Sanji que o mundo exterior havia a luz e quem sabe um mar.
Sanji refletia tudo isso, enquanto observava o mar de Loguetown com Zoro ao seu lado. Os dois estavam sentados na areia da praia em que se beijaram pela primeira vez, porém sob a luz do dia.
Zoro deu um bocejo e se levantou, mas de repente estendeu a mão para o sobrancelha enrolada.
— Quer mergulhar?
Se lembrou da promessa do marimo. Promessa sobre o dia que voltaria a nadar caso permitisse que confiasse nele. Caso permitisse sair daquela caverna.
Meneou a cabeça e pegou a mão morena de seu amante. Os dois tiraram suas camisas e caminharam até o mar.
A praia estava deserta por ser um dia da semana. Mas ainda assim, havia uma pequena movimentação no calçadão. Sanji não sentiu vergonha de seu corpo, porque já não acreditava mais que era deformado e permitiu-se mergulhar na água fria daquela parte do oceano.
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Only
Teen FictionSanji foge de casa com apenas 16 anos, carrega consigo uma mochila com o básico para sobreviver e um coração descrentre das palavras mais tenras.