Um pouco antes do sol nascer, um garoto com cabelo volumoso e loiro, despertou determinado para fugir de casa. Pegou sua mochila, arrumada no outro dia, com as coisas que mais precisaria: 1 escova de dente, duas mudas de roupas para não ocupar tanto espaço, um celular sem chip, uma carteira de identidade falsa, 1 fone de ouvido e algumas notas de dinheiro roubadas da carteira de seu pai.
Pretendia ir para a capital, Loguetown, onde ficava o melhor restaurante de East Blue. Sanji pretendia trabalhar lá, mesmo sendo apenas um ajudante. Se tornar cozinheiro e trabalhar no Baratie era um sonho que alimentava desde que sua mãe morrera. Não temia de largar a escola, até porque estava sendo cada vez mais difícil viver naquela casa com os seus irmãos e seu pai. Ele queria apenas ir para o mais longe possível, reforçava esse pensamento todas as vezes que ficava nu em frente ao espelho do banheiro e observava todas aquelas cicatrizes juntamente com os hematomas. Seu pai lhe batia com certa frequência e gostava de lhe dizer que era uma fraúde, que não havia orgulho, e tal orgulho sempre fora presente nos seus outros irmãos, que agiam como ele.
Era um jeito machista, apesar de Sanji nunca ter usado essa palavra. Mas ele notava que não queria ser aquele conceito de homem que seu pai pregava. Por isso passou a odiar todos os homens e a amar as mulheres. Sua irmã Reiju era a única na família que o tratava sem um diferencial. Exatamente como sua mãe, o ser mais puro que já conhecera. Não demorou para acreditar que as mulheres eram perfeitas, quando até mesmo as cozinheiras daquela casa eram legais e gentis consigo. E não era porque era um superior, já que os professores particulares lhe tratavam com a mesma discriminação de seu pai e seus irmãos. Somente a companhia feminina lhe era agradável.
No entanto, sua mãe estava morta, Reiju compartilhava seu apartamento com uma amiga e não tinha mais espaço para outro inquilino e seu pai não permitia que se dirigisse aos empregados, restando-lhe a opção de fugir para longe dali.
Levantou da cama já vestido para partir, usava um casaco esverdeado e calça jeans. Nem ao menos tomou café e corria de sua casa até chegar à rodoviária. Descia a ladeira em frente ao portão com um sorriso no rosto e o céu ainda não estava totalmente aberto. Ficou preocupado ao se lembrar de que sua identidade era falsa. Será que alguém notaria que era um garoto com menos de 18 anos? Seu estômago embrulhou, mas continuou a correr. E sem olhar pra trás.
Enquanto esperava o ônibus com os outros passageiros, fumava desesperadamente para passar uma imagem mais madura. Aliás, fumava justamente pra isso. A sua fuga estava sendo planejada há mais de três anos. Sanji tentava se comportar o mais maduro possível com outras pessoas. Sempre muito bem educado e polido. E até que funcionava, às vezes achavam que ele era o filho mais velho e não Ichiji. Mas parecer mais maduro que seus irmãos não era lá vantajoso quando se lembrava que qualquer um era mais maduro que aqueles ogros que pensavam com os seus bíceps em vez do cérebro.
O motorista entrou no ônibus e Sanji pisou no seu cigarro para apagá-lo. Uma garota de cabelos rosados, que estava por perto, achou o seu jeito de fumar muito estranho. Ela não havia percebido o corpo magro e virgem junto com o rosto de anjinho que Sanji tinha, até ele começar a fumar. Só com o cigarro em mãos que aquela garota notou que ele parecia ser muito novo para ser um fumante.
O motorista checou seus documentos e deu passagem. Sanji soltou o ar, prendido devido ao medo de ser descoberto, assim que se sentou numa das poltronas sem ter algum problema. A garota ainda o observava em outra poltrona e notava o quanto ele parecia nervoso. Definitivamente era apenas um estudante do ensino médio e não demorou muito para concluir que estava fugindo de casa.
Fazia 3 horas de viagem, Sanji estava sentado ao lado de um senhor que não parava de puxar conversa. Isso desesperava o loiro, porque ele fazia muitas perguntas pessoais, a ponto de achar que o intrometido suspeitava que era um menor de idade.
Sanji numa hora colocou seus fones de ouvido e passou a ouvir Radiohead, tudo para aquele cara se mancar que não queria conversa. Também pensou que assim que tivessem uma parada, trocaria de lugar sem pensar duas vezes.
O ônibus atravessava o litoral e Sanji sentiu vontade de abrir a janela lacrada. Não sabia por que, mas tinha uma fixação pelo mar... Na verdade, vira o mar poucas vezes por conta de ter morado num lugar desprovido dessa beleza. Mas se recordava de uma vez que viajara com a família para o litoral e de ter ido a praia com sua mãe ainda saudável... Ela brincava na areia consigo e sempre sorria tão gentilmente. Era sua memória mais preciosa.
Agora estaria indo para Loguetown, uma cidade litorânea, mas sobretudo urbana. Se sentia nervoso em se perder por lá, porém tinha o dinheiro que roubara de seu pai, alugaria um quarto em qualquer hotel e só sairia se precisasse. Só rezava que não desconfiassem que era um menor de idade fugindo de casa como suspeitava que aquele senhor sentado ao seu lado parecia saber.
O ônibus parou num posto de gasolina com uma loja de conveniência por 20 minutos. Sanji foi ao banheiro se aliviar e depois para a loja comer algo que lhe desse força. Se sentou nas cadeiras altas da bancada e pediu a garçonete um hambúrguer. Enquanto comia, assistia a televisão sobre a cabeça da garçonete. Mas como se sentava na ponta da bancada e distraído com a Tv, uma pessoa se esbarrou nele. Era a garota de cabelos rosados. Seu braço bateu em Sanji que a fez derramar um pouco do suco que bebia em seu colo.
— Me perdoe!!! - A garota entrou em desespero e pegou a caixa de guardanapo sobre a bancada. - Deixa que eu limpo isso!!
Ela passava guardanapos sobre o colo dele e Sanji só se sentia mais excitado com isso. Não ajudava em nada quando olhava pra cima a fim de se distrair, mas acabava vendo os seios fartos inclinados para baixo, deixando o decote mais à mostra.
— Não, tudo bem, eu limpo no banheiro!!
Se levantou e saiu correndo. Estava tendo uma ereção.
Quando voltou para loja de conveniência, precisava pagar pelo lanche, a rosada ainda estava lá, sentada no banco ao lado do dele e comendo um sanduíche vegetariano.
— Oi! - Ela cumprimentou ao sentir a presença dele. - Ora, não é que você deu um trato?! - Se referia a calça estar praticamente limpa, porém molhada.
— Digamos que sou bom em me manter limpo.
— Sim, mas agora parece que teve uma ereção ou algo do tipo com ela assim molhada. - Disse manhosa dando uma careta em seguida.
Sanji ficou rubro, porque tivera mesmo uma. - Esperava ao menos que me dissesse que eu tivesse mijado nas próprias calças.
Ela gargalhou e estendeu a mão. - Me chamo Perona!!
— Sanji. - Apertou a mão pequena e delicada da rosada.
Os 20 minutos de parada se passaram e assim que os dois entraram no ônibus, Perona fez um pedido.
— Será que pode se sentar ao meu lado? Sinto que o cara que está comigo é um pervertido!
Sanji pensou que ela estava pedindo pra pessoa errada, quando tivera uma ereção por conta dela há poucos minutos. Porém, se lembrou que o cara que se sentava ao seu lado também o incomodava com aquele interrogatório todo e, portanto, resolveu se sentar junto de Perona.
Assim que se sentou, Perona pousou a cabeça em seu ombro, deixando Sanji mais uma vez bem corado.
Novamente, olhou para o decote dela e se controlava ao máximo para não bater mais uma. Resolveu colocar seus fones e relaxar com alguma música.
A viagem acabou, Perona acordou e se espreguiçou. - Te incomodei?
— Não, claro que não! - Respondeu afoito e Perona riu de seu jeito, mas pegou da mochila que carregava no colo um caderno pequeno e uma caneta. Escreveu algo e puxou a folha.
— Esse é o meu telefone, caso precise de ajuda, me telefone!
Sanji pegou o pedaço de papel. - Por que está me dando seu telefone?
— Digamos que eu gostei de você, mas não sexualmente. Só sinto que você irá precisar de ajuda alguma hora e por favor, me telefona.
Sanji achou essa atitude estranha, mas guardou em sua mochila o papel. Depois se levantaram para sair do ônibus, eram os únicos que restavam.
Já era noite quando se despediram e logo depois Sanji comprou um chip para o seu celular e acessou o google maps a procura de algum hotel para ficar.
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Only
Teen FictionSanji foge de casa com apenas 16 anos, carrega consigo uma mochila com o básico para sobreviver e um coração descrentre das palavras mais tenras.